Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/11/2000 - 14h41

Helmut Kohl publica diário para esclarecer escândalo

Publicidade

da Reuters
em Berlim

Helmut Kohl -que certa vez garantiu que nunca escreveria um livro depois de deixar o cargo de chanceler da Alemanha- está para publicar dois livros.

Kohl, que enfrenta acusações de desvio de dinheiro, disse que escrever suas memórias o obrigaria a mentir ou a se indispor com todos os personagens de seu livro.

Mas agora o homem forçado a renunciar do posto de presidente honorário do partido União Democrata Cristã (CDU), liderado por ele durante 25 anos, vai apresentar sua versão dos fatos relacionados ao escândalo de fundos que devastou os cristãos-democratas.

O primeiro livro, chamado simplesmente de "Helmut Kohl, My Diary, 1998-2000" ("Helmut Kohl, Meu Diário"), começará a ter trechos publicados em jornais antes do lançamento oficial, marcado para 27 de novembro. Deve abrir novas feridas no escândalo. Um segundo livro de memórias deve sair dentro de um ano.

"O diário de Kohl é um acerto de contas emocionante e extremamente honesto sobre o que ele passou nos últimos dois anos", disse Kai Diekmann, editor do jornal diário "Welt am Sonntag", que vai publicar os primeiros extratos do livro no domingo (19).

"Está cheio de surpresas", disse Diekmann. "Mostra suas emoções, como ele sofreu durante o episódio. É surpreendente a maneira aberta, direta e honesta com que Kohl descreve os eventos."

Diekmann disse que Kohl, de 70 anos, receberia um "pagamento padrão" pelos trechos publicados mas recusou-se a dizer a soma. O editor do livro disse que 100 mil cópias seriam lançadas.

Kohl, que já admitiu descumprir a lei ao aceitar US$ 1 milhão em contribuições ilegais, pagou 300.000 dólares de seu próprio dinheiro em abril ao CDU para ajudar a pagar as multas e anunciou no mesmo tempo que havia mudado de idéia sobre escrever um livro.

Ele também hipotecou sua casa e levantou um empréstimo de 3 milhões de dólares para ajudá-lo a pagar a multa de 20 milhões de dólares.

"Eu cometi um erro e fui punido por causa disso," Kohl disse ao "Welt am Sonntag". "Mas a relação do erro cometido e das punições feitas saiu do controle. Agora (a punição) virou uma tentativa de desacreditar meus 16 anos no cargo (de chanceler). Virou uma tentativa de me criminalizar e humilhar. Eu também fui brutalmente atacado pela mídia. Eu só consegui sobreviver a isso graças às conversas diárias que mantinha com meu diário."

Kohl foi derrotado pelo atual chanceler Gerhard Schroeder em setembro de 1998. O escândalo da campanha financeira surgiu em novembro de 1999, dias depois que Kohl foi festejado como o maior governante europeu no 10º aniversário da queda do Muro de Berlim.

Kohl vai aparecer em propagandas na televisão anunciando os trechos do livro publicados no jornal. Ele sorri silenciosamente para a câmera enquanto aparece a seguinte frase na tela: "Tudo o que ele tem a dizer ele escreveu em seu diário".
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página