Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
03/07/2001 - 07h28

Milosevic tem hoje 1ª audiência em Haia

Publicidade

da Folha de S.Paulo

O ex-ditador iugoslavo Slobodan Milosevic encontrou-se ontem pela primeira vez com seu advogado, em Haia (Holanda), para preparar sua defesa contra as acusações de crimes de guerra que pesam sobre ele e declarou que pretende apresentar-se sozinho hoje em sua primeira audiência no tribunal da ONU.

O ex-presidente, cujos anos no poder foram marcados pela desintegração da antiga Iugoslávia e por uma década de conflitos étnicos sangrentos, enfrentará sem ajuda os promotores da ONU.

Primeiro chefe de Estado a ser indiciado por crimes de guerra enquanto estava no poder, Milosevic deve rejeitar todas as acusações de crimes contra a humanidade relacionados à campanha de "limpeza étnica" realizada pelos sérvios em Kosovo, em 1999.

O advogado Zdenko Tomanovic passou mais de duas horas com seu cliente no centro de detenção de Scheveningen, cidade próxima a Haia. Ele deu poucos detalhes sobre a conversa ao deixar o local, dizendo apenas que o ex-ditador estava "muito bem".

Processo lento
O processo contra Milosevic será longo. A audiência de hoje deverá seguir um ritual já tradicional, começando com a leitura da lista de acusações. Em seguida, o ex-ditador poderá declarar-se inocente ou culpado, tendo direito a uma declaração suplementar.

Como ele deve rechaçar as acusações, começará então a fase seguinte, e todos os detalhes das acusações serão entregues à defesa de Milosevic. "Se tudo correr normalmente, essa fase pode demorar menos de quatro meses e meio. Mas é melhor termos em mente que ela durará seis meses", afirmou o presidente do tribunal de Haia, o francês Claude Jorda.

Depois disso, começará o julgamento. Como o caso de Milosevic é o mais complexo que o tribunal da ONU já teve em mãos, as audiências podem durar vários meses ou até mais de um ano.

Se for considerado culpado ao fim do julgamento, Milosevic poderá pegar até prisão perpétua, que seria cumprida num dos sete países com os quais o tribunal tem acordo de aplicação de penas, como a Holanda e a França.

Um diplomata ocidental disse que a mulher de Milosevic, Mira Markovic, que, supostamente, tem desempenhado um papel importante na organização de sua defesa, também poderia receber um visto para entrar na Holanda para visitá-lo. Isso embora o nome de Markovic conste de uma lista da União Européia de pessoas que não podem receber visto para entrar no bloco europeu.

Slobodan Milosevic permaneceu no poder por 13 anos. Ele foi deposto em outubro passado por um levante popular e preso em abril sob acusação de abuso de poder. Ele foi extraditado pelas autoridades reformistas sérvias na última quinta-feira.

Belgrado
O presidente iugoslavo, Vojislav Kostunica, consultou ontem assessores e políticos do país para tentar formar um novo governo federal, mas continuou dependendo do governo da república de Montenegro no que se refere a garantir a continuidade da República Federal da Iugoslávia, formada por Sérvia e Montenegro.

O governo federal caiu na última sexta, quando o premiê Zoran Zizic, um socialista montenegrino, renunciou por não concordar com a extradição de Milosevic.

Kostunica afirmou que uma das prioridades do próximo governo federal será a de definir as relações entre a Sérvia e Montenegro, cujo governo não reconhece a autoridade de Kostunica.

Cerca de 15 mil simpatizantes de Milosevic fizeram um protesto ontem, em Belgrado, para exigir a queda do governo da república da Sérvia, cujo premiê, Zoran Djindjic, foi o articulador da entrega do ex-ditador ao tribunal de Haia.


Com agências internacionais


  • Leia mais sobre a situação na Iugoslávia
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página