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22/09/2001
-
04h44
KIYOMORI MORI
free-lance para a Folha, de Larore
Em Lahore, cerca de 20 mil pessoas participaram ontem dos protestos contra a decisão do presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, de apoiar os EUA na chamada "guerra ao terrorismo".
Na mais importante mesquita da cidade, Badshahi, durante a oração do meio-dia, o líder religioso convocou todos a participarem da passeata, marcada para duas horas depois.
A avenida Mall, a principal de Lahore, onde se localizam lojas das cadeias americanas de fast food McDonald's e Pizza Hut, além de uma filial da American Express, foi fechada.
No Paquistão, um decreto do governo determina que o comércio deve funcionar normalmente na sexta-feira e fechar apenas aos domingos. Mas os grupos islâmicos que convocaram os protestos também anunciaram uma greve geral, pedindo a todos os lojistas que fechassem suas portas.
Cerca de 20 mil manifestantes ocuparam toda a extensão da avenida, de cerca de quatro quilômetros, durante toda a tarde.
Duzentos policiais militares e soldados do Exército, armados com escudos, metralhadoras e veículos militares foram destacados para acompanhar os protestos de ontem.
"Queremos ter certeza de que não acontecerá por aqui a violência que está se passando em Karachi [onde quatro manifestantes morreram ontem]", disse o tenente Nadin Soheal.
Mesmo assim, houve um princípio de tumulto quando o dono de uma sapataria se recusou a fechar as portas de sua loja. Mas a polícia interveio e o comerciante acabou fechando as portas.
A passeata foi pacífica no resto do percurso, prejudicando apenas o trânsito.
Cerca de 30 ônibus foram fretados pelas mesquitas e partidos de esquerda para trazer manifestantes do interior.
Sob os gritos de ordem "Bin Laden não é terrorista" e "Fora Estados Unidos", os manifestantes seguiram pelas ruas da cidade.
Além disso, muitas pessoas portavam bandeiras e faixas em apoio a Osama bin Laden, acusado de planejar o ataque terrorista de 11 de setembro nos EUA.
Um texto apócrifo foi distribuído aos que assistiam à passeata.
No panfleto, os EUA são acusados de "promover o fim do islamismo" no mundo.
"Os EUA querem controlar o mundo. Nós somos contrários aos EUA, mas não contrários ao povo norte-americano. Eles começaram contra o Iraque em 1991, nos acusaram pelo atentado em Oklahoma [em 1995] e, agora, querem destruir o Afeganistão e pôr as comunidades muçulmanas umas contra as outras", diz um trecho do texto.
O engenheiro Mohamed Khan, 32, um dos organizadores da passeata, acredita em uma conspiração internacional que inclui a imprensa. "Vocês, da mídia internacional, são responsáveis pelo que estamos passando. Vocês só mostram um lado da história", afirmou Khan.
Nova teoria
Uma nova teoria, segundo a qual o Mossad (serviço secreto israelense), seria o grande culpado pelos atentados nos EUA, tem inflamado ainda mais os ânimos de parte da população.
Diversos jornais da região de Lahore vem publicando essa "notícia" com destaque.
O "The Nation", diário paquistanês em língua inglesa, afirmava na edição de ontem que "4.000 israelenses que trabalhavam no World Trade Center deixaram misteriosamente de comparecer ao serviço no dia do atentado".
Segundo o jornal, "o FBI está investigando o motivo de nenhum israelense ter ficado ferido e como eles sabiam que não deveriam ir ao trabalho".
Mas a notícia parece não ter fundamento algum: segundo dados do consulado israelense em Nova York, 113 israelenses estão entre os desaparecidos.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
"Bin Laden não é terrorista", diz slogan
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free-lance para a Folha, de Larore
Em Lahore, cerca de 20 mil pessoas participaram ontem dos protestos contra a decisão do presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, de apoiar os EUA na chamada "guerra ao terrorismo".
Na mais importante mesquita da cidade, Badshahi, durante a oração do meio-dia, o líder religioso convocou todos a participarem da passeata, marcada para duas horas depois.
A avenida Mall, a principal de Lahore, onde se localizam lojas das cadeias americanas de fast food McDonald's e Pizza Hut, além de uma filial da American Express, foi fechada.
No Paquistão, um decreto do governo determina que o comércio deve funcionar normalmente na sexta-feira e fechar apenas aos domingos. Mas os grupos islâmicos que convocaram os protestos também anunciaram uma greve geral, pedindo a todos os lojistas que fechassem suas portas.
Cerca de 20 mil manifestantes ocuparam toda a extensão da avenida, de cerca de quatro quilômetros, durante toda a tarde.
Duzentos policiais militares e soldados do Exército, armados com escudos, metralhadoras e veículos militares foram destacados para acompanhar os protestos de ontem.
"Queremos ter certeza de que não acontecerá por aqui a violência que está se passando em Karachi [onde quatro manifestantes morreram ontem]", disse o tenente Nadin Soheal.
Mesmo assim, houve um princípio de tumulto quando o dono de uma sapataria se recusou a fechar as portas de sua loja. Mas a polícia interveio e o comerciante acabou fechando as portas.
A passeata foi pacífica no resto do percurso, prejudicando apenas o trânsito.
Cerca de 30 ônibus foram fretados pelas mesquitas e partidos de esquerda para trazer manifestantes do interior.
Sob os gritos de ordem "Bin Laden não é terrorista" e "Fora Estados Unidos", os manifestantes seguiram pelas ruas da cidade.
Além disso, muitas pessoas portavam bandeiras e faixas em apoio a Osama bin Laden, acusado de planejar o ataque terrorista de 11 de setembro nos EUA.
Um texto apócrifo foi distribuído aos que assistiam à passeata.
No panfleto, os EUA são acusados de "promover o fim do islamismo" no mundo.
"Os EUA querem controlar o mundo. Nós somos contrários aos EUA, mas não contrários ao povo norte-americano. Eles começaram contra o Iraque em 1991, nos acusaram pelo atentado em Oklahoma [em 1995] e, agora, querem destruir o Afeganistão e pôr as comunidades muçulmanas umas contra as outras", diz um trecho do texto.
O engenheiro Mohamed Khan, 32, um dos organizadores da passeata, acredita em uma conspiração internacional que inclui a imprensa. "Vocês, da mídia internacional, são responsáveis pelo que estamos passando. Vocês só mostram um lado da história", afirmou Khan.
Nova teoria
Uma nova teoria, segundo a qual o Mossad (serviço secreto israelense), seria o grande culpado pelos atentados nos EUA, tem inflamado ainda mais os ânimos de parte da população.
Diversos jornais da região de Lahore vem publicando essa "notícia" com destaque.
O "The Nation", diário paquistanês em língua inglesa, afirmava na edição de ontem que "4.000 israelenses que trabalhavam no World Trade Center deixaram misteriosamente de comparecer ao serviço no dia do atentado".
Segundo o jornal, "o FBI está investigando o motivo de nenhum israelense ter ficado ferido e como eles sabiam que não deveriam ir ao trabalho".
Mas a notícia parece não ter fundamento algum: segundo dados do consulado israelense em Nova York, 113 israelenses estão entre os desaparecidos.
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