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03/05/2001
-
08h49
SARA RIMER
do "The New York Times"
"Esta é uma gravação da execução de Ivon Ray Stanley em 12 de julho de 1984." Assim começa a fita com trechos das 23 execuções realizadas no Estado da Geórgia entre 1983 e 1998 e transmitida ontem, nos EUA, em uma rede pública de rádio.
As execuções, todas usando cadeira elétrica, foram gravadas por funcionários do Centro de Diagnóstico e Classificação da Geórgia e entregues recentemente ao produtor de rádio David Isay pelo advogado Mike Mears.
Mears descobriu a existência das fitas três anos atrás e as requisitou para anexá-las a um processo contra o uso da cadeira elétrica.
Nas fitas, os carcereiros narram sem qualquer emoção ou alteração na voz os eventos na sala de execução: a colocação do condenado na cadeira elétrica, o eletricista conectando os fios, os botões sendo acionados e a reação do prisioneiro. Ouve-se ainda o comissário de execuções cumprimentando seus auxiliares pelo "excelente trabalho".
As últimas palavras do condenado também são ouvidas. Mas não há gritos ou qualquer expressão de dor em nenhuma das fitas.
"As execuções são um ato que o governo oculta totalmente do público", disse o produtor Isay. "Eu queria colocar alguma luz nesse processo para que as pessoas pudessem entender o que é uma execução. A intenção não é ser pró ou contra a pena de morte. Apenas mostrar como é", acrescentou.
A última execução pública nos EUA ocorreu em 1937, quando Roscoe Jackson foi enforcado em Galena, no Estado de Missouri, diante de 500 pessoas, algumas das quais pagaram para assisti-la. Até agora não se sabia de nenhuma gravação, filme ou fotografia de execuções no país.
Em 1992, um juiz ordenou a filmagem de uma execução na Califórnia para usá-la como prova da crueldade da câmara de gás como método de execução, mas o mesmo juiz ordenou a destruição das imagens alguns meses depois.
Em 1999, um juiz da Suprema Corte da Flórida, em protesto contra os eletrochoques, chegou a colocar fotos na internet de um condenado amarrado à cadeira elétrica, mas as fotos haviam sido tiradas após a execução. Depois do protesto, a Florida substituiu a cadeira elétrica pela injeção letal.
A Geórgia trocou os eletrochoques pela injeção letal no ano passado, e um porta-voz do Departamento de Correções disse que as fitas foram gravadas para comprovar o cumprimento de todos os procedimentos legais.
A execução de Ivon Ray Stanley, condenado por matar um vendedor de seguros, seguiu os ritos habituais. Nas fitas, ouve-se o diálogo na sala de execução.
"O condenado não mostrou nenhuma resistência", diz um dos carcereiros a oficiais de Atlanta que acompanham por telefone a execução. "A perna direita e a cabeça foram afiveladas à cadeira."
O comissário de execução informa que nenhum tribunal expediu ordem suspendendo a sentença. Ouve-se, então, o carcereiro dizer: "Quando eu contar três, pressionem os botões. Um, dois, três".
O carcereiro prossegue narrando os fatos: "A execução está em andamento. Quando o primeiro choque atingiu o condenado, seu corpo enrijeceu e ouvi um estouro, como se uma das tiras tivesse arrebentado. Ele continua sentado com os punhos fechados, sem qualquer movimento".
Depois que Stanley é dado como morto, os oficiais de Atlanta perguntam o que causou o estampido mencionado pelo carcereiro. "Acho que foi só uma descarga elétrica", responde ele.
Na despedida, um procurador-geral de Atlanta cumprimenta os carcereiros: "Foi uma operação muito tranquila".
EUA divulgam sons da execução de presos
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do "The New York Times"
"Esta é uma gravação da execução de Ivon Ray Stanley em 12 de julho de 1984." Assim começa a fita com trechos das 23 execuções realizadas no Estado da Geórgia entre 1983 e 1998 e transmitida ontem, nos EUA, em uma rede pública de rádio.
As execuções, todas usando cadeira elétrica, foram gravadas por funcionários do Centro de Diagnóstico e Classificação da Geórgia e entregues recentemente ao produtor de rádio David Isay pelo advogado Mike Mears.
Mears descobriu a existência das fitas três anos atrás e as requisitou para anexá-las a um processo contra o uso da cadeira elétrica.
Nas fitas, os carcereiros narram sem qualquer emoção ou alteração na voz os eventos na sala de execução: a colocação do condenado na cadeira elétrica, o eletricista conectando os fios, os botões sendo acionados e a reação do prisioneiro. Ouve-se ainda o comissário de execuções cumprimentando seus auxiliares pelo "excelente trabalho".
As últimas palavras do condenado também são ouvidas. Mas não há gritos ou qualquer expressão de dor em nenhuma das fitas.
"As execuções são um ato que o governo oculta totalmente do público", disse o produtor Isay. "Eu queria colocar alguma luz nesse processo para que as pessoas pudessem entender o que é uma execução. A intenção não é ser pró ou contra a pena de morte. Apenas mostrar como é", acrescentou.
A última execução pública nos EUA ocorreu em 1937, quando Roscoe Jackson foi enforcado em Galena, no Estado de Missouri, diante de 500 pessoas, algumas das quais pagaram para assisti-la. Até agora não se sabia de nenhuma gravação, filme ou fotografia de execuções no país.
Em 1992, um juiz ordenou a filmagem de uma execução na Califórnia para usá-la como prova da crueldade da câmara de gás como método de execução, mas o mesmo juiz ordenou a destruição das imagens alguns meses depois.
Em 1999, um juiz da Suprema Corte da Flórida, em protesto contra os eletrochoques, chegou a colocar fotos na internet de um condenado amarrado à cadeira elétrica, mas as fotos haviam sido tiradas após a execução. Depois do protesto, a Florida substituiu a cadeira elétrica pela injeção letal.
A Geórgia trocou os eletrochoques pela injeção letal no ano passado, e um porta-voz do Departamento de Correções disse que as fitas foram gravadas para comprovar o cumprimento de todos os procedimentos legais.
A execução de Ivon Ray Stanley, condenado por matar um vendedor de seguros, seguiu os ritos habituais. Nas fitas, ouve-se o diálogo na sala de execução.
"O condenado não mostrou nenhuma resistência", diz um dos carcereiros a oficiais de Atlanta que acompanham por telefone a execução. "A perna direita e a cabeça foram afiveladas à cadeira."
O comissário de execução informa que nenhum tribunal expediu ordem suspendendo a sentença. Ouve-se, então, o carcereiro dizer: "Quando eu contar três, pressionem os botões. Um, dois, três".
O carcereiro prossegue narrando os fatos: "A execução está em andamento. Quando o primeiro choque atingiu o condenado, seu corpo enrijeceu e ouvi um estouro, como se uma das tiras tivesse arrebentado. Ele continua sentado com os punhos fechados, sem qualquer movimento".
Depois que Stanley é dado como morto, os oficiais de Atlanta perguntam o que causou o estampido mencionado pelo carcereiro. "Acho que foi só uma descarga elétrica", responde ele.
Na despedida, um procurador-geral de Atlanta cumprimenta os carcereiros: "Foi uma operação muito tranquila".
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