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05/02/2001 - 13h08

Eleição sem entusiasmo pode decidir paz no Oriente Médio

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da France Presse
em Jerusalém

Os israelenses vão às urnas amanhã para eleger seu primeiro-ministro, depois de uma campanha eleitoral sem entusiasmo. O candidato da direita, Ariel Sharon, mantém vantagem de quase 20 pontos percentuais sobre o atual primeiro-ministro, o candidato trabalhista Ehud Barak.

Barak e sua equipe tentam dar a impressão de que acreditam em uma vitória até o último minuto e lutam para conquistar os indecisos, que continuam sendo numerosos. Eles são principalmente árabes-israelenses que procuram boicotar as eleições, favorecendo indiretamente Ariel Sharon.

A vantagem do candidato do Likud (Sharon) se fez ainda mais sólida com a benção dos rabinos ultra-ortodoxos ashkenazis (de origem ocidental e da Europa Central), que seguiram o apoio do rabino Ovadia Yossef, chefe espiritual do poderoso partido ortodoxo Shass (de origem oriental).

A campanha que termina oficialmente na tarde hoje não teve grande expressão e influenciará pouco na intenção de votos. Segundo as pesquisas, os israelenses teriam preferido outros candidatos, em especial os ex-primeiros ministros do Likud e do Partido Trabalhista, Benjamin Netanyahu e Shimon Peres, respectivamente.

O eleitorado parece querer punir Barak pela Intifada (revolta popular palestina). A rebelião aconteceu justamente no momento que o dirigente se mostrava disposto a fazer concessões sem precedentes, em particular, aceitar dividir a soberania de Jerusalém com os palestinos.

Barak, eleito em 1999 com 56% dos votos, é atualmente alvo de fortes críticas por sua falta de determinação no processo de paz e de credibilidade. Ao renunciar ao cargo no dia 9 de dezembro, em plena Intifada, privado de maioria parlamentar, Barak queria fazer desta eleição um referendum sobre a paz, pois contava realizar um acordo de última hora com os palestinos.

No entanto, tudo terminou em fracasso, apesar do trabalhista ter lutado contra o tempo e organizado negociações em Taba (Egito), que resultaram em uma simples declaração conjunta, mostrando as divergências entre as partes.

Depois de não conseguir resultados concretos no processo de paz em um ano e meio no poder, a equipe de Barak prevê uma guerra regional se o chefe do Likud vencer a eleição e desempenhar o papel que teve na guerra do Líbano, em 1982.

Esses argumentos não surtiram o efeito esperado nos eleitores e Sharon se limitou a aproveitar a onda dos desiludidos com Barak. Ele se negou a participar de qualquer debate televisivo e se mantinha particularmente discreto em relação a seu programa político.

As poucas concessões que Sharon diz estar disposto a fazer são muito menores que as propostas de Barak. O presidente palestino Iasser Arafat disse acreditar que a chegada da direita ao poder será um verdadeiro "desastre".

Caso seja eleito, Sharon pretende formar um governo de união nacional. Se não fizer isto, estará dirigindo uma coalizão frágil de 63 deputados. Uma Câmara com esta composição seria impossível de governar, o que obrigaria a convocação de novas eleições gerais até maio de 2003.


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