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05/02/2001 - 11h03

Ultra-ortodoxos pedem boicote a eleição "impura"

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da France Presse
em Jerusalém

Os rabinos têm declarado uma verdadeira guerra contra o atual primeiro-ministro, o trabalhista Ehud Barak, o denunciado com uma virulência sem precedentes como um "inimigo do judaísmo", fato que deveria favorecer seu adversário de direita, Ariel Sharon, na eleição de 6 de fevereiro.

Não obstante, isto não quer dizer que os judeus religiosos estão muito entusiasmados com Sharon, grande favorito dessa eleição, um laico que durante sua campanha tem feito o possível para guardar suas distâncias com eles.

Nos muros do bairro ultra-ortodoxo de Mea Shearim, em Jerusalém, a propaganda da direita pede em letras negras "a prisão de Barak, que incita o ódio contra os judeus piedosos", os "Haredim", literalmente "os que temem a Deus".

No entanto, aqui a propaganda pelo candidado da direita é discreta. O slogan onipresente em todas as partes -"Sharon: homem da paz"- assim como seu retrato, brilham por sua ausência.

O que se vê são outros cartazes aconselhando os ultra-ortodoxos a "boicotarem as eleições impuras", para não fazer o jogo de um Estado "sionista e descrente". Estas mensagens são obra de grupos ultra-ortodoxos radicalmente anti-sionistas e muito minoritários fora desse bairro.

Contrários à criação de um Estado judeu antes da chegada dos tempos messiânicos, perderam muito de sua influência depois que esse Estado se transformou em realidade, em 1948.


AP
Sala do Parlamento de Israel onde serão computados os votos da eleição de amanhã
Yossi Elhayani, estudante de uma escola religiosa, que usa o chapéu e a vestimenta negra tradicional, já escolheu. Elhayani não perdoa Ehud Barak por seus planos de "reforma laica" e suas intenções de impor o serviço militar a milhares de alunos das escolas talmúdicas, atualmente isentas desta obrigação.

Mas isso não quer dizer que tenha mais confiança em Sharon, e não vai pedir votos para ele. O que espera é que o líder da direita "restabeleça a segurança, com a ajuda de Deus" e "defenda nossos Santos Lugares, principalmente o Monte do Templo", onde fica a Esplanada das Mesquitas - Al Aqsa-, o terceiro lugar sagrado do Islã, suja soberania é exigida pelos palestinos.

"Sharon não é um judeu praticante mas, ao contrário de Barak, não está em guerra contra o judaísmo", disse o rabino Abraham Ravitz, deputado da Lista Unificada da Torá (cinco deputados de um total de 120 no Knesset).

Ravitz espera que a direção espiritual do partido, o Conselho dos Grandes da Torá, peça votos para Sharon, que supera amplamente Barak nas pesquisas de opinião.

Segundo ele, o conselho somente se pronunciará nesse sentido no último momento, para mostrar que seu apoio não é automático. No momento, somente um dos membros desse conselho, o rabino Jakob Friedman, tomou posição publicamente.

"Abster-se faria o jogo de quem combate a fé dos nossos antepassados, profana o Shabbat, faz escárnio da terra prometida e de Jerusalém sagrada", afirmou o rabino, referindo-se a Barak.

O líder espiritual do poderosos partido ortodoxo sefardita Shass (17 deputados), rabino Ovadia Yossef, foi mais longe ainda em seus ataques.
"Barak odeia Israel, odeia o judaísmo", disse, antes de reiterar seus ataques racistas contra os árabes.

"Desde a Intifada, todos podem ver que os árabes são pior que serpentes, são víboras", declarou o rabino, considerado um dos homens mais influentes de Israel.

As coisas são mais simples para o Partido Nacional Religioso (PNR - cinco deputados), formação sionista religiosa que, durante anos, foi deslizando cada vez mais para a direita, para transformar-se em uma emanação dos colonos judeus.

O PNR apóia Sharon sem reservas, mas sob a condição de que não faça concessões aos palestinos.

Somente o Meimad, pequeno partido religioso moderado (um deputado) e aliado dos trabalhistas, não apóia Sharon, mas nem por isso pediu votos para Barak.

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