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11/06/2000
-
11h41
PAULO DANIEL FARAH
da Folha de S. Paulo
A morte do presidente Hafez al Assad, que defendia uma posição conjunta de Estados árabes na negociação com Israel e reivindicava a devolução total de terras ocupadas, traz incertezas para o processo de paz no Oriente Médio.
O sucessor do "leão" (significado de Assad) de Damasco, Bachar al-Assad, deve priorizar as questões internas, como as reformas econômicas, e tentar garantir a estabilidade do país. Em entrevista ao jornal "Al Hayat", disse que esperava a entrada de "elementos jovens" no governo.
O filho do líder sírio afirmou ainda que o país precisava de "homens experientes" para "reduzir a corrupção e modernizar a administração". Adepto das inovações tecnológicas, é o responsável pela difusão da Internet na Síria. Em abril, patrocinou a "Síria 2000", exposição de telecomunicações e informática em Damasco.
Sua campanha anticorrupção incluiu o premiê Mahmud Zubi, que teria cometido suicídio após o início de seu julgamento.
Bachar estudou medicina na Síria e se especializou em oftalmologia no Reino Unido. Após a morte de seu irmão Bassel, em 1994, assumiu a dianteira na linha sucessória do presidente da Síria.
Al Assad chamou seu filho de volta da Europa e o fez comandante de uma divisão do Exército. Iniciou-se um intenso esforço de marketing para popularizar a imagem de Bachar, enquanto seu pai atuava nos bastidores para garantir uma sucessão pacífica.
Em 1997, o rosto de Bachar passou a figurar em cartazes que se referiam a Bassel como "o exemplo" e a ele como "o futuro".
Nos últimos anos, o herdeiro sírio assumiu um papel cada vez maior em assuntos de Estado. Em diversas ocasiões, representou seu pai em reuniões com presidentes como Emile Lahoud (Líbano) e Jacques Chirac (França).
Bachar, 34, terá de garantir agora uma coalizão interna forte junto ao governista partido Baath (renascimento, em árabe), de ideologia socialista e secular.
Uma guinada no processo de paz, estagnado, não deve ocorrer no curto prazo. A retirada israelense do sul do Líbano, após 22 anos de ocupação, trouxe novas regras para o diálogo regional.
As negociações foram suspensas em janeiro depois de Israel insistir em manter parte das colinas do Golã (conquistadas em 1967), para ter acesso ao mar da Galiléia.
Resta saber se Bachar, mais uma liderança jovem a despontar no cenário árabe (após as recentes trocas de poder na Jordânia e em Marrocos), com promessas de abertura política, vai trazer sangue novo para a busca da paz.
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Análise: Sucessão na Síria deve atrasar processo de paz
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A morte do presidente Hafez al Assad, que defendia uma posição conjunta de Estados árabes na negociação com Israel e reivindicava a devolução total de terras ocupadas, traz incertezas para o processo de paz no Oriente Médio.
O sucessor do "leão" (significado de Assad) de Damasco, Bachar al-Assad, deve priorizar as questões internas, como as reformas econômicas, e tentar garantir a estabilidade do país. Em entrevista ao jornal "Al Hayat", disse que esperava a entrada de "elementos jovens" no governo.
O filho do líder sírio afirmou ainda que o país precisava de "homens experientes" para "reduzir a corrupção e modernizar a administração". Adepto das inovações tecnológicas, é o responsável pela difusão da Internet na Síria. Em abril, patrocinou a "Síria 2000", exposição de telecomunicações e informática em Damasco.
Sua campanha anticorrupção incluiu o premiê Mahmud Zubi, que teria cometido suicídio após o início de seu julgamento.
Bachar estudou medicina na Síria e se especializou em oftalmologia no Reino Unido. Após a morte de seu irmão Bassel, em 1994, assumiu a dianteira na linha sucessória do presidente da Síria.
Al Assad chamou seu filho de volta da Europa e o fez comandante de uma divisão do Exército. Iniciou-se um intenso esforço de marketing para popularizar a imagem de Bachar, enquanto seu pai atuava nos bastidores para garantir uma sucessão pacífica.
Em 1997, o rosto de Bachar passou a figurar em cartazes que se referiam a Bassel como "o exemplo" e a ele como "o futuro".
Nos últimos anos, o herdeiro sírio assumiu um papel cada vez maior em assuntos de Estado. Em diversas ocasiões, representou seu pai em reuniões com presidentes como Emile Lahoud (Líbano) e Jacques Chirac (França).
Bachar, 34, terá de garantir agora uma coalizão interna forte junto ao governista partido Baath (renascimento, em árabe), de ideologia socialista e secular.
Uma guinada no processo de paz, estagnado, não deve ocorrer no curto prazo. A retirada israelense do sul do Líbano, após 22 anos de ocupação, trouxe novas regras para o diálogo regional.
As negociações foram suspensas em janeiro depois de Israel insistir em manter parte das colinas do Golã (conquistadas em 1967), para ter acesso ao mar da Galiléia.
Resta saber se Bachar, mais uma liderança jovem a despontar no cenário árabe (após as recentes trocas de poder na Jordânia e em Marrocos), com promessas de abertura política, vai trazer sangue novo para a busca da paz.
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