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04/11/2000 - 21h30

Política externa volta a fazer parte de campanha nos EUA

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da Reuters
em São Paulo

Os atuais conflitos no Oriente Médio e o aparente atentado suicida contra um destróier norte-americano no Iêmen, no qual morreram 17 marinheiros, recolocou na pauta das campanhas presidenciais democrata e republicana um assunto que costuma ser relegado a um segundo plano nos EUA: a política externa.

Os norte-americanos passaram a dividir com o mundo, ao menos em parte, indagações sobre o que promete cada um dos candidatos, Al Gore (democrata) e George W. Bush (republicano), quando o assunto é a atuação no cenário internacional dos EUA, a potência mundial hegemônica que atua como fiel da balança, direta ou indiretamente, nos principais conflitos do globo.

O candidato democrata, vice-presidente dos EUA há oito anos, acena aos eleitores com sua experiência e promete dar continuidade aos esforços do atual governo, liderado pelo presidente Bill Clinton.

Clinton pode inscrever entre seus sucessos, por exemplo, a recente aproximação da Coréia do Norte, considerado o último regime stalinista do mundo, o acordo de paz para a Irlanda do Norte, assinado em 1998, e a saída de Slobodan Milosevic da Presidência da Iugoslávia.

Mas os últimos oito anos também oferecem munição para os republicanos. Fracassou a política de combate ao narcotráfico na Colômbia, os EUA não conseguiram impedir que o Paquistão e a Índia realizassem testes nucleares elevando a tensão no sudoeste da Ásia e, principalmente, há cerca de um mês, uma crise profunda abateu-se sobre o processo de paz no Oriente Médio - mais de 170 árabes (a maioria deles palestinos) já morreram nos conflitos mais violentos da região nas últimas semanas.

Em princípio, Bush mostrou-se incapaz de explorar os pontos negativos desse currículo e alguns se perguntam ainda hoje se o republicano está preparado quando o assunto é política internacional.

Em um artigo publicado depois do primeiro debate entre os candidatos, no dia 3 de outubro, o colunista Thomas Friedman, do "The New York Times", afirmou que o republicano não parecia nem mesmo "interessado em decorar o conteúdo de seu caderno de 'briefings' em política externa".

Bush, porém, recuperou-se no segundo encontro com Gore e revelou um perfil que deixou muitos líderes mundiais preocupados. O candidato se disse favorável à intervenção militar norte-americana apenas quando o interesse nacional estivesse em jogo, o que excluiria o engajamento em campanhas de fundo humanitário nas quais os EUA se envolveram sob o comando de Clinton.

Sendo mais específico, um assessor do republicano defendeu uma maior participação das forças européias nas intervenções internacionais e a retirada das tropas norte-americanas da Bósnia e da Província iugoslava de Kosovo. Logo, com Bush, os EUA se envolveriam menos diretamente nas questões dos demais países.

No entanto, para além das diferenças, alguns analistas preferem apontar os pontos em comum entre as propostas de governo republicana e democrata no que diz respeito à política externa.

E esses pontos não são poucos: manutenção de laços comerciais com a China, sob pressão para respeitar os direitos humanos; defesa de Israel no Oriente Médio; fomentar a oposição ao presidente iraquiano, Saddam Hussein, entre outros.

A divergência entre os analistas se repete também no Brasil. Alguns afirmam que a manutenção dos democratas no poder seria mais confortável para o país, principalmente para a área econômica do governo de Fernando Henrique. Outros, porém, argumentam que as convergências e divergências entre Brasília e Washington devem continuar inalteradas em sua essência, seja eleito na próxima terça-feira (7) Gore ou Bush.


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