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06/12/2000 - 20h42

Barak vive conflito com judeus ultraortodoxos

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da France Presse
em Jerusalém

O primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, estava hoje diante de outro conflito politicamente explosivo, o da dispensa do serviço militar para os judeus ultraortodoxos.

De novo nos debates, esse problema poderia, inclusive, ser utilizado com fins políticos nesse período de intensas negociações, prévias às eleições antecipadas, que devem acontecer em maio próximo.

Retomando a expressão do diário israelense Haaretz, Barak tinha "tirado o diabo de sua caixa" no ano passado, ao prometer, durante sua campanha eleitoral que o levou à vitória, de obrigar os jovens judeus ultraortodoxos de prestar serviço militar, como fazem todos os outros israelenses.

Até agora, os ultraortodoxos estão dispensados do serviço militar graças a um acordo feito nos anos 50 pelo fundador do Estado judeu, David Ben Gurion.

Naquela ocasião, esse acordo beneficiava somente a algumas centenas de jovens. Mas, "agora, envolve 30.000 pessoas, às quais se somam anualmente entre 3.000 e 4.000", explicou Shahar Ilan, autor do livro "Os ortodoxos, uma sociedade de responsabilidade limitada".

O serviço militar obrigatório em Israel é de três anos para os homens e de 19 meses para as mulheres. Além disso, os homens, são obrigados até os 49 anos de idade a cumprir períodos de reservistas de um mês por ano.

O privilégio dos ultraortodoxos está gerando um crescente ressentimento na sociedade israelense e alimenta as divisões entre laicos e religiosos. Em parte, explica a vitória de Barak nas eleições de maio de 1999.

Em dezembro de 1998, A Suprema Corte considerou "ilegal" essa isenção automática das obrigações militares para os ultraortodoxos.

Depois de vários adiamentos, deu prazo até domingo próximo (10) aos deputados para votar a lei e suprimir esse privilégio. E, a partir da semana que vem, a polícia militar está teoricamente capacitada para deter os rebeldes ortodoxos.

Estes, além disso, estão ameaçados de perder os importantes subsídios do Estado que recebem atualmente se estudam em colégios talmúdicos (religiosos).

"O Exército não está equipado para isso. Seus incidentes com os rebeldes são muito poucos por ano", declarou Shahar Ilan.

Esse também é o ponto de vista de Barak, que provavelmente se deu conta de que cumprir com sua promessa eleitoral poderia levá-lo a um conflito maior com a minoria ultraortodoxa.

Segundo um de seus próximos, citado hoje pelo diário Haaretz mas guardando o anonimato, Barak afirmou na noite de ontem, durante consultas com o chefe do Estado-maior, o general Shaul Mofaz, que prefere "evitar o conflito ou uma guerra civil com os ortodoxos".

E para por fim a esse debate, o Exército israelense pedirá à Suprema Corte que adie novamente a aplicação de sua decisão de dezembro de 1998, indicou o vice-ministro israelense da defesa, Efraín Sneh.

"Não se pode receber assim de repente 30.000 reservistas", afirmou à rádio pública para justificar essa mudança de idèia, que somente pode aumentar o descontentamento da corrente laica, já bastante decepcionada com Barak.

Mas, segundo o diário Maariv, que cita uma fonte política, Barak poderia utilizar esse assunto para pressionar os partidos ortodoxos com o propósito de se manter no poder.

Segundo essa fonte, Barak estaria disposto a prorrogar o privilégio dos ultraortodoxos se os partidos que representam esse setor aceitem votar em segunda leitura contra a lei de autodissolução da Knesset (Parlamento), aprovada pela primeira vez a 29 de novembro. Isso significa, de concreto, votar contra as eleições antecipadas.

Em todo caso, o líder do partido ortodoxo sefardita Shass (17 deputados), Eli Yishai, assegurou à rádio israelense que não vai aceitar essa "negociata".

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