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03/09/2001
-
05h15
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Folha de S.Paulo, em Durban
Delegados brasileiros na Conferência contra o Racismo estão programando para amanhã uma manifestação em Durban contra o governo brasileiro, cobrando a implementação de políticas afirmativas no país.
A idéia da manifestação, que já vinha sendo analisada, ganhou força depois do discurso do ministro José Gregori (Justiça), anteontem à noite. No plenário, o ministro reconheceu que há discriminação no Brasil e lembrou a herança de desigualdade deixada pela escravidão. Disse também que estão sendo implementadas políticas de ação afirmativa para combater o problema.
"Achei que faltou falar de coisas concretas, faltaram exemplos sobre o que o governo pretende fazer. O Brasil trouxe um documento com propostas a Durban. O que é feito dele?", questionou Azelene Kaingang, representante do Capoib (Conselho de Articulação dos Povos Indígenas Brasileiros), que integra a delegação oficial e viajou com despesas pagas pelo governo.
Segundo Ivanir dos Santos, militante do Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas), o objetivo da manifestação é mostrar que o movimento negro não esqueceu de fazer cobranças sobre o combate à discriminação.
"Discurso vazio"
"Faltaram propostas. O governo não pode achar que vamos aceitar um discurso vazio. É claro que houve avanços, mas queremos mais", afirmou.
Santos é membro da delegação oficial e viajou às expensas do governo federal. "Se o governo achou que ia pagar e a gente ia ficar calado, se enganou", afirmou.
Os brasileiros estão negociando, para a manifestação, o apoio da chamada Aliança Afro-Indígena Latina, uma articulação de negros e índios de vários países latino-americanos.
Gregori
O ministro Gregori disse que o discurso da crítica é legítimo, mas afirmou que muitos que o criticam viajaram a Durban com despesas pagas pelo governo brasileiro. Para ele, os militantes têm direito de fazer manifestações em Durban contra o governo, mas "sem exageros, sem disparates".
"O direito de manifestação tem de ser respeitado, não havendo exageros nem disparates do ponto de vista de você, em terra estranha, querer colocar problemas que devem ser colocados no país da gente", afirmou.
O ministro disse que, pela primeira vez, um governo brasileiro defendeu a utilização de medidas de ação afirmativa num evento das Nações Unidas.
Disse também que o discurso não poderia detalhar todas as medidas em estudo pelo governo brasileiro. "Eu não poderia ler todo o relatório aqui", afirmou.
Disse que é disparatado querer transformar uma conferência internacional num debate sobre as ações nacionais. "Não estamos numa manifestação no centro do Rio ou de São Paulo", afirmou.
Condenação de Israel
O fórum paralelo promovido pelas ONGs (organizações não-governamentais) equiparou ontem o sionismo (movimento político e religioso iniciado no século 19 pela criação do Estado judeu) ao racismo e reivindicou sanções internacionais contra Israel.
Israel foi considerado um "Estado racista de apartheid", responsável por "sistemáticos crimes racistas, incluindo crimes de guerra, atos de genocídio e limpeza étnica". As ONGs pediram ainda que Israel seja isolado e que se crie um comitê para investigar supostos crimes de guerra contra palestinos.
Algumas organizações de direitos humanos e grupos judeus rechaçaram, contudo, a declaração, que deverá ser apresentada à alta comissária da ONU para direitos humanos, Mary Robinson.
Leia mais no especial sobre a conferência da ONU
Conferência da ONU terá ato contra governo brasileiro
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da Folha de S.Paulo, em Durban
Delegados brasileiros na Conferência contra o Racismo estão programando para amanhã uma manifestação em Durban contra o governo brasileiro, cobrando a implementação de políticas afirmativas no país.
A idéia da manifestação, que já vinha sendo analisada, ganhou força depois do discurso do ministro José Gregori (Justiça), anteontem à noite. No plenário, o ministro reconheceu que há discriminação no Brasil e lembrou a herança de desigualdade deixada pela escravidão. Disse também que estão sendo implementadas políticas de ação afirmativa para combater o problema.
"Achei que faltou falar de coisas concretas, faltaram exemplos sobre o que o governo pretende fazer. O Brasil trouxe um documento com propostas a Durban. O que é feito dele?", questionou Azelene Kaingang, representante do Capoib (Conselho de Articulação dos Povos Indígenas Brasileiros), que integra a delegação oficial e viajou com despesas pagas pelo governo.
Segundo Ivanir dos Santos, militante do Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas), o objetivo da manifestação é mostrar que o movimento negro não esqueceu de fazer cobranças sobre o combate à discriminação.
"Discurso vazio"
"Faltaram propostas. O governo não pode achar que vamos aceitar um discurso vazio. É claro que houve avanços, mas queremos mais", afirmou.
Santos é membro da delegação oficial e viajou às expensas do governo federal. "Se o governo achou que ia pagar e a gente ia ficar calado, se enganou", afirmou.
Os brasileiros estão negociando, para a manifestação, o apoio da chamada Aliança Afro-Indígena Latina, uma articulação de negros e índios de vários países latino-americanos.
Gregori
O ministro Gregori disse que o discurso da crítica é legítimo, mas afirmou que muitos que o criticam viajaram a Durban com despesas pagas pelo governo brasileiro. Para ele, os militantes têm direito de fazer manifestações em Durban contra o governo, mas "sem exageros, sem disparates".
"O direito de manifestação tem de ser respeitado, não havendo exageros nem disparates do ponto de vista de você, em terra estranha, querer colocar problemas que devem ser colocados no país da gente", afirmou.
O ministro disse que, pela primeira vez, um governo brasileiro defendeu a utilização de medidas de ação afirmativa num evento das Nações Unidas.
Disse também que o discurso não poderia detalhar todas as medidas em estudo pelo governo brasileiro. "Eu não poderia ler todo o relatório aqui", afirmou.
Disse que é disparatado querer transformar uma conferência internacional num debate sobre as ações nacionais. "Não estamos numa manifestação no centro do Rio ou de São Paulo", afirmou.
Condenação de Israel
O fórum paralelo promovido pelas ONGs (organizações não-governamentais) equiparou ontem o sionismo (movimento político e religioso iniciado no século 19 pela criação do Estado judeu) ao racismo e reivindicou sanções internacionais contra Israel.
Israel foi considerado um "Estado racista de apartheid", responsável por "sistemáticos crimes racistas, incluindo crimes de guerra, atos de genocídio e limpeza étnica". As ONGs pediram ainda que Israel seja isolado e que se crie um comitê para investigar supostos crimes de guerra contra palestinos.
Algumas organizações de direitos humanos e grupos judeus rechaçaram, contudo, a declaração, que deverá ser apresentada à alta comissária da ONU para direitos humanos, Mary Robinson.
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