Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/09/2001 - 14h18

Ex-combatentes advertem EUA de perigo de entrar no Afeganistão

Publicidade

da France Presse, em Moscou

Os russos advertiram hoje os americanos sobre os perigos de intervir no Afeganistão, que deu asilo ao terrorista Osama bin Laden, principal suspeito dos atentados de 11 de setembro em Nova York e em Washington. As tropas da antiga ex-URSS, comandada a partir da Rússia, lutaram durante dez anos no Afeganistão.

"O exemplo da URSS mostrou que o Afeganistão é uma fortaleza inconquistável", avalia o deputado russo Ievguêni Zelenov, ex-combatente da guerra.

Decidida secretamente em dezembro de 1979 por um grupo restrito de membros do Politburo (principal órgão executivo do PC soviético), a intervenção da URSS no Afeganistão, durante muito tempo apresentada como uma "ajuda a um povo irmão", é hoje em dia considerada como um enorme erro político na Rússia.

Esta guerra, que durou dez anos, deixou 1 milhão de mortos do lado afegão e 14 mil mortos e 50 mil feridos nas fileiras soviéticas, segundo fontes russas.

"Lançando pedidos de vingança, a opinião pública americana parece ter esquecido o Vietnã. Quando morrer o primeiro soldado americano desta nova guerra, a opinião pública vai recuar", afirmou Zelenov.

"Uma eventual operação terrestre representaria um risco demasiado grande para os Estados Unidos e a administração americana sabe disso. Não acredito que passem dos bombardeios", afirmou.

"Os americanos possuem armamentos sofisticados, mas sua infantaria tem pouca experiência", afirma Vladimir Kostiuchenko, que dirige uma associação de ex-combatentes soviéticos do Afeganistão.

"A guerra do Vietnã acabou há muito tempo e desde então os americanos não tiveram ocasião de treinar em terra, à diferença dos russos, envolvidos em vários conflitos locais em território da ex-URSS durante os últimos dez anos", explicou este ex-piloto de helicóptero que passou quatro anos no Afeganistão.

"Tenho sérias dúvidas de que bombardeios sejam eficazes", disse Zelenov. "Afeganistão não é Iraque ou Iugoslávia, não é planície ou deserto, mas montanhas que só podem ser alcançadas com armas proibidas, químicas ou biológicas", diz o deputado.

"Se os americanos se limitarem a bombardear Afeganistão, essa decisão tem o risco de provocar uma nova onda terrorista e o ódio de todos os países muçulmanos", disse Kostiuchenko.

Em sua opinião, a única possibilidade para Estados Unidos "terem êxito nessa nova guerra" é chegar ao Afeganistão como "liberadores" do povo afegão que "sofre a opressão do Taleban".

Para isso, Washington deve "lançar uma operação terrestre, mas atingindo unicamente lugares vinculados ao terrorismo, evitando provocar vítimas entre os civis", diz o ex-combatente. "Fazendo sofrer a população civil, os soviéticos se converteram em inimigos para os afegãos. Estados Unidos não devem repetir nossos erros", concluiu ele.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA

Leia mais no especial sobre Taleban

Leia mais no especial sobre Paquistão
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página