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23/01/2001 - 13h55

Imigrantes ilegais protestam na Espanha

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da France Presse
em Barcelona (Espanha)
Pelo menos 500 imigrantes sem documentos, exibindo cartazes com frases do tipo "Regularização ou morte", prosseguem hoje uma greve de fome na igreja Santa María del Pi, em Barcelona, devido à entrada em vigor da nova lei de estrangeiros que ameaça expulsá-los do país.

A legislação que entra em vigor hoje representa um risco quase imediato de expulsão para cerca de 30 mil imigrantes, cujas solicitações para conseguir um visto de residência ou de trabalho foram rejeitadas durante o processo extraordinário de regularização aberto pelo governo entre 21 de março e 31 de julho de 2000.

A nova lei tem como objetivo, segundo o governo, adequar as normas espanholas às européias no âmbito dos direitos dos estrangeiros e da imigração. Entretanto, para as associações de imigrantes, a única coisa que se faz é acabar com uma lei mais generosa e progressista, aprovada há um ano. Essa ameaça provocou uma mobilização dos imigrantes sem papéis, que há vários dias realizam manifestações para pedir sua legalização.

A manifestação acontece em uma igreja localizada próximo à catedral de Barcelona. "Quando começamos, no sábado passado (20), éramos 265. Chegaram mais de cem no domingo (21) e outros cem ontem. Não podemos acolher mais pessoas", afirmou uma responsável da coordenação desse movimento de protesto.

Um clandestino paquistanês que pediu para não ser identificado, não come nada desde domingo e jura que irá "até as últimas consequências, até a morte, se necessário" para obter um visto permanente na Espanha. "A fome não é algo novo para mim. Desde que estou na Espanha, aprendi a conviver com ela. Geralmente passo dias inteiros sem comer", afirma o grevista que exibe um cartaz com a inscrição "Ninguém é ilegal".

O clandestino de 25 anos, chegou há dois à Espanha vindo da Áustria e da Alemanha. Militante da Liga Muçulmana, afirma que partiu de Lahore devido à perseguição do Exército, que, segundo ele, ameaça os membros de sua formação política, apesar desta ser legal e apoiar o governo. Seu pedido de regularização foi rejeitado em dezembro passado.

Na igreja encontram-se estrangeiros de todas nacionalidades, de marroquinos e paquistaneses a equatorianos e colombianos. A maioria dos clandestinos não acredita no discurso do governo do Partido Popular (PP, direita), que aconselha aos imigrantes irem embora para depois voltar legalmente para o país.

"Quem vai acreditar nisso? Se formos embora, não vão nos deixar entrar de novo. Além disso, ficaria muito caro. Já que estamos aqui, por que ir embora para depois voltar? Só queremos ter o direito de viver como todos os seres humanos. Não somos um peso para a Espanha. Queremos pagar impostos. Somos trabalhadores e não ladrões", diz o paquistanês.

O ministro do Interior Jaime Mayor Oreja afirmou hoje que não ordenará "a caça e captura dos imigrantes", enfatizando que as forças de segurança não receberam instruções específicas sobre a vigência do novo texto.

Oreja também descartou a possibilidade de se abrir um novo processo extraordinário de regularização. Em compensação, afirmou que seu ministério negociará acordos bilaterais com os principais países envolvidos - Marrocos, Equador e Polônia - para estabelecer cotas de imigração legais em função das necessidades do mercado de trabalho espanhol.
 

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