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21/09/2001 - 04h23

Leia na íntegra o discurso de Bush no Congresso dos EUA

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da Folha de S.Paulo

Leia a seguir a íntegra do discurso do presidente George W. Bush, conforme consta no site da Casa Branca.

Senhor presidente da Câmara, senhor presidente interino do Senado, membros do Congresso e caros americanos:

Em situações normais, presidentes vêm a essa Câmara para falar do estado
da União. Hoje à noite, isso não é necessário. O estado do país já foi mostrado pela povo americano.

Vimos a coragem dos passageiros, que enfrentaram terroristas para salvar outras pessoas no solo -passageiros como um homem excepcional chamado Todd Beamer. Por favor, ajudem-me a dar as boas-vindas à sua mulher, Lisa Beamer.

Vimos o estado de nossa União na persistência das equipes de resgate, trabalhando além da exaustão. Vimos o desfraldar de bandeiras, o acendimento de velas, a doação de sangue, as preces -em inglês, em hebraico e em árabe. Vimos a decência de pessoas amáveis e generosas, que fizeram da dor de estranhos a sua própria.

Caros concidadãos, nos últimos nove dias, o mundo todo viu o estado de nossa União -e ela é forte.

Hoje à noite, somos um país que acordou para o perigo e foi chamo para defender a liberdade. Nossa dor transformou-se em raiva, e a raiva em determinação. Se conseguiremos trazer nossos inimigos à Justiça ou levaremos a justiça a nossos inimigos, a justiça será feita.

Agradeço o Congresso por sua liderança num momento tão importante. Toda a América ficou emocionada na noite da tragédia ao ver republicanos e democratas, em conjunto nos degraus do Capitólio, cantando "God Bless America". E vocês fizeram mais do que cantar, vocês agiram ao liberar US$ 40 bilhões para reconstruir nossas comunidades e pagar as necessidades de nossos militares.

Presidente Hastert e líder da minoria Gephardt -líder da maioria Daschle e senador Lott- agradeço por sua amizade, por sua liderança e pelo serviço que prestaram a nosso país.

E, em nome do povo americano, agradeço o mundo pelo forte apoio. A America jamais esquecerá o som de nosso hino nacional sendo tocado no Palácio de Buckingham, nas ruas de Paris e no Portão de Brandemburgo em Berlim. Não esqueceremos as crianças sul-coreanas rezando em frente à nossa embaixada em Seul nem as orações feitas numa mesquita do Cairo. Não esqueceremos momentos de silêncio e dias de luto na Austrália, na África e na América Latina.

Também não esqueceremos os cidadãos de 80 nações que morreram ao lado de nossos cidadãos. Dúzias de paquistaneses. Mais de 130 israelenses. Mais de 250 cidadãos da Índia. Homens e mulheres de El Salvador, do Irã, do México e do Japão. E centenas de cidadãos britânicos. A America não tem nenhum amigo tão verdadeiro como o Reino Unido. Mais uma vez, estamos lado a lado numa grande causa. O premiê britânico atravessou o Atlântico para mostrar sua unidade de propósito com a América. E, hoje à noite, damos as boas-vindas a Tony Blair.

Em 11 de setembro, inimigos da liberdade cometeram um ato de guerra contra nosso país. Os americanos já conheceram guerras -mas, nos últimos 136 anos, foram guerras em solo estrangeiro, exceto num domingo em 1941.
Os americanos sofreram perdas em guerras -mas não no centro de uma grande cidade numa manhã tranquila. Os americanos conheceram ataques surpreendentes -mas nunca anteriormente contra milhares de civis. Tudo isso caiu sobre nós num único dia -e a noite caiu num mundo diferente, um mundo no qual a liberdade está sendo atacada.

Os americanos têm muitas perguntas hoje à noite. Os americanos estão perguntando: quem atacou nosso país?

As pistas que amealhamos nos dirigem a uma coleção de organizações
terroristas difusas chamada Al Qaeda. Eles são os mesmos assassinos indiciados pelos ataques às embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia. Também são responsáveis pelo atentado a bomba ao U.S.S. Cole.
Al Qaeda é para o terror o que a máfia é para o crime. Mas seu objetivo não é ganhar dinheiro. Seu objetivo é refazer o mundo -e impor suas crenças radicais a pessoas do mundo todo.

Os terroristas praticam uma forma marginal de extremismo islâmico, que foi rejeitada por acadêmicos muçulmanos e pela maioria dos clérigos muçulmanos -um movimento marginal que perverte os ensinamentos pacíficos do islã. A diretiva dos terroristas os leva a matar cristãos e judeus, a matar americanos e a não separar os militares dos civis, incluindo mulheres e crianças.

