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04/11/2000 - 14h02

Suíça nega pressões para bloquear contas de Montesinos

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da France Presse
de Lima

O embaixador da Suíça em Lima, capital do Peru, Erik Martin, descartou neste sábado pressões dos Estados Unidos ou do Peru para saber se o polêmico e fugitivo ex-chefe do serviço secreto peruano, Vladimiro Montesinos, possuía contas bancárias no país.

"Excluo a hipótese de que tenham sido influências externas que levaram as autoridades suíças a agir; foi tudo por nossa própria iniciativa ante suspeitas de que ocorria algum fato irregular", declarou o diplomata à emissora RPP.

O embaixador explicou que a Suíça tomou a decisão de bloquear as contas do superassessor depois que explodiu a crise política peruana em meados de setembro com um escândalo de corrupção tendo à frente Montesinos _ quando foi divulgado um vídeo que o mostrava entregando 15.mil dólares a um parlamentar opositor para que passasse para o partido no poder.

A Suíça bloqueou sexta-feira 50 milhões de dólares em contas bancárias em Zurique em nome de Vladimiro Montesinos, segundo informação divulgada primeiramente por Lima e, depois, por Berna.

O ministro peruano da Justiça, Alberto Bustamante, adiantou que os 50 milhões de dólares bloqueados em contas bancárias em Zurique em nome de Montesinos é dinheiro sujo e designou um procurador para investigar junto com as autoridades suíças a procedência dessa soma.

Bustamante disse também que muito antes da notificação suíça, o governo investigava uma conta de 2 milhões de dólares que Montesinos possuía num banco peruano e a possível utilização indevida da razão social de duas empresas ligadas ao ex-braço direito de Alberto Fujimori, presidente do Peru.

O alto alto rendimento de Montesino, no entanto, não causava espanto ao governo enquanto ele assessorava o presidente. Ele acumulou uma fortuna de 50 milhões de dólares durante a década que esteve ligado ao poder, o que significaria um salário mensal de 400 mil dólares, cifra muito acima da recebida por um funcionário de alto escalão ou um parlamentar que é de 7.000 dólares, aproximadamente.

Os rendimentos oficiais de Montesinos foram sempre considerados "segredo de Estado" pelo governo. Em 1997 Fujimori declarou à imprensa que os rendimentos de Montesinos, provenientes de fundos do Estado, eram equivalentes a 3.000 novos soles (entre US$ 1.500 e 2.000 na época).

Em 1996, Demetrio Chávez Peñaherrera, o Vaticano, um dos narcotraficantes mais poderosos do Peru declarou a uma corte militar que chegou a pagar 50 mil dólares mensais a Montesinos durante um ano para poder sair com a droga do país. A justiça subestimou a denúncia por vir de um criminoso e desistiu de investigá-la.

Em janeiro de 1999, o procurador da nação, Miguel Aljovín, arquivou uma denúncia por suposto enriquecimento ilícito apresentada contra Montesinos pelo jornal opositor "Liberación". O jornal havia denunciado que o ex-chefe da inteligência recebia 'rendimentos mensais sistemáticos' de 180 mil dólares. O ex-assessor teria um rendimento anual de 2,16 milhões de dólares, de acordo com informes do Banco Wiese, de Lima.

O presidente Fujimori justificou na época os altos rendimentos do assessor dizendo que "era um advogado, consultor em muitos assuntos" e que possuía "um bom número de clientes".

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