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07/11/2000 - 08h55

Candidato republicano luta para fugir da sombra do pai

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SYLVIE KAUFMANN
do "LE MONDE"
da Folha de S.Paulo

O governador do Texas e candidato republicano à Presidência dos EUA, George W. Bush, 54, conseguirá libertar-se da sombra de seu pai, George Bush, que ocupou a Casa Branca de 1989 a 1993?

Trata-se de uma questão crucial para as esperanças de Bush, que, após receber a indicação do partido, em agosto, afirmou "que tinha orgulho de ser filho de Bush 'pai'". Desde então, no entanto, Bush "pai" e sua mulher, Barbara, mantiveram-se mais discretos.

Aos 54 anos, Bush "filho" é, na realidade, um político bem diferente do que foi seu pai. Quando jovem, parecia assombrado pela idéia de seguir os passos do pai. Ao entrar para a Guarda Nacional do Texas, conseguiu evitar a Guerra do Vietnã e não se tornou herói de guerra, como foi seu pai durante a 2ª Guerra.

Bush tentou eleger-se deputado pelo Texas em 1978, mas, diferentemente de seu pai, não foi eleito.

Quando, depois de estudar em Yale e na Harvard Business School, decidiu entrar no mundo dos negócios, escolheu a indústria petrolífera, como seu pai. No entanto a conjuntura econômica dos anos 80 não era boa, e ele não obteve o sucesso esperado.

Foi nessa época que ganhou a reputação de gostar de grandes festas e ser um "jovem irresponsável", segundo suas próprias palavras.

Em 1986, pressionado por sua mulher, Laura, uma educadora pragmática, Bush abandonou o álcool e as festas. No ano seguinte, seu pai, que se preparava para a eleição de 1988, chamou-o para trabalhar em Washington. Foi o início de sua redenção.

Em Washington, ele aprendeu a gostar de política e melhorou sua relação com seu pai. Além disso, Bush mostrou-se bastante útil, pois era mais duro, mais conservador e mais político - em relação ao eleitorado - que seu pai.

Os dois homens têm personalidades bastante diferentes. Enquanto Bush "pai" é elitista e reservado, nos moldes da Nova Inglaterra (nordeste do país), Bush "filho" sofreu mais influência do Texas, onde cresceu e do qual adotou, além do sotaque, o temperamento, o modo franco e direto de agir e a simplicidade.

Extrovertido e cheio de charme, Bush é, como Bill Clinton, um homem que gosta de apertos de mão, contato com os eleitores.

Quando voltou ao Texas, Bush tornou-se acionista de uma equipe de beisebol: Texas Rangers.

Bush obteve, finalmente, o sucesso que procurava, criou raízes no Estado e, em 1994, foi eleito governador, derrotando a democrata e popular Ann Richards.

Quando conseguiu a reeleição, em 1998, com 65% dos votos, a classe política norte-americana passou a prestar mais atenção em Bush, e sua redenção foi total.

Em seguida, o eleitorado norte-americano cansou-se da política tradicional, e o Partido Republicano teve de pagar o preço da "revolução conservadora" - encabeçada por Newt Gingrich, em 1995 - e da patética campanha presidencial de Bob Dole (1996).

Com o escândalo do caso Monica Lewinsky (1998-1999), ficou claro que a política dos EUA necessitava de sangue novo. Dentro do Partido Republicano, ficou ainda mais evidente que o sangue novo deveria vir de um grupo de governadores moderados e pragmáticos, que eram os precursores de um novo conservadorismo. E Bush era um deles.

Foi quando o governador do Texas mostrou talentos táticos quase desconhecidos do grande público. Mais tarde, durante as primárias de seu partido, chegou a aproximar-se da direita para derrotar John McCain, para depois voltar a sua tática inicial de ser um candidato sorridente, moderado (de centro).

Só cometeu um erro durante sua campanha: proferiu uma palestra na Universidade Bob Jones, um estabelecimento ultraconservador e favorável à segregação racial. Apesar disso, mostrou desenvoltura nos debates na TV e provou saber expor sua visão sobre assuntos internos e externos.


  • Leia mais no especial Eleições nos EUA.
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