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03/03/2001
-
11h23
da Reuters
A fama alemã de ser líder mundial em energia ambientalmente 'limpa' enfrenta nos próximos dias um teste crítico. Em jogo está não somente a paz dentro da coalizão de governo - onde a questão é um ponto de honra para o Partido Verde -, mas também se a Alemanha poderá cumprir as metas para conter o aquecimento global e, dessa maneira, continuar pressionando outros países a fazerem o mesmo.
Convencidas de que converter todas as usinas à energia "verde" traria imensos custos, as principais geradoras do país - que já foram forçadas a abandonar gradualmente a energia nuclear - querem ter voz sobre o assunto.
"Há um amplo espectro de visões a serem ouvidas no debate político", diz Klaus Wertel, porta-voz da Energie Baden Wuerttemberg AG, empresa líder no setor. "Ainda é muito cedo para ver onde isso vai dar".
Sabendo que mais cedo ou mais tarde teria de abrir mão da energia nuclear (que representa um terço do total usado no país), o governo decidiu no ano passado incentivar várias formas de energia "ecologicamente corretas".
No centro da idéia está a proposta de incentivar a produção de energia pelo sistema conhecido por CHP, geradores que reaproveitam o calor desperdiçado nas formas tradicionais de geração para criar mais energia.
Hoje, os geradores CHP respondem por apenas 12% da energia alemã. Conseguir aumentar esse número é fundamental, se o país quiser cumprir seu compromisso de chegar a 2005 emitindo 25% menos dióxido de carbono do que em 1990. Esse gás é o principal responsável pelo efeito estufa.
Mas a decisão final, a ser tomada no final do ano, sobre se as empresas devem ser obrigadas ou apenas estimuladas a construir centrais CHP acirrou os ânimos dentro do gabinete.
De um lado, sob crescente pressão dos seus colegas do Partido Verde, está o ministro do Meio Ambiente, Juergen Trittin, que quer definir a questão já na próxima semana.
Do outro lado, está o ministro da Economia, Werner Mueller, um ex-patrão da indústria energética, trazido para o gabinete de Gerhard Schroeder como um sinal de boa-vontade com os empresários. Mueller acha que a indústria deve ter até o final de março para criar um sistema voluntário.
Mueller tem o apoio dos empresários do setor, que argumentam que construir centrais CHP do nada ou ampliar as já existentes iria colocá-los em grande desvantagem no mercado europeu, cada vez mais aberto e desregulamentado.
Um sistema de quotas obrigando à construção de centrais CHP forçaria a indústria a fechar lucrativas usinas tradicionais. Os assessores de Schroeder negam categoricamente, mas segundo um membro do partido governista, o chanceler se opõe a esse sistema.
Apesar de os números mostrarem que a emissão de CO2 aumentou um pouco no ano passado, até os defensores das quotas acham que será necessário ceder um pouco.
"As quotas determinando as novas centrais certamente não estão descartadas", diz Michaele Hustedt, porta-voz dos Verdes no Parlamento. "Mas há outras possibilidades, como subsidiar fontes renováveis de energia".
Esse instrumento -- que estabeleceria um prêmio a ser pago por operadores de redes baseadas na energia CHP aos produtores -- é mais aceitável para a indústria.
Mas especialistas acham que esse mecanismo, apesar de ser mais fácil de introduzir, não oferece a mesma garantia que um sistema legal de quotas para que as metas sejam atingidas.
"Já vimos na Holanda tentativas de promover energia 'verde' com metas voluntárias da indústria. Não funcionou", diz Wolfgang Breuer, do Centro para a Pesquisa Econômica Européia, em Mannheim.
Os ambientalistas temem que esse cenário possa pôr em xeque a imagem da Alemanha como líder mundial na redução de CO2, com os 15% a menos em relação a 1990, que o país já alcançou.
Energia 'verde' provoca debates acirrados na Alemanha
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A fama alemã de ser líder mundial em energia ambientalmente 'limpa' enfrenta nos próximos dias um teste crítico. Em jogo está não somente a paz dentro da coalizão de governo - onde a questão é um ponto de honra para o Partido Verde -, mas também se a Alemanha poderá cumprir as metas para conter o aquecimento global e, dessa maneira, continuar pressionando outros países a fazerem o mesmo.
Convencidas de que converter todas as usinas à energia "verde" traria imensos custos, as principais geradoras do país - que já foram forçadas a abandonar gradualmente a energia nuclear - querem ter voz sobre o assunto.
"Há um amplo espectro de visões a serem ouvidas no debate político", diz Klaus Wertel, porta-voz da Energie Baden Wuerttemberg AG, empresa líder no setor. "Ainda é muito cedo para ver onde isso vai dar".
Sabendo que mais cedo ou mais tarde teria de abrir mão da energia nuclear (que representa um terço do total usado no país), o governo decidiu no ano passado incentivar várias formas de energia "ecologicamente corretas".
No centro da idéia está a proposta de incentivar a produção de energia pelo sistema conhecido por CHP, geradores que reaproveitam o calor desperdiçado nas formas tradicionais de geração para criar mais energia.
Hoje, os geradores CHP respondem por apenas 12% da energia alemã. Conseguir aumentar esse número é fundamental, se o país quiser cumprir seu compromisso de chegar a 2005 emitindo 25% menos dióxido de carbono do que em 1990. Esse gás é o principal responsável pelo efeito estufa.
Mas a decisão final, a ser tomada no final do ano, sobre se as empresas devem ser obrigadas ou apenas estimuladas a construir centrais CHP acirrou os ânimos dentro do gabinete.
De um lado, sob crescente pressão dos seus colegas do Partido Verde, está o ministro do Meio Ambiente, Juergen Trittin, que quer definir a questão já na próxima semana.
Do outro lado, está o ministro da Economia, Werner Mueller, um ex-patrão da indústria energética, trazido para o gabinete de Gerhard Schroeder como um sinal de boa-vontade com os empresários. Mueller acha que a indústria deve ter até o final de março para criar um sistema voluntário.
Mueller tem o apoio dos empresários do setor, que argumentam que construir centrais CHP do nada ou ampliar as já existentes iria colocá-los em grande desvantagem no mercado europeu, cada vez mais aberto e desregulamentado.
Um sistema de quotas obrigando à construção de centrais CHP forçaria a indústria a fechar lucrativas usinas tradicionais. Os assessores de Schroeder negam categoricamente, mas segundo um membro do partido governista, o chanceler se opõe a esse sistema.
Apesar de os números mostrarem que a emissão de CO2 aumentou um pouco no ano passado, até os defensores das quotas acham que será necessário ceder um pouco.
"As quotas determinando as novas centrais certamente não estão descartadas", diz Michaele Hustedt, porta-voz dos Verdes no Parlamento. "Mas há outras possibilidades, como subsidiar fontes renováveis de energia".
Esse instrumento -- que estabeleceria um prêmio a ser pago por operadores de redes baseadas na energia CHP aos produtores -- é mais aceitável para a indústria.
Mas especialistas acham que esse mecanismo, apesar de ser mais fácil de introduzir, não oferece a mesma garantia que um sistema legal de quotas para que as metas sejam atingidas.
"Já vimos na Holanda tentativas de promover energia 'verde' com metas voluntárias da indústria. Não funcionou", diz Wolfgang Breuer, do Centro para a Pesquisa Econômica Européia, em Mannheim.
Os ambientalistas temem que esse cenário possa pôr em xeque a imagem da Alemanha como líder mundial na redução de CO2, com os 15% a menos em relação a 1990, que o país já alcançou.
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