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13/12/2000 - 10h43

Japão nega ter protegido Fujimori com nacionalidade

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da France Presse
em Tóquio

O governo japonês declarou hoje que não protege o ex-presidente peruano Alberto Fujimori e que não o ajudou a descobrir que possui nacionalidade nipônica, informou um funcionário do governo em Tóquio.

"Em primeiro lugar, o governo japonês não está protegendo Fujimori", afirmou o funcionário do Ministério das Relações Exteriores, que pediu o anonimato. "Somente estamos confirmando um fato: se possui ou não a nacionalidade japonesa. Jamais criaríamos estrategicamente uma segunda nacionalidade para ele."

Ontem o governo japonês confirmou que Fujimori tem nacionalidade japonesa porque seus pais, que emigraram do Japão para o Peru nos anos 30, registraram seu nascimento no consulado do Japão em Lima (capital do Peru), em 1938, e apresentaram um pedido para que o bebê tivesse a nacionalidade de seus pais.

O funcionário da embaixada japonesa deu as declarações enquanto se temia que o anúncio de Tóquio provocasse uma onda de ressentimentos contra os imigrantes japoneses no Peru e os peruanos de descendência nipônica.

A decisão das autoridades japonesas causou consternação em Lima, onde a revelação de que Fujimori possui dupla nacionalidade colocou em dúvida a legitimidade das leis e decisões adotadas durante seu mandato.

Sandro Fuentes, um advogado que defendeu a Fujimori em 1997 quando circularam rumores de que havia nascido em Japão, o anúncio das autoridades está criando um sentimento antinipônico no Peru. "O Japão deveria estar consciente de que seus argumentos para proteger um indivíduo específico têm um impacto na comunidade nipônica no Peru", declarou Fuentes.

O jornalista Alejandro Sakuda, autor de um livro sobre cem anos de imigração japonesa na nação andina, concorda com o advogado. Ele disse que os comerciantes de descendência japonesa e os empresários têm motivos para temer represálias. "O governo do Japão pode estar provocando isto, o que é lamentável", afirmou.

Em março deste ano, havia 2.620 japoneses trabalhando no Peru, em sua maioria, empregados de empresas japonesas e diplomatas, de acordo com a embaixada japonesa. Além disso, há cerca de 41 mil peruanos com descendência japonesa.

O Japão já entrou em contato com o governo peruano para manifestar sua preocupação por sua segurança, afirmou um responsável do Ministério de Relações Exteriores.

Pouco antes, Fujimori disse que a confirmação de que possui nacionalidade japonesa o fazia se sentir seguro, pois ele acreditava que sua integridade física estava ameaçada. "Minha primeira reação ao escutar a notícia foi me sentir seguro e melhor disposto para esclarecer as informações que põem em dúvida minha honra", disse Fujimori em uma declaração escrita. O ex-presidente peruano está no Japão desde o último dia 17.

Fujimori renunciou à Presidência no dia 19 de novembro, apresentando um carta enviada por fax de Tóquio, país onde havia feito escala depois de participar do Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico em Brunei.

Os deputados peruanos votaram a favor da destituição de Fujimori no dia 21 de novembro devido à sua "incapacidade moral" para governar.


Clique aqui para ler especial sobre o governo Fujimori
 

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