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08/02/2001 - 17h01

Começa processo contra Bové na França por destruição de laboratório

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da France Presse
em Paris

Um processo por invasão e destruição de um laboratório cujos cientistas estudam as transformações genéticas do arroz começou hoje em Montpellier, sul da França, contra o líder agrícola José Bové, famoso por sua política violenta em relação à globalização.

Bové, que sabe organizar a promoção publicitária de suas ações violentas, fez uma invasão em junho de 1999 amplamente filmada e transmitida pela televisão ao Cirad, Centro Público de Cooperação Internacional de Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento.

Os cientistas trabalhavam há anos na procura de um arroz resistente às pragas que poderia servir às agriculturas de países em desenvolvimento.

A televisão mostrou Bové quebrando impunemente a martelos a porta de vidro do laboratório, entrando em seguida com seus companheiros e procedendo à destruição sistemática das plantas do arroz experimental.

O centro avaliou os prejuízos em US$ 640 milhões mais a perda de 10 anos de trabalho.

José Bové, ligado a produtores de queijo, negou o valor científico da pesquisa agronômica em causa e declarou que desejou demonstrar e condenar o vínculo entre a pesquisa científica pública e o setor privado. Também, declarou que o arroz, que ele e dois de seus companheiros também processados haviam destruído, ia ser plantado em Camargue, sudeste França.

O centro respondeu que se tratava de sementes em um espaço reduzido e isolado justamente para a pesquisa científica.

O líder camponês desdenhou as afirmações dos cientistas afirmando ao tribunal que "não há diferença entre a pesquisa pública e a privada", e que é um "embuste fazê-lo crer". Condenou ainda o "progresso pelo progresso".

No entanto, seu pai, Joseph-Marie Bové, "foi chave" no estudo que se concluiu no Brasil sobre o primeiro sequenciamento genético de uma praga vegetal, a xyllela fastidiosa. Joseph-Marie Bové há anos colabora com o Brasil em pesquisas de algo muito parecido com que se opõe seu filho: a manipulação genética.

O Grupo Interprofissional de Sementes (GNIS) frisou que a destruição dos experimentos sobre organismos geneticamente modificados (OGM) "não é um bom meio para fazer avançar a pesquisa".

"Não é possível questionar os supostos riscos dos OGM e ao mesmo tempo destruir os experimentos que poderiam dar a prova contrária", afirmou o grupo.

A Confederação Camponesa teria dado a este processo uma imagem de "festa popular" com uma feira e diversas animações de rua.

Nas ruas cerca de mil pessoas _agricultores, políticos e militantes ecologistas_ desfilaram acusando de "ladrão" o Cirad e exigindo a liberação dos três acusados que _teoricamente_ seriam suscetíveis de penas de vários anos de prisão.
 

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