Esse grupo e seu líder -uma pessoa chamada Osama bin Laden- estão ligados a várias outras organizações em diferentes países, incluindo o Jihad Islâmico egípcio e o Movimento Islâmico do Uzbequistão.

Há milhares desses terroristas em mais de 60 países. Eles são recrutados em suas próprias nações e em suas vizinhanças. São levados a campos em locais como o Afeganistão, onde aprendem as táticas do terror. Eles são mandados de volta a seus países ou enviados a outros países do mundo para planejar o mal e a destruição.

A liderança da Al Qaeda tem grande influência no Afeganistão e apóia o regime do Taleban, que controla a maioria do país. No Afeganistão, vemos a visão de mundo da Al Qaeda.

O povo do Afeganistão tem sido brutalizado -muitos estão morrendo de fome, e muito outros fugiram. As mulheres não podem frequentar escolas. Você pode ser preso por possuir um aparelho de TV. A religião só pode ser praticada conforme ditada por seus líderes. Um homem pode se preso, no Afeganistão, se sua barba não for longa o suficiente.

Os EUA respeitam o povo do Afeganistão -somos atualmente sua maior fonte de ajuda humanitária-, mas condenamos o regime do Taleban. Ele não apenas reprime seu próprio povo mas também ameaça pessoas em todos os lugares ao patrocinar, abrigar e fornecer terroristas. Ajudando assassinos, o regime do Taleban comete assassinatos. E, hoje à noite, os EUA fazem as seguintes exigências ao Taleban:

Entregar às autoridades americanas todos os líderes da Al Qaeda que se escondem em seu território.

Libertar estrangeiros -incluindo cidadãos americanos- que vocês prenderam injustamente e proteger jornalistas estrangeiros, diplomatas e pessoas que trabalham com ajuda humanitária.

Fechar imediatamente e permanentemente todos os campos de treinamento de terroristas existentes no Afeganistão e entregar todos os terroristas e todas as pessoas que os apóiam a autoridades competentes.

Dêem aos Estados Unidos acesso total aos campos de treinamento terrorista para que possamos verificar se eles não estão mais em operação.

Essas demandas não estão abertas a negociação ou discussão. O Taleban deve agir e agir imediatamente. Eles vão entregar os terroristas ou eles vão compartilhar sua sina.

Hoje eu também quero falar diretamente aos muçulmanos de todo o mundo: nós respeitamos a sua fé. Ela é praticada livremente por milhões de americanos e por milhões mais em países que a América considera amigos.
Seus ensinamentos são bons e pacíficos, e aqueles que cometem males em nome de Allah blasfemam o nome de Allah. Os terroristas são traidores de sua própria fé, tentando, de fato, sabotar o próprio islã. O inimigo da América não são os nossos muitos amigos muçulmanos; não são os nosso numerosos amigos árabes. Nosso inimigo é uma rede radical de terroristas e cada governo que a apóia.

Nossa guerra contra o terror começa com a Al Qaeda, mas não é lá que ela termina. Ela não vai acabar até que cada grupo terrorista de alcance global tenha sido encontrado, parado e derrotado.

Americanos estão perguntando: por que eles nos odeiam?
Eles odeiam o que nós vemos aqui mesmo nessa câmara -um governo eleito democraticamente. Os líderes deles são auto-indicados. Eles odeiam as nossas liberdades -nossa liberdade de religião, nossa liberdade de expressão, nossa liberdade de voto e de associação e de descordar um do outro.

Eles querem derrubar governos existentes em muitos países como Egito, Arábia Saudita e Jordânia. Eles querem expulsar Israel do Oriente Médio. Eles querem expulsar cristãos e judeus de enormes áreas da Ásia e da África.

Esses terroristas não matam apenas para acabar com vidas, mas para tumultuar e acabar com um estilo de vida. Com cada atrocidade eles esperam que a América se torne temerosa, retraindo-se do mundo e abrindo mão de nossos amigos. Eles se colocam contra nós porque nós estamos em seu caminho.

Não nos enganamos com as suas pretensões à piedade. Já vimos o seu tipo antes. Eles são os herdeiros de todas as ideologias assassinas do século 20. Ao sacrificar vidas humanas a serviço de sua visão radical -a de abandonar todos os valores exceto a busca pelo poder-, eles trilham o caminho do fascismo, nazismo e do totalitarismo. E eles trilharão esse caminho até o fim, até onde ele termina: na cova não-identificada das mentiras descartadas.

