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12/07/2001 - 07h40

Empresas dos EUA apóiam Plano Colômbia

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RODRIGO PENA MAJELLA
da Folha de S.Paulo

Os EUA estão envolvidos na maior guerra de guerrilha desde o Vietnã, o conflito na Colômbia, não somente para combater o narcotráfico.
Centenas de militares americanos, espiões e civis contratados não estão no país encarregados apenas de coordenar um programa antidrogas de US$ 1,3 bilhão.

O chamado Plano Colômbia nasceu e é conduzido também sob o signo do capitalismo. A preservação de interesses econômicos das empresas americanas é um dos pilares do programa.

Essas são algumas das conclusões de um ano de levantamentos e pesquisas realizados pela Associação Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), uma organização com sede em Washington.

De acordo com o estudo da ICIJ, a Colômbia é o terceiro principal receptor de ajuda americana, atrás de Israel e Egito, e a presença dos EUA no país é maior hoje do que foi em El Salvador no ápice da guerra civil no país, nos anos 1980. A Colômbia, que recebe cerca de US$ 1,6 milhão por dia, é tida pela Casa Branca como fundamental para a estabilidade regional.

O caráter eminentemente militar do Plano Colômbia e a concentração das operações nas áreas sob controle das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, a maior guerrilha do país) teriam sido "contribuições" dos EUA ao pedido original de ajuda internacional do presidente Andrés Pastrana, segundo fontes do governo americano, e o projeto foi impulsionado pelo lobby de empresários interessados nas reservas petrolíferas colombianas e no promissor mercado consumidor latino-americano.

A Colômbia continua a ser responsável pelo fornecimento de 75% da cocaína e 65% da heroína que entra em solo americano, mas essas cifras são a justificativa oficial. "Estava claro que, por várias razões, o melhor modo de apresentar isso [o envolvimento na Colômbia" foi como uma ação antidrogas, pois é o que dá para vender no atual clima das discussões orçamentárias", afirmou Charles Gillespie, ex-alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA.

Os EUA têm importado mais petróleo da América Latina do que do golfo Pérsico. Alguns empresários decidiram investir numa participação americana mais ativa após os discursos nacionalistas do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o aumento dos ataques rebeldes às empresas petrolíferas -explosões de oleodutos e sequestros, por exemplo.

Para proteger seus investimentos e criar um ambiente mais propício para a futura exploração de suas reservas, grandes companhias passaram a fazer um intenso lobby no Congresso por maior assistência militar à Colômbia. Entre 1995 e 2000, empresas desembolsaram ao menos US$ 92 milhões. Nesse período, essas companhias e seus funcionários gastaram mais US$ 18 milhões em doações eleitorais federais.

Uma das características da megaoperação antidrogas apoiada pelos EUA sustenta essa percepção: embora os grupos paramilitares que combatem as guerrilhas não escondam que têm suas atividades financiadas pela produção e pelo comércio de drogas, a ação do Plano Colômbia está concentrada no sul do país -sobretudo no Putumayo-, nas áreas sob controle das Farc. Além da não-exclusividade na produção e no comércio de drogas, muitas das reservas petrolíferas estão sob esse solo controlado pelas Farc.

A reportagem completa do ICIJ (Consórcio Inernacional de Jornalistas Investigativos) está disponível no endereço do boletim eletrônico "The Public i".

O a href="http://www.icij.org" class="endereço" style="color:blue">ICIJ é um órgão ligado ao Centro para Integridade Pública (www.publicintegrity.org), entidade não-partidária, com sede em Washington e comandada por jornalistas.

Participaram da reportagem Ignacio Gomez, Angel Paez, Leonarda Reyes, Fernando Rodrigues (Folha), Frank Smyth, Laura Peterson, Andre Verloy, Aparna Basnyat, Tamy Guberek, Vanessa Haigh, Erik Schelzig, Peter Smith, Arthur Allen, Bill Allison e Maud Beelman.







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