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28/09/2001
-
04h42
KENNEDY ALENCAR
enviado especial a Islamabad
O Paquistão envia hoje a Cabul mais uma missão para tentar convencer o Taleban a fazer o que a milícia religiosa que governa cerca de 90% do Afeganistão já disse que não fará: entregar a Washington a cabeça de Osama bin Laden, o terrorista saudita acusado de ter sido o responsável pelos ataques aos Estados Unidos no dia 11 de setembro. Bin Laden provavelmente está escondido em território afegão.
A missão faz parte do esforço do governo paquistanês de tentar achar uma solução que evite uma crise interna no país, onde uma parcela considerável da população é simpática ao Taleban e contrária à cooperação com os Estados Unidos.
O provável resultado deverá ser um fracasso, mas, no mínimo, mostra que o Paquistão, que apoiou a luta do Taleban para tomar o poder no Afeganistão em 1996, não está completamente submisso aos EUA, apesar dos benefícios econômicos que já colheu depois de suas concessões aos americanos -ontem, por exemplo, o Japão concordou em renegociar a dívida de US$ 550 milhões do país.
O presidente paquistanês, o general Pervez Musharraf, tem atendido à administração do presidente George W. Bush no que interessa: já permitiu a instalação de bases navais e aéreas americanas no país, além de liberdade de ação para o serviço de espionagem dos Estados Unidos.
No jogo de equilíbrio entre agradar à superpotência e evitar atritos com o vizinho incômodo, o governo tem dado declarações e tomado atitudes que ora parecem pró-EUA, ora pró-Taleban.
Enquanto anunciava a nova missão para visitar o Afeganistão, Islamabad organizava manifestações de apoio ao acordo com os Estados Unidos e divulgou uma série de detenções feitas nos últimos dias de pessoas suspeitas de colaborar com Bin Laden, que lidera a organização terrorista Al Qaeda (a base).
A mídia retratou as detenções como caçada humana a terroristas ligados a Bin Laden, mas não foram feitas prisões de fato.
De acordo com a polícia de Karachi, a maior cidade do país, até agora não foi preso ninguém com conexões com Bin Laden.
"Solidariedade"
A situação interna é delicada. Líderes islâmicos locais emitiram um decreto islâmico com a seguinte mensagem: "No caso de um ataque americano, a guerra santa é um dever de todos os muçulmanos". Em resposta aos frequentes protestos de muçulmanos simpáticos ao Taleban contra a ajuda do Paquistão aos Estados Unidos, o governo do país patrocinou ontem manifestações "espontâneas" a seu favor: foi o "Dia da Solidariedade Nacional".
Em Islamabad, capital do país, milhares de pessoas fizeram passeata pelo centro da cidade.
"Não é verdade que todos os paquistaneses sejam contra a colaboração com os Estados Unidos", afirmou o professor primário Maar Shagh, que cuidava de um grupo com cerca de 30 crianças durante a manifestação. "Somos um país de mais de 150 milhões de pessoas. Bin Laden não é o líder da maioria."
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Paquistaneses vão a Cabul para negociar Bin Laden
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enviado especial a Islamabad
O Paquistão envia hoje a Cabul mais uma missão para tentar convencer o Taleban a fazer o que a milícia religiosa que governa cerca de 90% do Afeganistão já disse que não fará: entregar a Washington a cabeça de Osama bin Laden, o terrorista saudita acusado de ter sido o responsável pelos ataques aos Estados Unidos no dia 11 de setembro. Bin Laden provavelmente está escondido em território afegão.
A missão faz parte do esforço do governo paquistanês de tentar achar uma solução que evite uma crise interna no país, onde uma parcela considerável da população é simpática ao Taleban e contrária à cooperação com os Estados Unidos.
O provável resultado deverá ser um fracasso, mas, no mínimo, mostra que o Paquistão, que apoiou a luta do Taleban para tomar o poder no Afeganistão em 1996, não está completamente submisso aos EUA, apesar dos benefícios econômicos que já colheu depois de suas concessões aos americanos -ontem, por exemplo, o Japão concordou em renegociar a dívida de US$ 550 milhões do país.
O presidente paquistanês, o general Pervez Musharraf, tem atendido à administração do presidente George W. Bush no que interessa: já permitiu a instalação de bases navais e aéreas americanas no país, além de liberdade de ação para o serviço de espionagem dos Estados Unidos.
No jogo de equilíbrio entre agradar à superpotência e evitar atritos com o vizinho incômodo, o governo tem dado declarações e tomado atitudes que ora parecem pró-EUA, ora pró-Taleban.
Enquanto anunciava a nova missão para visitar o Afeganistão, Islamabad organizava manifestações de apoio ao acordo com os Estados Unidos e divulgou uma série de detenções feitas nos últimos dias de pessoas suspeitas de colaborar com Bin Laden, que lidera a organização terrorista Al Qaeda (a base).
A mídia retratou as detenções como caçada humana a terroristas ligados a Bin Laden, mas não foram feitas prisões de fato.
De acordo com a polícia de Karachi, a maior cidade do país, até agora não foi preso ninguém com conexões com Bin Laden.
"Solidariedade"
A situação interna é delicada. Líderes islâmicos locais emitiram um decreto islâmico com a seguinte mensagem: "No caso de um ataque americano, a guerra santa é um dever de todos os muçulmanos". Em resposta aos frequentes protestos de muçulmanos simpáticos ao Taleban contra a ajuda do Paquistão aos Estados Unidos, o governo do país patrocinou ontem manifestações "espontâneas" a seu favor: foi o "Dia da Solidariedade Nacional".
Em Islamabad, capital do país, milhares de pessoas fizeram passeata pelo centro da cidade.
"Não é verdade que todos os paquistaneses sejam contra a colaboração com os Estados Unidos", afirmou o professor primário Maar Shagh, que cuidava de um grupo com cerca de 30 crianças durante a manifestação. "Somos um país de mais de 150 milhões de pessoas. Bin Laden não é o líder da maioria."
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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