Americanos estão se perguntando: Como vamos lutar e vencer essa guerra?
Nós vamos direcionar todos os recursos sob nosso controle -todos os meios de diplomacia, todas as ferramentas de inteligência, todos os instrumentos de aplicação da lei, toda influência financeira e toda arma de guerra necessária- para a desorganização e derrota da rede global de terror.

Essa guerra não vai ser como a guerra contra o Iraque há uma década, com sua decisiva libertação de território e rápida conclusão. Não vai se assemelhar à guerra aérea em Kosovo há dois anos, onde tropas terrestres não foram usadas e nem um único americano foi perdido em combate.

Nossa reação envolve muito mais do que retaliação instantânea e ataques isolados. Americanos não devem esperar uma batalha, mas sim uma campanha extensa, diferente de qualquer outra que nós já vemos. Ela pode incluir ataques dramáticos, visíveis na televisão, e operações secretas, sigilosa até mesmo no sucesso. Nós vamos cortar o financiamento dos terroristas, jogar um contra o outro, fazê-los correr de um lugar para o outro até que não haja mais refúgio ou descanso. E nós vamos perseguir nações que ofereçam ajuda ou abrigo seguro para o terrorismo. Cada nação, em cada religião, tem de tomar uma decisão agora. Ou estão conosco ou estão com os terroristas. Desse dia em diante, qualquer nação que continue a proteger ou sustentar terrorismo vai ser considerada pelos Estados Unidos como um regime hostil.

Nossa nação foi colocada em alerta: não estamos imunes de um ataque. Nós vamos tomar medidas defensivas contra terrorismo para proteger os americanos.

Hoje, dezenas de departamentos e agências federais, assim como governos estaduais e locais, têm responsabilidades que afetam a segurança interna. Esses esforços devem ser coordenados no nível mais alto.
Portanto hoje à noite eu anuncio a criação de um cargo de nível ministerial que responderá diretamente a mim -o Escritório de Segurança Interna.

Essas medidas são essenciais. Mas a única forma de derrotar o terrorismo, uma ameaça ao nosso modo de vida, é detê-lo, eliminá-lo e destruí-lo onde ele venha a crescer.

Muitos serão envolvidos nesse esforço, desde agentes do FBI a operadores de inteligência e os reservistas que chamamos para serviço ativo. Todos merecem o nosso obrigado e todos recebem as nossas preces. E hoje, a algumas milhas do edifício danificado do Pentágono, eu tenho uma mensagem para os nossos militares: estejam prontos. Eu coloquei as Forças Armadas em alerta, e há um motivo. A hora quando a América agirá está chegando, e vocês nos deixarão orgulhosos.

Entretanto, isso não é apenas a luta da América. E o que está em jogo não é apenas a liberdade da América. Essa luta é mundial. Essa luta é da civilização. Essa é a luta de todos que acreditam em progresso e pluralismo, tolerância e liberdade.

Nós pedimos a todas as nações que se juntem a nós. Nós pediremos, nós precisaremos da ajuda de forças policiais, serviços de inteligência e sistemas bancários em todo o mundo. Os Estados Unidos estão agradecidos que muitas nações e muitas organizações internacionais já responderam -com simpatia e com apoio. Nações da América Latina à Ásia, à África, à Europa, ao mundo islâmico. Talvez a Carta da Otan reflita melhor a atitude do mundo: o ataque a um é o ataque a todos.

O mundo civilizado está se alinhando com a América. Eles entendem que, se esse terror seguir impune, suas próprias cidades, seus próprios cidadãos possam ser os próximos. Terror não respondido pode não só trazer prédios abaixo, também pode ameaçar a estabilidade de governos legítimos. E nós não o permitiremos.

Americanos estão perguntando: o que está sendo esperado de nós?
Eu peço que vocês vivam suas vidas e abracem seus filhos. Eu sei que muitos cidadãos têm medos hoje à noite e eu os peço para ficarem calmos e resolutos, mesmo em face de uma ameaça contínua.

Eu peço que vocês sustenham os valores da América e lembrem por que tantos vieram para cá. Nós estamos em uma luta pelos nossos princípios e a nossa primeira responsabilidade é de viver de acordo com eles. Ninguém deve ser apontado para receber tratamento injusto ou palavras
desagradáveis por causa de sua ascendência étnica ou por seu credo religioso.

Eu peço que vocês continuem a apoiar as vítimas dessa tragédia com as suas contribuições. Aqueles que desejarem doar podem ir a uma fonte central de informação, http://libertyunites.org, para encontrar os nomes dos grupos oferecendo ajuda direta em Nova York, Pensilvânia e Virgínia.
Os milhares de agentes do FBI que agora estão trabalhando nessa investigação podem precisar de sua cooperação, e eu peço que vocês a dêem.

