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27/11/2000 - 16h17

Vice de Gore ganha independente do resultado

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da Reuters
em São Paulo

Na controversa eleição presidencial dos EUA, pelo menos uma pessoa garantiu seu lugar ao sol, independentemente de qual fosse o resultado final da recontagem manual de votos do Estado da Flórida.

Joseph Lieberman, candidato à vice-presidência na chapa do democrata Al Gore, concorreu à Casa Branca e ao Senado ao mesmo tempo _uma manobra malvista pelos seus próprios correligionários, que a classificaram de ``egoísta'' quando foi anunciada sua dupla candidatura, em meados de outubro.

No entanto, o ``egoísmo'' parecer ter sido uma boa saída, considerando a novela na qual se transformou a disputa entre Gore e o republicano George W. Bush, declarado ontem pelo Estado da Flórida como o vencedor da eleição com uma liderança de 537 votos. O resultado, no entanto, já está sendo contestado na Justiça pela campanha democrata, o que pode arrastar o entrave até meados de dezembro.

Para alguns analistas políticos, depois de um mês de batalhas judiciais, recontagens manuais de votos, discursos magoados e até mesmo sutis acusações de fraude, o próximo presidente dos EUA, seja ele Gore ou Bush (supondo que o democrata ainda possa reverter o quadro), deverá ter pouca legitimidade, pois o presidente da maior potência do mundo corre o risco de ser visto como um garoto que tomou a liderança na base da birra.

``Às vezes, quando duas crianças brigam por um brinquedo, elas se batem, berram e lutam até que um adulto intervenha e premie uma das duas com o tão disputado brinquedo. Na maioria das vezes, o brinquedo acaba quebrado e o vencedor fica tão triste e amargurado quanto o perdedor'', afirmou o editor da revista Time, Eric Pooley, num artigo publicado na semana passada.

``É óbvio que o vencedor da eleição enfrentará sérios problemas de ilegitimidade e falta de poder presidencial'', acrescentou.

Sendo assim, se Gore promover a grande reviravolta no cenário atual da disputa presidencial nos EUA, Lieberman terá de abrir mão de sua vaga no Senado para se juntar ao próximo governo, que precisará galgar muitos degraus até recuperar a seriedade.

Por outro lado, terá sido o primeiro judeu ortodoxo a ser convidado a concorrer à posição de segundo homem mais importante dos EUA. O que lhe dá, no mínimo, prestígio na comunidade judaica norte-americana, um público formador de opinião e considerável poder aquisitivo.

Se Bush detiver a posição de presidente do país, Lieberman vai ao Senado depois de ter sido eleito em Connecticut com 91% dos votos sobre o rival republicano Philip Giordano, e mantém um cargo público. Em qualquer um dos casos, não tem nada a perder.

``Um senador nos EUA tem prestígio e representatividade política. Mas o vice-presidente é líder do Congresso norte-americano. É difícil julgar qual posição é mais vantajosa para ele (Lieberman) neste momento, mas, sem dúvida, ele sai ganhando de qualquer maneira'', disse Antônio Carlos Mendes, cientista político, à Reuters.

Para o diretor do Núcleo de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, professor José Augusto Guilhon, Lieberman desfruta de uma posição neutra em meio à batalha eleitoral, justamente porque seu cargo não está em jogo. ``Os comentários dele acabam sendo vistos pela opinião pública como mais independentes, exatamente porque a posição dele não tem de ser decidida.''

``Lieberman foi convidado para concorrer como vice de Gore depois de já ter iniciado sua campanha ao Senado e é reconhecido pelo eleitorado como uma pessoa honesta'', disse Guilhon. ``Lieberman já tem apoio da opinião pública e garante renome.''

Lieberman foi eleito ao Senado pela primeira vez em 1988 e conquistou destaque em setembro de 1998, ao ser o primeiro democrata a denunciar o caso do presidente Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinsky como moralmente errado.

A nomeação de Lieberman como vice de Gore foi tida por analistas políticos como uma decisão estrategicamente sábia ao dar à candidatura democrata um tom centro-moralista, já que Lieberman é reconhecido por sua postura conservadora, dedicação à família e batalhas contra violência e sexo na mídia.

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