Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/09/2001 - 19h43

Paquistão aceita abrir espaço aéreo aos EUA, diz diplomata

Publicidade

MICHEL PAZ
da Folha Online

O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, cedeu às pressões de Washington e decidiu liberar o espaço aéreo do país para possíveis ataques de mísseis e bombas de caças norte-americanos no Afeganistão. A informação foi confirmada por uma fonte diplomática paquistanesa nos EUA ouvida pela Folha Online, que pediu para não ser identificada. A decisão do governo paquistanês não foi oficialmente confirmada.

Os EUA querem cooperação do Paquistão (leia especial) para fechar o cerco ao milionário saudita Osama bin Laden -considerado principal suspeito dos atentados- sob guarida da milícia do Taleban.

Embora não tenham sido divulgados os detalhes das exigências dos EUA, segundo o site do jornal "Washington Post", as autoridades do Paquistão dizem que os norte-americanos não pedirão autorização para instalar tropas no país. Afirmaram ainda que o Paquistão vai cooperar com troca de informações sobre as operações do Taleban.

Os militares paquistaneses, ainda segundo o jornal, afirmam que seus soldados não participarão de qualquer ataque contra o Afeganistão. Algumas temem que o apoio aos EUA provoque violenta reação civil, pois o Taleban conta com a simpatia de grande parte da população paquistanesa devido à ideologia religiosa.

Um dia após os atentados, o presidente paquistanês já havia manifestado publicamente seu apoio formal à luta antiterrorismo proclamada pelos EUA. Mas não foi considerada o bastante para os EUA, que prometeram vingar suas mortes.

O Taleban tem negado envolvimento com os atentados terroristas e comunicou que entrega Bin Laden se os EUA comprovarem que ele é o responsável pelos ataques a Nova York e Washington.

EUA elegem Taleban como inimigo
O secretário de Estado, Colin Powell, responsabilizou hoje o regime Taleban, que controla o Afeganistao, pelos ataques terroristas nos Estados Unidos.

O presidente George W. Bush foi mais longe e afirmou que os EUA têm a missão de libertar o mundo do terrorismo. "Nossa responsabilidade é responder a esses ataques libertando o mundo do mal", afirmou Bush.

Bush vai poder usar "toda força militar" para revidar os atentados. Mas quem lutou contra o Afeganistão desaconselha a guerra. General russo que lutou no país diz que Vietnã vai parecer "piquenique" para os americanos perto do que pode ocorrer. Mas Bush já colhe frutos com sua atuação. A aprovação de seu governo chega a 86%, e 85% apóiam uma invasão.

"Piquenique" no Afeganistão
O coronel russo Yuri Shamanov, que passou cinco anos lutando à frente de um regimento no Afeganistão em um conflito que abalou a antiga União Soviética, desaconselha os Estados Unidos a iniciarem uma guerra com o país, dizendo que o confronto com o Vietnã será "piquenique" se comparado a um novo confronto.

"Se os norte-americanos forem à guerra, tenho pena daqueles meninos. E das suas mães, irmãs e irmãos. Vai ser dez vezes pior do que o Vietnã. O Vietnã vai ser um piquenique em comparação. Aí, sim, eles vão ver", afirmou.

"Os foguetes não vão salvar os norte-americanos: lá não há nada para atacar. Podem gastar anos de munição. As montanhas sobrevivem a qualquer coisa."

A geografia do país e um povo acostumado às batalhas, que conseguiu durante séculos resistir às ofensivas de russos e britânicos, são indícios de que um suposto conflito seria difícil.

Moscou abandonou o conflito em 1989, depois de uma década perdendo dezenas de milhares de soldados soviéticos, mesmo tendo matado muito mais afegãos no conflito. Para Shamanov, os norte-americanos vão enfrentar os mesmos problemas.

Na ocasião, durante a Guerra Fria, os afegãos foram financiados pelos EUA para resistirem à tentativa de invasão soviética, assim como os vietnamitas receberam armas do governo da antiga URSS para resistirem aos EUA.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA

Saiba mais sobre o Paquistão na página especial

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página