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08/09/2001 - 09h15

Violência afeta ambição eleitoral de Jospin

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JOAQUÍN PRIETO
DO "EL PAÍS", em Paris

À margem da violência política presente na Córsega, uma onda de assassinatos está minando as perspectivas eleitorais do premiê Lionel Jospin, acusado pela direita e pelo presidente Jacques Chirac de permitir que a insegurança chegue a "níveis intoleráveis".

Todos os "prefeitos" (representantes do Estado nos departamentos e nas regiões) foram convocados anteontem para uma reunião em conjunto com os promotores -uma iniciativa inusitada no país- com o objetivo de sistematizar o combate às quadrilhas organizadas. A direita atribui essa iniciativa ao receio socialista de perder as eleições de 2002.

Prefeitos e promotores, quase 400 pessoas ao todo, foram convidados pelos ministros do Interior e da Justiça, respectivamente Daniel Vaillant e Marylise Lebranchu, a desmontar as redes de prostituição, o tráfico de drogas e de armas, a economia informal e o tráfico de telefones celulares, atividade em grande expansão.

Declarados inimigo público número um, os grupos organizados podem representar dezenas de milhares de pessoas a serem controladas, detidas e condenadas. Nada menos que 185.137 pessoas foram detidas nos primeiros seis meses do ano -18 mil mais do que no mesmo período de 2000.

Retirada do governo pelo voto popular quatro anos atrás, a direita francesa encontrou pela frente um de seus temas mais clássicos no momento em que organiza a briga para recuperar o poder.

"A França está com medo", afirmou Chirac, em discurso transmitido pela televisão no dia 14 de julho. De fato, o medo começa pela direção do Partido Socialista, que, em recente seminário realizado em La Rochelle, chegou à conclusão de que sua sorte nas eleições presidencial e legislativa de 2002 vai depender da aceitação do que diz Vaillant: "A segurança não é nem de direita, nem de esquerda: é um valor republicano".

A criminalidade em grande escala não preocupa a opinião pública tanto quanto a pequena delinquência. O aumento dos delitos denunciados no primeiro semestre do ano (9,58% mais do que no mesmo período do ano passado) se deveu principalmente a roubos, cada vez mais acompanhados de violência.

Para afastar o medo, o governo reuniu anteontem seus representantes máximos em cada departamento com os promotores encarregados de promover a ação da justiça. Da mesma maneira que em outras democracias desejosas de conservar certo decoro jurídico, na França ouvem-se frequentes críticas dos sindicatos de policiais ao empenho da Justiça em frustrar os esforços da polícia contra os criminosos.

A União Sindical dos Magistrados, por sua parte, vê com preocupação a realização de reuniões como a de ontem porque, a seu ver, elas dão a impressão de que "os prefeitos vão instruir os promotores, o que é impossível sem modificar a Constituição", conforme explica seu presidente.

Por um acaso do calendário, o encontro de prefeitos e promotores aconteceu um dia depois que três cidadãos morreram apunhalados por um suposto doente mental num bairro de Paris.

Também foi realizado ontem o funeral do chefe de gabinete da administração municipal de Béziers (uma cidade de 70 mil habitantes situada a pouco mais de cem quilômetros da fronteira entre a França e a Espanha), que morreu no domingo passado durante perseguição policial a um jovem de 25 anos que tinha disparado uma granada contra uma viatura policial.


 

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