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07/01/2001 - 12h06

Milionário populista vence eleição na Tailândia

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AP

Thaksin Shinawatra, que venceu a eleição na Tailândia

da France Presse
em Bancoc (Tailândia)

A ampla vitória eleitoral do controvertido milionário populista Thaksin Shinawatra nas eleições legislativas de hoje, na Tailândia, converteu-se numa revanche popular depois da humilhação nacional surgida da crise de 1997.

Seu partido obteve mais de 200 das 500 cadeiras do parlamento em eleições marcadas por uma alta taxa de participação.

"Os eleitores estavam dispostos a aceitá-lo como um sinal de que já não podiam suportar por mais tempo a incapacidade do atual primeiro-ministro Chuan Leekpai e de seu Governo para tirar o país da recessão", publica hoje o jornal "Bangkok Post".

Thaksin construiu sua campanha eleitoral com promessas de superar a crise, fazendo propostas demagógicas, segundo os críticos, como a distribuição de um milhão de baths (US$ 25 mil) para cada um dos 77 mil povoados da Tailândia e uma moratória de três anos para a dívida agrícola. Só o nome de seu partido já dá o tom da demagogia: "Os tailandeses amam os tailandeses" (Thai Rak Thai, TRT).

Mas o magnate das telecomunicações não foi o único a lançar mão desses artifícios. "Nacionalismo sim, xenofobia não", foi o tom dado à campanha pelo jornal "The Nation", ligado aos círculos intelectuais de esquerda.

Os temas patrióticos ocuparam boa parte os manifestos dos partidos, dentro de um panorama político com pouco peso ideológico.

Muito criticado nos círculos econômicos ocidentais, o programa econômico do TRT preconizava as subvenções maciças aos desfavorecidos, o que aumentará ainda mais a dívida pública (mais da metade do produto interno bruto, PIB).

"Que importam as críticas estrangeiras?", responde Thaksin, que prometeu aos tailandeses dirigir o país como fez com seu império das telecomunicações, como se fosse o presidente da "Thailand Incorporated", impondo o estilo e a eficácia dos "tycoons" (magnatas) à estática burocracia.

Uma parte do patronato se declara abertamente nacionalista. São as grandes familias de empresários sino-tailandeses, classe influente por excelência, à qual pertence Thaksin.

O magnata soube explorar de maneira hábil o vazio político deixado pelos democratas durante os últimos anos, quando pareceram perder todo interesse em realizar as reformas que eles mesmo empreenderam.

Chuan Leekpai, o atual primeiro-ministro, pagou pelo descuido dos problemas sociais e o empobrecimento dos camponeses, e de uma parte da classe média. Entre 1997 e 2000, o nível de pobreza passou de 11,4% a 16%. Não é de surpreender que, nessas condições, nacionalismo e populismo se uniram devido ao mal-estar social e incertezas econômicas.

Além disso, havia o orgulho tailandês ferido pela crise, uma vez que o povo que exalta o fato de nunca ter sido colonizado, ao contrário de seus vizinhos da Indochina e Myanma (Ex-Birmânia, sul da Ásia).

O ressentimento, às vezes violento quanto ao estrangeiro, cristalizou-se no plano de saneamento econômico imposto por um FMI "neocolonialista" depois da desvalorização do baht em julho de 1997.

O governo liberal de Chuan Leekpai foi acusado de ter "vendido o país aos estrangeiros".

 

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