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17/09/2001 - 02h54

EUA prometem usar táticas "sujas" contra o terrorismo

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MARCIO AITH
da Folha de S.Paulo, em Washington

Apesar de apelos crescentes para que a Casa Branca modere sua resposta aos atentados da semana passada, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, disse ontem que a guerra contra o terrorismo vai durar "vários anos" e usará táticas "malvadas" e "sujas".

"O negócio lá fora é malvado, perigoso e sujo, e temos de operar nessa arena", disse o vice-presidente, referindo-se ao terrorismo internacional.

Cheney disse ainda que, para buscar o milionário saudita e líder terrorista Osama bin Laden, principal suspeito da destruição das torres do World Trade Center e de parte do Pentágono, os EUA punirão "com toda a fúria militar" os países que o abrigam.

Incumbido pela Casa Branca de costurar apoio internacional à uma reação militar e de obrigar o resto do mundo a optar por um dos dois lados da anunciada guerra ao terrorismo, o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, deu indícios do alcance que terão as táticas de espionagem a serem empregadas.

O secretário disse que, como resultado dos ataques do último dia 11, os EUA estão revendo várias leis que hoje restringem operações da CIA e do FBI.

Entre essas leis, Powell confirmou que o governo pretende derrubar uma restrição instituída em 1976, durante a gestão do ex-presidente Gerald Ford, proibindo o governo norte-americano de conspirar para assassinar "inimigos" no exterior e de usar a cooperação de pessoas associadas a crimes. "Todas as leis estão sendo revistas", disse ele ao ser questionado especificamente sobre os assassinatos no exterior.

Cheney e Powell informaram ainda que, ao lado da estratégia militar, a espionagem e operações secretas, usadas com profundidade durante o combate ao comunismo na Guerra Fria, formarão o segundo pilar da batalha contra o terrorismo.

Ao voltar ontem a Washington, vindo da residência presidencial de Camp David, o presidente George W. Bush repetiu as ameaças agressivas que vem expressando desde que adotou uma estratégia de relações públicas ostensiva, dois dias depois do atentado. "Nunca vimos malfeitores que pudessem fazer algo como o que eles fizeram. Mas esses malfeitores ainda não viram os americanos em ação. Eles verão."

Bush disse que a "guerra contra o terrorismo vai durar um pouco" e pediu paciência à população norte-americana. Pesquisa da rede de TV CNN e da revista "Time" mostrou que 62% dos americanos querem uma declaração de guerra contra os responsáveis pelos ataques de terça-feira.

No entanto 61% dos entrevistados disseram não saber contra quem a guerra deve ser declarada, embora 92% deles tenham apontado Bin Laden, que vive no Afeganistão e é apoiado pela milícia extremista Taleban, que controla o país, como o principal culpado pelos ataques.

O discurso bélico de Bush está impulsionando sua popularidade. Outra pesquisa da CNN e da "Time" revelou que 86% dos norte-americanos apóiam a forma com a qual o presidente está lidando com a crise.

Cheney "agarrado"
O vice-presidente Cheney, que foi secretário da Defesa durante a Guerra do Golfo (1991), no governo de George Bush pai, contou ontem com detalhes como os agentes do serviço secreto o conduziram para um bunker na Casa Branca no dia dos atentados.

Como se acreditava ser iminente um ataque à sede do governo americano, Cheney disse à TV NBC que foi agarrado pelos agentes sem maiores explicações.

"Não me chamaram de senhor nem se mostraram corteses", relatou. "Só disseram: "Temos de ir imediatamente", e me agarraram. Nas circunstâncias, fizeram o que tinha de ser feito."

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
 

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