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22/11/2000 - 17h01

Japão não deve abandonar Fujimori

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da France Presse
em Tóquio

O Japão não abandonará na adversidade Alberto Fujimori, o filho de imigrantes que conquistou a Presidência do distante Peru em 1990, destituído do cargo 72 horas depois de ter anunciado a renúncia, durante uma visita a Tóquio.

Fujimori chegou a dizer durante uma breve entrevista à imprensa em Tóquio que prolongaria a permanência na capital mas sem pedir asilo político.

"Se pedir para ficar, o governo examinará logo a demanda", afirmou hoje o secretário geral do Governo nipônico, Yasuo Fukada.

Apesar das suspeitas que pesam sobre, Fujimori não deverá sofrer os rigores da política japonesa de imigração que faz do arquipélago um país particularmente hermético aos fluxos migratórios.

E isto não agrada a todo o mundo. "O Japão será certamente criticado se proteger Fujimori permitindo que se instale no país", disse Kazuro Umezu, professor de Política Internacional da Universidade Nagóia Gakuin.

"Apesar destes inconvenientes, na medida em que o Japão sempre apoiou Fujimori, será provavelmente autorizado a ficar, invocando-se o respeito a sua decisão pessoal em nome dos direitos humanos", explicou Umezu.

Em função do direito de sangue inscrito na legislação japonesa, Alberto Fujimori, filho de uma família que vivia em Kumamoto (sul) e que foi para o Peru, não precisa reclamar asilo político.

Seu sobrenome foi inscrito por seus pais três meses depois do nascimento no registro de seus antepassados, o "koseki", pelo que lhe bastará pedir a naturalização.

Além disso, Umezu recordou que o Japão tem uma dívida para com Fujimori, depois do desenlace espetacular da tomada de reféns em dezembro de 1995 na residência do embaixador do Japão em Lima.

Dia 22 de abril de 1996, depois de quatro meses de cerco ao palácio do governo, tomado de assalto por membros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, Fujimori dirigiu as tropas de elite que efetuaram o ataque, conseguindo libertar 71 reféns sãos e salvos, muitos deles japoneses. Quatorze rebeldes morreram na operação, assim como um refém e dois soldados.

Umezu também recordou que enquanto o essencial da ajuda pública ao desenvolvimento proveniente do Japão tenha sido tradicionalmente dirigida à Ásia, Tóquio deu mostras ao Peru de uma generosidade incomum, mais motivada pelas relações sanguíneas com Fujimori que pelo estrito interesse econômico.

Durante os oito anos posteriores a 1991, o Japão concedeu ao Peru empréstimos de 302 bilhões de ienes (US$ 2,75 bilhões), 17 vezes mais que os US$ 17,1 bilhões repassados nos dez anos anteriores, segundo o livro branco de 1999 do Ministério japonês de Relações Exteriores.

Em 1998, o Peru era o segundo país receptor de créditos públicos japoneses da América Latina, atrás da Guatemala, com uma ajuda avaliada em 3,8 bilhões de ienes (US$ 35 milhões).

Os investimentos diretos japoneses no Peru conheceram também um crescimento espetacular durante o regime de Fujimori.

Segundo o governo japonês, tratava-se simplesmente de apoiar as reformas positivas empreendidas pelo ex-presidente.

Clique aqui para ler especial sobre o governo Fujimori


 

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