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05/11/2000 - 11h56

Tradição masculina torna Hillary azarão em disputa para o Senado

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo

Segundo as pesquisas eleitorais mais recentes, a democrata Hillary Clinton apresenta ligeira vantagem sobre o republicano Rick Lazio, com os dois candidatos sempre empatados levando-se em conta a margem de erro.
Pois reside aí a única vantagem dela em relação ao deputado federal de Long Island: só o fato de ser mulher já torna a primeira-dama um azarão natural nestas eleições norte-americanas.

Desde que o primeiro Congresso foi instituído, em 1789, 11.587 pessoas já foram eleitas. Destas, apenas 197 eram mulheres -e somente 27 entre elas ganharam cadeira no Senado, como a que Hillary Clinton disputa agora pelo Estado de Nova York.

Na atual legislatura, a 106ª, que se encerra no final deste ano, 9 dos 100 senadores eleitos e 56 dos 435 deputados federais são mulheres.
Isso dá 12% dos 540 membros. Apesar de ser o maior número da história, ainda é proporcionalmente discrepante: 54% dos eleitores são mulheres. De resto, o cenário em Washington não é nada feminino.

A primeira congressista, Jeanette Rankin, só foi eleita em 1917 - um feito, pois as mulheres nem sequer podiam votar naquele ano. Dos 50 Estados norte-americanos, 26 não têm mulheres representando-os no atual Congresso. E seis (Alasca, Delaware, Iowa, Mississipi, New Hampshire e Vermont) nunca tiveram.

Para piorar, elas são 52% da população, mas só têm o direito de voto desde 1920, graças à 19ª Emenda da Constituição e aos então 72 anos do movimento sufragista feminino.

Executivo
No Poder Executivo, atualmente comandado pelo marido de Hillary, a situação não é melhor. Entre os 42 presidentes, nunca houve uma mulher, nem mesmo concorrendo por um dos dois maiores partidos. Na verdade, nunca houve sequer uma vice-presidente.

Para se ter uma idéia, a primeira candidata a vice é de 1984, quando o postulante democrata Walter Mondale indicou Geraldine Ferraro como sua companheira de chapa. A dupla perdeu para Ronald Reagan e George Bush.

Já no secretariado, a primeira a obter um posto foi Frances Perkins, secretária do Trabalho com Franklin Delano Roosevelt, em 1933. Desde 1789, a Presidência teve só 21 mulheres no primeiro escalão, ou 4,3% de todos os secretários na história do país.

A mulher que obteve o mais alto cargo no Executivo norte-americano é Madeleine Albright, atual secretária de Estado de Bill Clinton, nomeada em 1996.

Entre os dirigentes dos 50 Estados há três governadoras (Nova Jersey, New Hampshire e Arizona). Somente 16 estiveram nessa função desde que Nellie Tayloe Ross assumiu o governo do Wyoming em 1925, vago após a morte de seu marido.

Rejeição entre iguais
Mas não é pelo fato de as mulheres serem 54% do eleitorado também em Nova York que Hillary pode se sentir confortável. Apesar de ser a preferida de 9 entre 10 eleitoras negras do Estado e de 7 em cada 10 eleitoras de Manhattan, ela encontra alta rejeição nas eleitoras que trabalham fora.

O grupo a recrimina por sua atitude depois do escândalo Monica Lewinsky. Ter desculpado o marido e não ter se separado dele pesam contra sua candidatura entre essas mulheres, indica pesquisa do jornal "Newsday" e da emissora Warner.

Mas, segundo tese da faculdade de ciências políticas da Universidade de Siracusa, divulgada na semana passada, as nova-iorquinas tendem a votar em mulheres, em primeiro lugar, e em democratas em segundo, o que dá duplo escore para a primeira-dama.

Isso quando aparecem para votar. Aí, não há distinção de gênero. Nas últimas eleições realizadas nos EUA, em novembro de 1998, 72,5 milhões de um total de 201 milhões de eleitores registrados, foram às urnas. Os outros 64% ficaram em casa.


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