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06/02/2001 - 10h58

Terremoto na Índia deixou vários casos de danos psicológicos

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da France Presse
em Bhuj (Índia)

O Estado indiano de Gujarat (oeste), devastado por um terremoto em 26 de janeiro passado, também está sofrendo com os danos psicológicos e as organizações humanitárias deram início um trabalho que deverá apresentar frutos somente a longo prazo.

Na cidade de Bhuj, quase completamente destruída, 11 dias depois do terremoto os feridos ainda chegavam aos hospitais improvisado em centro pré-fabricados instalados pelas ONGs.

Enquanto o atendimento é feito em mesas metálicas cobertas por tecidos impermeáveis, algumas vítimas são colocadas deitadas no chão, sem feridas aparentes, mas completamente absortas e alheias ao mundo que as cerca.

"Não temos tempo para dar um apoio psicológico, que seria necessário", disse o médico Chirag Patel. "Depois das emergências, começarem a cuidar dos problemas mentais".

Sentada no chão, com as pernas cruzadas, uma mulher de seus 50 anos apresentava, segundo o médico, males psicossomáticos típicos após um terremoto: hipertensão, insônia, obnubilação, impressão de sufocamento.

O médico Laurent Combes, da Segurança Civil francesa, confirma: "As dores torácicas são, geralmente, manifestações de ansiedade. .Às vezes nos trazem crianças sem qualquer motivo. Isso demonstra um problema psicológico.

Mais grave ainda, as vítimas têm a impressão de reviver o inferno do terremoto.
A imprensa da Índia informou sobre um homem em Gujarat que, vários dias depois do tremor, teve um pesadelo e, achando que era um novo terremoto, quebrou as duas pernas ao pular por uma janela.

É outro caso clássico, segundo o médico Luis Jorge Pérez, especialista enviado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). "Todos têm medo, é normal. As pessoas estão perdidas, têm um sentimento de vazio. Sentem-se culpadas por terem sobrevivido. Precisam de tempo para aceitar isso".

Os casos de tensão, inclusive, de agressividade, também são explicáveis, segundo o médico: "As vítimas passam a ser dependentes de um governo, de um Exército, de um líder religioso ou de uma instituição. Quando esta instituição é superada, se voltam contra ela", afirma.

As crianças são afetadas em cheio pelos traumatismos. "Alguns voltam a urinar na cama, têm pesadelos. Pedem para deitar com os pais", explica Pérez. Outro caso clínico corrente, inclusive entre os adultos, é o medo de dormir no escuro.

A Cruz Vermelha Internacional reconhece os problemas psicológicos gerados pelos desastres do tipo do terremoto de Gujarat, que provocou cerca de 30 mortos. Entre suas equipes em Bhuj, há uma vinda dos Estados Unidos encarregada de preparar um programa para responder a este tipo de situações.

"Temos alguns médicos que vão propor daqui a dois ou três dias um apoio psicológico direto e vamos formar pessoal local da Cruz Vermelha da Índia, que já tem conhecimento da questão, para que atendam em todas as partes", disse Barbara Vetsig, coordenadora da Cruz Vermelha americana em Bhuj.

O trabalho consistirá em primeiro lugar em identificar os grupos de vítimas particularmente vulneráveis e para isso serão organizadas equipes de apoio, onde se poderá expressar os traumatismos ocultos.
 

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