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14/09/2001
-
03h29
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O governo brasileiro apóia uma resposta internacional aos ataques terroristas aos EUA, inclusive uma reação bélica, mas insiste em que o momento não pode ser pautado pela intolerância.
O presidente Fernando Henrique Cardoso deixou claro ontem a líderes de
todos os partidos com representação no Congresso Nacional que teme ""desatinos" na reação aos terroristas".
"Somos radicalmente contrários a atos que levem à insensatez, partam de onde partirem", disse o presidente logo na abertura da reunião realizada no Palácio do Planalto. Ele observou que "desatinos" foram praticados pelos terroristas e completou: "Tomara que o outro não o faça".
Uma eventual reação militar está implícita em resoluções aprovadas anteontem pela Organização das Nações Unidas. Segundo o chanceler Celso Lafer, as resoluções não representam ""uma carta branca, mas uma disposição das Nações Unidas de tomar as medidas necessárias, que naturalmente contemplam o uso de força".
FHC evitou especular sobre a autoria dos atentados da última terça-feira e considerou precipitada a responsabilização de um país pelas ações terroristas. O presidente chegou a comparar o terrorismo ao narcotráfico -ambos teriam atuação independente de governos.
Impacto
Sobre as consequências econômicas dos atentados, FHC disse ontem que não deverá haver abalos no país. Mas afirmou que a administração dos desdobramentos da crise vai exigir muita ""competência" não apenas do governo, mas também dos políticos.
Na agenda do Congresso, o presidente pediu apoio específico a projetos que dêem instrumentos para o combate ao crime organizado e citou o que regulamenta a escuta telefônica.
Porta-voz oficial da reunião, Lafer não quis dizer se o Brasil apoiaria uma declaração de guerra dos Estados Unidos contra o Afeganistão ou outro país que venha a ser responsabilizado pelos ataques ou acusado de proteger terroristas envolvidos.
"Não há nenhuma indicação de um Estado que apóie a rede do terrorismo. Se apoiar, esse Estado se coloca automaticamente à margem da legalidade internacional", disse o chanceler.
A extensão do apoio brasileiro a uma provável reação militar dos Estados Unidos gerou interpretações divergentes após a reunião.
Alguns líderes chegaram a pensar que o Brasil iria se aliar integralmente aos Estados Unidos nas retaliações. Outros destacaram que o governo brasileiro não vai tomar atitudes drásticas e que apostará na democracia e nas leis internacionais para chegar à paz.
Na reunião, FHC buscou respaldo político para o discurso que fará na reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) no final do mês. O presidente quer se manifestar em nome da Nação e não apenas do governo. Por isso teria chamado também os partidos de oposição ao Planalto.
FHC também busca o respaldo dos demais países da América do Sul. Presidentes de países vizinhos estão ligando para FHC e articulando uma posição comum em defesa da paz.
No Congresso
Na reunião de ontem, FHC não pediu nem obteve apoio antecipado do Congresso para tomar nenhuma decisão relacionada aos ataques terroristas nos EUA.
Se os americanos declararem guerra a um país, Lafer disse que o Executivo tem autonomia para dar ou não solidariedade diplomática. Só necessitaria do apoio do Congresso no caso de querer enviar tropas -discussão que considera precipitada.
Lafer divulgou as resoluções da Assembléia Geral e do Conselho de Segurança da ONU. Na primeira, as Nações Unidas "expressam sua prontidão para adotar todos os passos necessários para responder aos ataques terroristas de 11 de setembro e combater todas as formas de terrorismo".
Por sua vez, o Conselho de Segurança convoca imediata cooperação internacional para prevenir e erradicar atos de terrorismo, considerando responsáveis todos que ajudarem, apoiarem, organizarem ou patrocinarem esse tipo de ação.
As duas resoluções têm o apoio do governo brasileiro.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
FHC apóia reação bélica dos EUA, mas teme "desatinos"
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O governo brasileiro apóia uma resposta internacional aos ataques terroristas aos EUA, inclusive uma reação bélica, mas insiste em que o momento não pode ser pautado pela intolerância.
O presidente Fernando Henrique Cardoso deixou claro ontem a líderes de
todos os partidos com representação no Congresso Nacional que teme ""desatinos" na reação aos terroristas".
"Somos radicalmente contrários a atos que levem à insensatez, partam de onde partirem", disse o presidente logo na abertura da reunião realizada no Palácio do Planalto. Ele observou que "desatinos" foram praticados pelos terroristas e completou: "Tomara que o outro não o faça".
Uma eventual reação militar está implícita em resoluções aprovadas anteontem pela Organização das Nações Unidas. Segundo o chanceler Celso Lafer, as resoluções não representam ""uma carta branca, mas uma disposição das Nações Unidas de tomar as medidas necessárias, que naturalmente contemplam o uso de força".
FHC evitou especular sobre a autoria dos atentados da última terça-feira e considerou precipitada a responsabilização de um país pelas ações terroristas. O presidente chegou a comparar o terrorismo ao narcotráfico -ambos teriam atuação independente de governos.
Impacto
Sobre as consequências econômicas dos atentados, FHC disse ontem que não deverá haver abalos no país. Mas afirmou que a administração dos desdobramentos da crise vai exigir muita ""competência" não apenas do governo, mas também dos políticos.
Na agenda do Congresso, o presidente pediu apoio específico a projetos que dêem instrumentos para o combate ao crime organizado e citou o que regulamenta a escuta telefônica.
Porta-voz oficial da reunião, Lafer não quis dizer se o Brasil apoiaria uma declaração de guerra dos Estados Unidos contra o Afeganistão ou outro país que venha a ser responsabilizado pelos ataques ou acusado de proteger terroristas envolvidos.
"Não há nenhuma indicação de um Estado que apóie a rede do terrorismo. Se apoiar, esse Estado se coloca automaticamente à margem da legalidade internacional", disse o chanceler.
A extensão do apoio brasileiro a uma provável reação militar dos Estados Unidos gerou interpretações divergentes após a reunião.
Alguns líderes chegaram a pensar que o Brasil iria se aliar integralmente aos Estados Unidos nas retaliações. Outros destacaram que o governo brasileiro não vai tomar atitudes drásticas e que apostará na democracia e nas leis internacionais para chegar à paz.
Na reunião, FHC buscou respaldo político para o discurso que fará na reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) no final do mês. O presidente quer se manifestar em nome da Nação e não apenas do governo. Por isso teria chamado também os partidos de oposição ao Planalto.
FHC também busca o respaldo dos demais países da América do Sul. Presidentes de países vizinhos estão ligando para FHC e articulando uma posição comum em defesa da paz.
No Congresso
Na reunião de ontem, FHC não pediu nem obteve apoio antecipado do Congresso para tomar nenhuma decisão relacionada aos ataques terroristas nos EUA.
Se os americanos declararem guerra a um país, Lafer disse que o Executivo tem autonomia para dar ou não solidariedade diplomática. Só necessitaria do apoio do Congresso no caso de querer enviar tropas -discussão que considera precipitada.
Lafer divulgou as resoluções da Assembléia Geral e do Conselho de Segurança da ONU. Na primeira, as Nações Unidas "expressam sua prontidão para adotar todos os passos necessários para responder aos ataques terroristas de 11 de setembro e combater todas as formas de terrorismo".
Por sua vez, o Conselho de Segurança convoca imediata cooperação internacional para prevenir e erradicar atos de terrorismo, considerando responsáveis todos que ajudarem, apoiarem, organizarem ou patrocinarem esse tipo de ação.
As duas resoluções têm o apoio do governo brasileiro.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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