Eu peço a sua paciência, com os atrasos e inconveniências que podem acompanhar uma segurança mais rígida, e com a sua paciência no que será uma longa luta.

Eu peço a sua participação contínua e confiança na economia americana. Terroristas atacaram um símbolo da prosperidade americana. Eles não tocaram a sua fonte. A América é bem-sucedida por causa do trabalho duro, da criatividade e do empreendimento do seu povo. Essas foram as verdadeiras forças de nossa economia antes do dia 11 de setembro, e elas são as nossas forças hoje.

Finalmente, por favor sigam rezando pelas vítimas do terror e suas famílias, por aqueles em uniforme e por nosso grande país. As orações nos consolam na tristeza e ajudarão a nos fortalecer para a jornada à nossa frente.

Nesta noite eu agradeço aos americanos pelo que vocês já fizeram e pelo que farão. E, senhoras e senhores do Congresso, eu agradeço a vocês, seus representantes, pelo que já fizeram e farão juntos.

Nesta noite enfrentamos novos e inesperados desafios nacionais. Nos uniremos para melhorar a segurança aérea, expandir dramaticamente o número de seguranças nos vôos domésticos e tomar novas medidas para impedir sequestros. Nos uniremos para promover a estabilidade e manter nossas companhias aéreas voando com assistência direta durante essa emergência.

Nos uniremos para dar aos órgãos de segurança as ferramentas adicionais necessárias para perseguir o terror aqui em nosso país. Nos uniremos para fortalecer nossa inteligência para conhecermos os planos dos terroristas antes de eles agirem e os encontrarmos antes de atacarem.
Nos uniremos para tomar as medidas para fortalecer a economia americana e mandar nosso povo de volta ao trabalho.

Nesta noite nós recebemos aqui dois líderes que personificam o extraordinário espírito de Nova York: o governador George Pataki e o prefeito Rudolph Giuliani. Como um símbolo da fibra americana, minha administração trabalhará com o Congresso e esses dois líderes para mostrar ao mundo que reconstruiremos Nova York.

Após tudo o que aconteceu, todas as vidas tiradas e todas as possibilidades e esperanças que morreram com eles, é natural indagar se o futuro da América é um futuro de medo. Alguns falam de uma era do terror. Sei que há lutas pela frente e perigos a enfrentar. Mas este país irá definir nossa época, não ser definido por ela. Enquanto os EUA forem determinados e fortes, essa não será uma era de terror; essa será uma era de liberdade, aqui e em todo o mundo.

Sofremos muitos danos e grandes perdas. E em nossa dor e raiva encontramos nossa missão e nosso momento. A liberdade e o medo estão em guerra. O avanço da liberdade humana -a grande conquista de nosso tempo e a grande esperança de sempre- agora depende de nós. Nossa nação -a geração atual- eliminará uma ameaça de violência de nosso povo e de nosso futuro. Uniremos o mundo por essa causa, com nosso esforço e nossa coragem. Não cansaremos e não falharemos.

Minha esperança é que nos próximos meses e anos a vida retornará quase ao normal. Voltaremos a nossas vidas e rotinas, e isso é bom. Até a dor desaparece com o tempo. Mas nossa determinação não deve passar. Cada um de nós lembrará o que aconteceu naquele dia, e com quem aconteceu.
Lembraremos do momento em que a notícia chegou -onde estávamos e o que fazíamos. Alguns lembrarão de uma imagem de fogo ou uma história de resgate. Alguns de memórias de um rosto ou uma voz desaparecida para sempre.

E eu carregarei isso. É o crachá de um homem chamado George Howard, que morreu no World Trade Center tentando salvar outras vidas. Foi dado a mim por sua mãe, Arlene, como um memorial orgulhoso para o seu filho.
isso me lembra das vidas que terminaram e de um objetivo que não termina.

Eu não esquecerei essa ferida em nosso país ou aqueles que a infligiram. Não desistirei, não descansarei nessa luta pela liberdade e segurança do povo americano.

O curso desse conflito é desconhecido, mas seu final é certo. Liberdade e medo, justiça e crueldade, sempre estiveram em guerra, e sabemos que Deus não é neutro entre eles.

Caros cidadãos, enfrentaremos violência com justiça paciente -seguros de que a nossa causa é justa e confiantes na vitória futura. Em tudo que está a nossa frente, que Deus nos dê sabedoria, e que Ele zele pelos
Estados Unidos da América.
Obrigado.

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