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04/09/2001 - 02h00

Reino Unido é o objetivo final dos imigrantes

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KIM SENGUPTA
do "The Independent", em Calais

Uma onda de pessoas deixa todas as noites o campo de Sangatte, perto de Calais, "em direção à cidade". Poucos refugiados admitem sua verdadeira intenção, que é a de entrar na estação ferroviária de La Coquelle para, com um pouco de sorte, ingressar no Reino Unido dentro de um trem que atravessa o canal da Mancha.

Eles caminham no mais absoluto silêncio, fugindo das luzes dos carros que passam pelas ruas. Todos sabem que as chances de atingir o objetivo são mínimas, a maior parte deles será detida e enviada de volta ao campo de Sangatte.

Rahima Dostur, que é curda, diz: "Se tentarmos várias vezes, acabaremos conseguindo". A persistência dos refugiados é tamanha que a empresa que administra a ferrovia submarina que atravessa o canal da Mancha, a Eurotunnel, entrou na Justiça para pleitear o fechamento do centro de Sangatte.

Segundo a Eurotunnel, no primeiro semestre deste ano, mais de 18 mil refugiados foram detidos tentando entrar em trens que partiam de La Coquelle. Mais de 200 pessoas por dia tentam fazê-lo, cem foram detidas no último sábado (1).

A Eurotunnel gastou quase US$ 5 milhões para proteger o terminal. Há uma cerca de mais de 30 quilômetros de extensão e um circuito fechado de televisão com 200 câmeras.

Porém outros números preocupam a Eurotunnel ainda mais. O Ministério do Interior britânico pretende começar a cobrar da empresa uma multa de cerca de US$ 3.000 por imigrante ilegal encontrado dentro de seus trens.

A Eurotunnel pediu que a Alta Corte de Londres analisasse a decisão do governo. O processo em Lille, na França, faz parte da mesma batalha legal. Com o processo francês, a empresa quer que a Justiça obrigue o governo a fechar o campo de refugiados de Sangatte.

O prédio de Sangatte pertencia à Eurotunnel, que o utilizava para abrigar trabalhadores durante a construção do túnel sob o canal da Mancha. Depois foi requisitado pelo governo para abrigar refugiados.

Os refugiados costumam andar perto da cerca de La Coquelle, procurando buracos pelo qual possam passar. Rahima não quer falar, pois está muito nervosa. A poucos metros dali, o afegão Selim Afridi aceita
falar. "Quatro amigos meus já conseguiram passar. Já tentei três vezes, mas ainda não consegui. Sei que vou conseguir, mas é difícil porque a polícia está sempre atenta."

No dia seguinte, no centro de Sangatte, Selim desabafa: "Por que os britânicos querem tanto nos impedir de entrar no Reino Unido? Sou um bom trabalhador, tenho diploma de faculdade e sou bem educado. Além disso, não há mais nada para mim no Afeganistão."

"O Afeganistão voltou ao passado. Não podemos voltar. Os ocidentais não entendem a situação", diz Balbir Singh.
 

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