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16/09/2001
-
04h15
da Folha de S.Paulo
Ela é conhecida como a "bruxa da nova era". Feminista, ecologista e mística, a escritora americana "Starhawk", como gosta de ser chamada, é levada muito a sério por boa parte dos militantes anticapitalistas.
Seus textos são divulgados para militantes por e-mail e por sites na Internet. Starhawk mora em São Francisco, nos EUA, mas treina ativistas em vários países.
Esteve no Brasil ensinando ação direta -técnicas cinematográficas de protesto- e orienta ativistas de São Paulo. Starhawk deu a seguinte entrevista à Folha:
Folha - Como a sra. avalia os atentados e a reação americana?
Starhawk - Os ataques foram horríveis, completamente indefensáveis, em qualquer nível, seja político ou moral. Isso é um consenso no movimento antiglobalização. Ninguém apóia uma ação dessas contra pessoas inocentes.
Mas precisamos entender o contexto. Os ataques não vieram do vácuo. Os americanos alimentaram esse tipo de ação mundo afora, durante anos, apoiando e financiando atos terroristas contra governos. O próprio Osama Bin Laden foi treinado e financiado pela CIA para combater os russos no Afeganistão.
Além disso, estamos no limite das tensões ambientais e sociais. A desigualdade cria tensões insuportáveis que devem explodir de forma violenta. A menos que possamos mudar as coisas, os EUA não vão ficar imunes a isso.
Folha - Como fica o movimento nesse ambiente de vingança?
Starhawk - Lamento muito que haja um espírito de raiva e de vingança no ar. Nossa dificílima tarefa, como ativistas, é tentar atuar contra isso e tentar ser uma voz em nome da verdadeira justiça. Os eventos da última semana fizeram nossa vida muito mais difícil. Esse é um enorme desafio, mas também é uma grande oportunidade. Minha esperança é recuperarmos o momento que o movimento vivia antes dos atentados. Teremos que fazer algo novo, buscar novas conexões.
Folha - Muitos militantes antiglobalização chamam os EUA de imperialista. Qual é a sua opinião?
Starhawk - Os EUA agem como um novo império. Muitos de nós são ativistas porque amamos nosso país. Amamos os ideais com os quais fomos criados, de que essa é a terra da liberdade e da justiça para todos. Não queremos ver os Estados Unidos transformados simplesmente num agente de opressão do mundo, como é hoje. Queremos trazer nosso país de volta para os valores que amamos e, ao fazer isso, abrir espaço para a democracia no resto do mundo.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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Ela é conhecida como a "bruxa da nova era". Feminista, ecologista e mística, a escritora americana "Starhawk", como gosta de ser chamada, é levada muito a sério por boa parte dos militantes anticapitalistas.
Seus textos são divulgados para militantes por e-mail e por sites na Internet. Starhawk mora em São Francisco, nos EUA, mas treina ativistas em vários países.
Esteve no Brasil ensinando ação direta -técnicas cinematográficas de protesto- e orienta ativistas de São Paulo. Starhawk deu a seguinte entrevista à Folha:
Folha - Como a sra. avalia os atentados e a reação americana?
Starhawk - Os ataques foram horríveis, completamente indefensáveis, em qualquer nível, seja político ou moral. Isso é um consenso no movimento antiglobalização. Ninguém apóia uma ação dessas contra pessoas inocentes.
Mas precisamos entender o contexto. Os ataques não vieram do vácuo. Os americanos alimentaram esse tipo de ação mundo afora, durante anos, apoiando e financiando atos terroristas contra governos. O próprio Osama Bin Laden foi treinado e financiado pela CIA para combater os russos no Afeganistão.
Além disso, estamos no limite das tensões ambientais e sociais. A desigualdade cria tensões insuportáveis que devem explodir de forma violenta. A menos que possamos mudar as coisas, os EUA não vão ficar imunes a isso.
Folha - Como fica o movimento nesse ambiente de vingança?
Starhawk - Lamento muito que haja um espírito de raiva e de vingança no ar. Nossa dificílima tarefa, como ativistas, é tentar atuar contra isso e tentar ser uma voz em nome da verdadeira justiça. Os eventos da última semana fizeram nossa vida muito mais difícil. Esse é um enorme desafio, mas também é uma grande oportunidade. Minha esperança é recuperarmos o momento que o movimento vivia antes dos atentados. Teremos que fazer algo novo, buscar novas conexões.
Folha - Muitos militantes antiglobalização chamam os EUA de imperialista. Qual é a sua opinião?
Starhawk - Os EUA agem como um novo império. Muitos de nós são ativistas porque amamos nosso país. Amamos os ideais com os quais fomos criados, de que essa é a terra da liberdade e da justiça para todos. Não queremos ver os Estados Unidos transformados simplesmente num agente de opressão do mundo, como é hoje. Queremos trazer nosso país de volta para os valores que amamos e, ao fazer isso, abrir espaço para a democracia no resto do mundo.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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