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03/06/2001 - 10h56

Líder conservador britânico poderá perder mais do que a eleição

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LEONARDO CRUZ
da Folha de S.Paulo

A quatro dias da eleição parlamentar britânica, o Partido Conservador sinaliza que não terá forças para reduzir a vantagem de quase 20 pontos percentuais dos trabalhistas do primeiro-ministro Tony Blair. Muitos de seus representantes já admitem derrota.

O principal indício de que os conservadores não acreditam mais na vitória surgiu anteontem, quando Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra, disse temer que uma "vitória esmagadora" dos trabalhistas na próxima quinta dê ao segundo mandato de Blair poderes de uma "ditadura eleita". "Aplaudo governos fortes mas não governos excessivamente poderosos", afirmou a ex-premiê.

Vale lembrar que Thatcher, em seus quase 12 anos de governo conservador (1979-90), apoiou a ditadura do general Augusto Pinochet no Chile e, na recente eleição italiana, se mostrou partidária do candidato da direita, o vitorioso Silvio Berlusconi.

Ao falar em "vitória esmagadora", Thatcher se referiu à perspectiva de que os trabalhistas ampliem ainda mais sua vantagem no Parlamento. Quando o partido de Blair venceu em 1997, obteve 418 das 659 cadeiras, recorde em 150 anos. Agora, as pesquisas mostram que essa vantagem pode crescer ainda mais.

Outro sinal de fissura entre os conservadores apareceu na quinta, quando o ex-diretor do partido Chris Patten criticou a campanha pela manutenção da libra, principal bandeira conservadora na atual eleição. William Hague (líder conservador britânico) também foi seriamente criticado por seu colega de partido Kenneth Clarke, membro do Parlamento há 30 anos, que, assim como Patten, é favorável à adoção do euro.

Tanto Patten quanto Clarke argumentam que os conservadores perderam tempo demais na campanha atacando a intenção de Tony Blair de convocar um referendo sobre o euro no segundo mandato.

Patten e Clarke fazem parte da ala mais à esquerda do Partido Conservador e devem comandar os debates sobre o futuro da legenda após a eleição. O principal ponto é saber se Hague, representante da direita, conseguirá se sustentar na liderança do partido -seu posto depende da dimensão da derrota conservadora.

Hague, que obviamente não admite o iminente fracasso conservador, pode se manter no poder se seu partido conseguir reduzir a vantagem trabalhista no Parlamento. Mas, mesmo assim, é possível que outros nomes fortes da direita peçam a cabeça de Hague.

Enquanto os conservadores tentam chegar a um consenso, os liberal-democratas, comandados por Charles Kennedy, conquistam espaço e tentam se firmar como força da oposição no lugar dos conservadores. As intenções de voto para o partido cresceram durante a campanha, saltando de 10% para 18% em alguns levantamentos, enquanto os conservadores oscilam entre 27% e 30%.

Mérito para Kennedy, que centrou a campanha de seu partido em propostas sociais, especialmente para a saúde.

Ainda parece improvável que os liberal-democratas consigam superar a legenda de William Hague nesta eleição, mas é bastante possível que o partido consiga mais cadeiras no Parlamento do que em 97, quando conquistou 46, seu melhor resultado até hoje.


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