Publicidade
Publicidade
05/11/2000
-
11h44
MARCIO AITH
da Folha de S.Paulo
O maior desafio do próximo presidente norte-americano será manter o crescimento econômico obtido pelo governo Clinton. Em janeiro do ano passado, os EUA atingiram a mais longa era de expansão econômica de sua história, ultrapassando o período positivo de 1961-1969, durante a Guerra do Vietnã.
Caso essa trajetória se mantenha até o final do ano, caberá ao próximo presidente, que assumirá em janeiro, comandar o processo de desaquecimento administrado da economia, iniciado em abril, sem destruir a onda de prosperidade. Ou, nas palavras dos economistas, permitir um "soft landing" (pouso suave) e impedir um choque que leve o país novamente à recessão.
Um dos dois principais instrumentos para garantir o "soft landing" não está nas mãos do presidente, mas sim do Fed (o banco central norte-americano), ao qual cabe aumentar os juros no país, reduzindo a disponibilidade da moeda e o índice de crescimento.
O outro instrumento, no entanto, está nas mãos do presidente e terá de ser usado em breve: como utilizar o superávit orçamentário do país, de quase US$ 3 trilhões, nos próximos quatro anos.
Os dois candidatos à Presidência, o republicano George W. Bush e o democrata Al Gore, têm visões diferentes sobre esse assunto. Gore quer usar o superávit para pagar a dívida pública dos EUA, representada por títulos do Tesouro norte-americano.
Bush quer que o dinheiro volte para os contribuintes, por meio de cortes de impostos. Ele acredita que a medida, além de justa, também faria bem para a economia, pois os contribuintes elevariam os índices de poupança, guardando a folga financeira para planejar o estudo dos filhos ou a aquisição de imóveis.
Lawrence Lindsey, principal assessor econômico de Bush e o maior candidato a secretário do Tesouro num eventual governo republicano, afirmou à Folha que a proposta do candidato não coloca em risco a expansão econômica dos EUA. "Não somos irresponsáveis", disse.
Na única vez em que comentou o assunto abertamente, no começo do ano, o presidente do Fed, Alan Greenspan, discordou da proposta de Bush.
Greenspan quer que o superávit seja usado para pagar a dívida pública dos EUA, hoje a maior do mundo, apesar da prosperidade econômica. "Tomar outra medida poderia enviar uma mensagem errada aos mercados", disse ele num depoimento ao Senado.
O presidente Clinton, que apóia a candidatura de Gore, critica Bush usando argumentos semelhantes aos de Greenspan. "Não é o momento para cortes de impostos. Conquistamos um orçamento equilibrado e estamos perto de conquistar o que era inconcebível até alguns anos atrás: transformar os EUA num país sem dívidas pela primeira vez desde que Andrew Jackson foi presidente, em 1835", disse Clinton.
Os Estados Unidos cresceram numa média anual de 4% nos três últimos anos e foram o motor do crescimento mundial nesse período. Patrocinando um aumento da demanda interna de 5% em 1998, consumidores e investidores norte-americanos foram responsáveis pela metade do crescimento mundial da produção em 1999.
Isso sem provocar um aumento da inflação e do desemprego no país (o menor nos últimos 29 anos).
O mundo será diretamente afetado pela maneira como o próximo presidente norte-americano lidará com esse problema. Acredita-se que, com grandes cortes de impostos, o Fed será obrigado a elevar juros para compensar um provável reaquecimento da economia.
A elevação dos juros afeta diretamente mercados emergentes como o Brasil, porque investidores tendem a tirar dinheiro desses países para comprar títulos do governo norte-americano.
Leia mais no especial Eleições nos EUA.
Leia mais notícias internacionais na Folha Online
Eleição define rumos da economia norte-americana
Publicidade
da Folha de S.Paulo
O maior desafio do próximo presidente norte-americano será manter o crescimento econômico obtido pelo governo Clinton. Em janeiro do ano passado, os EUA atingiram a mais longa era de expansão econômica de sua história, ultrapassando o período positivo de 1961-1969, durante a Guerra do Vietnã.
Caso essa trajetória se mantenha até o final do ano, caberá ao próximo presidente, que assumirá em janeiro, comandar o processo de desaquecimento administrado da economia, iniciado em abril, sem destruir a onda de prosperidade. Ou, nas palavras dos economistas, permitir um "soft landing" (pouso suave) e impedir um choque que leve o país novamente à recessão.
Um dos dois principais instrumentos para garantir o "soft landing" não está nas mãos do presidente, mas sim do Fed (o banco central norte-americano), ao qual cabe aumentar os juros no país, reduzindo a disponibilidade da moeda e o índice de crescimento.
O outro instrumento, no entanto, está nas mãos do presidente e terá de ser usado em breve: como utilizar o superávit orçamentário do país, de quase US$ 3 trilhões, nos próximos quatro anos.
Os dois candidatos à Presidência, o republicano George W. Bush e o democrata Al Gore, têm visões diferentes sobre esse assunto. Gore quer usar o superávit para pagar a dívida pública dos EUA, representada por títulos do Tesouro norte-americano.
Bush quer que o dinheiro volte para os contribuintes, por meio de cortes de impostos. Ele acredita que a medida, além de justa, também faria bem para a economia, pois os contribuintes elevariam os índices de poupança, guardando a folga financeira para planejar o estudo dos filhos ou a aquisição de imóveis.
Lawrence Lindsey, principal assessor econômico de Bush e o maior candidato a secretário do Tesouro num eventual governo republicano, afirmou à Folha que a proposta do candidato não coloca em risco a expansão econômica dos EUA. "Não somos irresponsáveis", disse.
Na única vez em que comentou o assunto abertamente, no começo do ano, o presidente do Fed, Alan Greenspan, discordou da proposta de Bush.
Greenspan quer que o superávit seja usado para pagar a dívida pública dos EUA, hoje a maior do mundo, apesar da prosperidade econômica. "Tomar outra medida poderia enviar uma mensagem errada aos mercados", disse ele num depoimento ao Senado.
O presidente Clinton, que apóia a candidatura de Gore, critica Bush usando argumentos semelhantes aos de Greenspan. "Não é o momento para cortes de impostos. Conquistamos um orçamento equilibrado e estamos perto de conquistar o que era inconcebível até alguns anos atrás: transformar os EUA num país sem dívidas pela primeira vez desde que Andrew Jackson foi presidente, em 1835", disse Clinton.
Os Estados Unidos cresceram numa média anual de 4% nos três últimos anos e foram o motor do crescimento mundial nesse período. Patrocinando um aumento da demanda interna de 5% em 1998, consumidores e investidores norte-americanos foram responsáveis pela metade do crescimento mundial da produção em 1999.
Isso sem provocar um aumento da inflação e do desemprego no país (o menor nos últimos 29 anos).
O mundo será diretamente afetado pela maneira como o próximo presidente norte-americano lidará com esse problema. Acredita-se que, com grandes cortes de impostos, o Fed será obrigado a elevar juros para compensar um provável reaquecimento da economia.
A elevação dos juros afeta diretamente mercados emergentes como o Brasil, porque investidores tendem a tirar dinheiro desses países para comprar títulos do governo norte-americano.
Leia mais notícias internacionais na Folha Online
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice