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12/09/2001
-
09h30
ELIO GASPARI
Colunista da Folha
Ontem , 11 de setembro de 2001, um dia cuja lembrança ficará na crônica da infâmia, alguém mudou a história dos Estados Unidos. Há cerca de 40 anos, quando o presidente Franklin Roosevelt usou algumas dessas palavras para declarar guerra ao Japão, sabia-se que a América não seria mais a mesma, mas tinha-se uma idéia mais ou menos clara de como ela ficaria depois da vitória. Desta vez, é provável que nem o presidente George W. Bush já saiba. À tarde, sua aparência desconcertada sugeria isso.
Pode-se apenas especular a respeito de alguns fatores que determinarão o rosto da América que sairá da poeira de Nova York. O primeiro é simples. A cada exercício de antiamericanismo hipócrita corresponderá uma reação contrária, violenta e ressentida. A cada exercício de compreensão pelos motivos dos terroristas corresponderá um sentimento isolacionista, primitivo e compreensível.
A simpatia pelo charme discreto dos terroristas passará a ter um preço. É comum encontrar-se pessoas que condenam o terror genericamente, mas que estão dispostas a aceitar alguns argumentos das organizações ou dos países que o praticam. Aceitos os argumentos, assumem uma postura de moderada tolerância. Fim de linha. Assim como o ataque a Pearl Harbor sepultou os isolacionistas que inibiam o presidente Roosevelt, as explosões de ontem cobrarão caro ao intelectualismo paraterrorista.
Os americanos souberam do ataque a Pearl Harbor pelo rádio. Viram o desembarque de seus garotos na praia de Omaha, na Normandia, em fotografias tremidas, selecionadas pela censura militar que retinha as imagens de cadáveres. Nunca na história de um povo uma agressão traiçoeira como a de ontem foi transmitida ao vivo. Pior: a partir de hoje, milhões de pessoas andarão pelas ruas de Nova York sem que na sua silhueta estejam as duas torres prateadas do World Trade Center.
Os Estados Unidos vão buscar os terroristas que os atacaram com o mundo ou sem o mundo. Um mundo que lhe retirou o assento na Comissão de Direitos Humanos da ONU, permitindo que nela entrasse o Sudão. Enquanto o problema ficou no nível da malcriação, podia-se aceitar o argumento das trapalhadas do presidente Bush. Depois do desmoronamento das torres, a pergunta que os americanos se fazem, com razão, é como se conseguiu chegar ao ponto a que se chegou.
Ainda não se pode calcular o número de mortos nos atentados de Nova York e Washington. Em Pearl Harbor, foram 2.400. Na praia de Omaha ficaram 3.000. Nos dois casos, eram soldados. Em Nova York, eram civis, trabalhando em seus escritórios ou embarcados em aviões. Para o bem ou para o mal, por muito tempo os Estados Unidos não voltarão a ser como eram quando o dia de ontem amanheceu. Como diz o presidente Bush: "Vamos a ver".
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Os EUA vão à forra, com o mundo ou sem ele
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Colunista da Folha
Ontem , 11 de setembro de 2001, um dia cuja lembrança ficará na crônica da infâmia, alguém mudou a história dos Estados Unidos. Há cerca de 40 anos, quando o presidente Franklin Roosevelt usou algumas dessas palavras para declarar guerra ao Japão, sabia-se que a América não seria mais a mesma, mas tinha-se uma idéia mais ou menos clara de como ela ficaria depois da vitória. Desta vez, é provável que nem o presidente George W. Bush já saiba. À tarde, sua aparência desconcertada sugeria isso.
Pode-se apenas especular a respeito de alguns fatores que determinarão o rosto da América que sairá da poeira de Nova York. O primeiro é simples. A cada exercício de antiamericanismo hipócrita corresponderá uma reação contrária, violenta e ressentida. A cada exercício de compreensão pelos motivos dos terroristas corresponderá um sentimento isolacionista, primitivo e compreensível.
A simpatia pelo charme discreto dos terroristas passará a ter um preço. É comum encontrar-se pessoas que condenam o terror genericamente, mas que estão dispostas a aceitar alguns argumentos das organizações ou dos países que o praticam. Aceitos os argumentos, assumem uma postura de moderada tolerância. Fim de linha. Assim como o ataque a Pearl Harbor sepultou os isolacionistas que inibiam o presidente Roosevelt, as explosões de ontem cobrarão caro ao intelectualismo paraterrorista.
Os americanos souberam do ataque a Pearl Harbor pelo rádio. Viram o desembarque de seus garotos na praia de Omaha, na Normandia, em fotografias tremidas, selecionadas pela censura militar que retinha as imagens de cadáveres. Nunca na história de um povo uma agressão traiçoeira como a de ontem foi transmitida ao vivo. Pior: a partir de hoje, milhões de pessoas andarão pelas ruas de Nova York sem que na sua silhueta estejam as duas torres prateadas do World Trade Center.
Os Estados Unidos vão buscar os terroristas que os atacaram com o mundo ou sem o mundo. Um mundo que lhe retirou o assento na Comissão de Direitos Humanos da ONU, permitindo que nela entrasse o Sudão. Enquanto o problema ficou no nível da malcriação, podia-se aceitar o argumento das trapalhadas do presidente Bush. Depois do desmoronamento das torres, a pergunta que os americanos se fazem, com razão, é como se conseguiu chegar ao ponto a que se chegou.
Ainda não se pode calcular o número de mortos nos atentados de Nova York e Washington. Em Pearl Harbor, foram 2.400. Na praia de Omaha ficaram 3.000. Nos dois casos, eram soldados. Em Nova York, eram civis, trabalhando em seus escritórios ou embarcados em aviões. Para o bem ou para o mal, por muito tempo os Estados Unidos não voltarão a ser como eram quando o dia de ontem amanheceu. Como diz o presidente Bush: "Vamos a ver".
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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