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22/09/2001
-
05h01
CLÓVIS ROSSI
colunista da Folha
Não há até agora, na fronteira Argentina/Brasil/Paraguai, evidência alguma de nichos terroristas, mas ela é com certeza "ponto importante de lavagem de dinheiro", conforme avaliação do governo brasileiro obtida pela Folha.
Essa característica explica o interesse do FBI, a polícia federal norte-americana, por investigar a região. Uma das estratégias desenhadas por Washington para a sua guerra contra o terrorismo é exatamente a tentativa de cortar os fluxos financeiros que o alimentam.
No caso da tríplice fronteira sul-americana, uma parte da movimentação de dinheiro é feita pela importante comunidade árabe ali instalada (há também comunidades chinesa e taiwanesa, e ambas fazem igualmente remessas para o exterior).
A Folha ouviu a seguinte observação: "Se o dinheiro enviado pelos árabes para o Líbano fosse carimbado, haveria boa chance de que uma nota carimbada aparecesse com alguém do Hizbollah".
É uma alusão ao "Partido de Deus", grupo fundamentalista islâmico de forte presença no Líbano e linha de frente no combate à Israel.
Significa, então, que há um núcleo terrorista na fronteira? Não necessariamente. Significa apenas que há vínculos familiares entre os libaneses e seus descendentes residentes em Foz do Iguaçu e os que ficaram no Líbano.
Qualquer cálculo sobre o volume de dinheiro que é movimentado ilegalmente na fronteira tríplice é, obviamente, precário. Mas fala-se em algo em torno de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão por ano.
A maior fatia, de longe, está associada ao caixa 2 de empresas, ou seja, a crimes contra o fisco.
Lavagem de dinheiro à parte, a hipótese de um núcleo terrorista ou de apoio ao terrorismo em Foz de Iguaçu e nas cidades que com ela fazem fronteira foi examinada exaustivamente, sem que surgisse uma única pista.
Quem primeiro levantou o assunto foi Carlos Corach, então ministro do Interior da Argentina, no governo Carlos Menem. As autoridades brasileiras receberam a informação com desconfiança.
Suspeitaram que era apenas uma tentativa de encobrir as dificuldades da polícia argentina para descobrir os autores dos atentados contra a embaixada de Israel, primeiro, e contra uma entidade de benemerência judaica, depois, ambos em Buenos Aires.
Mas Corach tanto insistiu que, em uma das reuniões, os brasileiros participantes pediram nomes e indícios concretos. Não receberam nem uns nem outros.
Não obstante, o Departamento de Estado norte-americano mantém a tríplice fronteira na lista de pontos sob suspeição. Autoridades brasileiras ouvidas pela Folha acham que é apenas a reprodução de notícias vagas, publicadas pelos jornais, periodicamente, ou de uma lógica básica.
Como a comunidade árabe é numerosa, seria natural que um militante também árabe, que precisasse de refúgio longe de sua base operacional, procurasse a tríplice fronteira. Entre os seus, não seria notado.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Grupos podem lavar dinheiro no Brasil
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Não há até agora, na fronteira Argentina/Brasil/Paraguai, evidência alguma de nichos terroristas, mas ela é com certeza "ponto importante de lavagem de dinheiro", conforme avaliação do governo brasileiro obtida pela Folha.
Essa característica explica o interesse do FBI, a polícia federal norte-americana, por investigar a região. Uma das estratégias desenhadas por Washington para a sua guerra contra o terrorismo é exatamente a tentativa de cortar os fluxos financeiros que o alimentam.
No caso da tríplice fronteira sul-americana, uma parte da movimentação de dinheiro é feita pela importante comunidade árabe ali instalada (há também comunidades chinesa e taiwanesa, e ambas fazem igualmente remessas para o exterior).
A Folha ouviu a seguinte observação: "Se o dinheiro enviado pelos árabes para o Líbano fosse carimbado, haveria boa chance de que uma nota carimbada aparecesse com alguém do Hizbollah".
É uma alusão ao "Partido de Deus", grupo fundamentalista islâmico de forte presença no Líbano e linha de frente no combate à Israel.
Significa, então, que há um núcleo terrorista na fronteira? Não necessariamente. Significa apenas que há vínculos familiares entre os libaneses e seus descendentes residentes em Foz do Iguaçu e os que ficaram no Líbano.
Qualquer cálculo sobre o volume de dinheiro que é movimentado ilegalmente na fronteira tríplice é, obviamente, precário. Mas fala-se em algo em torno de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão por ano.
A maior fatia, de longe, está associada ao caixa 2 de empresas, ou seja, a crimes contra o fisco.
Lavagem de dinheiro à parte, a hipótese de um núcleo terrorista ou de apoio ao terrorismo em Foz de Iguaçu e nas cidades que com ela fazem fronteira foi examinada exaustivamente, sem que surgisse uma única pista.
Quem primeiro levantou o assunto foi Carlos Corach, então ministro do Interior da Argentina, no governo Carlos Menem. As autoridades brasileiras receberam a informação com desconfiança.
Suspeitaram que era apenas uma tentativa de encobrir as dificuldades da polícia argentina para descobrir os autores dos atentados contra a embaixada de Israel, primeiro, e contra uma entidade de benemerência judaica, depois, ambos em Buenos Aires.
Mas Corach tanto insistiu que, em uma das reuniões, os brasileiros participantes pediram nomes e indícios concretos. Não receberam nem uns nem outros.
Não obstante, o Departamento de Estado norte-americano mantém a tríplice fronteira na lista de pontos sob suspeição. Autoridades brasileiras ouvidas pela Folha acham que é apenas a reprodução de notícias vagas, publicadas pelos jornais, periodicamente, ou de uma lógica básica.
Como a comunidade árabe é numerosa, seria natural que um militante também árabe, que precisasse de refúgio longe de sua base operacional, procurasse a tríplice fronteira. Entre os seus, não seria notado.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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