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16/04/2001 - 09h00

Cresce pressão para julgar crimes contra humanidade no Timor Leste

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RICHARD LLOYD PARRY
do "The Independent"

A ONU está sendo pressionada a estabelecer um tribunal internacional para julgar crimes contra a humanidade em Timor Leste. Na semana passada, a entidade teve acesso a um relatório segundo o qual a violência que se seguiu ao plebiscito timorense de 1999 -que determinou a independência do país em relação à Indonésia- foi uma conspiração planejada por generais indonésios.

"Declarei que o que aconteceu em Timor Leste não foi uma resposta espontânea dos timorenses contrários à independência, mas uma conspiração liderada por generais indonésios", disse James Dunn, cônsul australiano em Timor Leste, que apresentou sua declaração à ONU na semana passada. "Posso citar 24 oficiais indonésios como pessoas-chave envolvidas no processo."

Alguns diplomatas duvidam de que seja formado um tribunal especial, processo caro e politicamente complicado que alarma certos membros da ONU com problemas humanitários, como Rússia e China.

Mas, recentemente, José Ramos Horta, Prêmio Nobel da Paz e presidente do Conselho Nacional de Timor Leste, disse que o tribunal seria "uma opção forte" se a Indonésia não fizesse justiça.

"Tenho encontrado os membros (da ONU) e estou confiante em que teremos maioria simples para criar esse tribunal", afirmou.

A violência começou em Timor Leste horas depois do anúncio do resultado do plebiscito. Quando as forças de paz chegaram, três semanas mais tarde, mais de 2.000 pessoas tinham sido mortas, e a maioria da população de 800 mil habitantes tinha fugido para as montanhas ou haviam sido deportadas para Timor Oeste.

Em Washington, ativistas de direitos humanos abriram um processo contra o general Johny Lumintang, depois que foram revelados documentos militares secretos, incluindo uma carta na qual o general citava o plano de forçar a deportação de timorenses. Mas a corte americana não tem como fazer cumprir sentença contra condenado que esteja fora dos EUA. Há sete meses, o advogado do general citou 22 pessoas como suspeitas, mas elas permaneceram livres.

No mês passado, o Parlamento indonésio propôs formalmente ao presidente indonésio, Abdurrahman Wahid, a criação de um tribunal de direitos humanos. Mas o presidente está enfrentando um processo de impeachment, e um de seus interesses é evitar se indispor com as Forças Armadas, que são politicamente fortes.
 

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