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28/09/2001 - 04h51

Para EUA, crimes no Brasil financiam terror

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MARCIO AITH
da Folha de S.Paulo, em Washington

Os EUA estão "seguros" de que grupos terroristas estão explorando o contrabando e usando entidades de caridade falsas para arrecadar recursos na região da tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.

A informação é de Steven Monblatt, subsecretário antiterrorismo do Departamento de Estado norte-americano. "Os EUA acreditam que há focos terroristas nessa área. Terroristas usam essa região para financiarem-se por meio do contrabando e do uso de instituições de caridade de fachada que tiram recursos de viúvas, de órfãos e de pessoas de boa-fé", disse ele à Folha logo após participar de um debate sobre terrorismo na OEA (Organização dos Estados Americanos).

Segundo Monblatt, ainda é "nebuloso" o vínculo entre o terrorismo e o contrabando na região, "mas estamos seguros de que ele existe". Ele preferiu não citar o nome dos grupos terroristas que operariam na região e das entidades de caridade que estariam sendo usadas com essa finalidade.

Tendo trabalhado como diplomata no Brasil e na Indonésia, Monblatt é hoje uma das duas maiores autoridades em contra-terrorismo do governo norte-americano. Ele é assessor direto do secretário de Estado, Colin Powell, e, em nome da Casa Branca, foi escalado pelo secretário para apelar aos países latino-americanos que controlem suas fronteiras em razão dos atentados terroristas do último dia 11.

O pedido foi feito durante reunião da OEA em Washington, na semana passada, na qual foi invocado um tratado de defesa mútua para simbolizar a solidariedade do continente ao povo e governo norte-americanos.

"Existem dois problemas na tríplice fronteira", disse ele. "Existe uma história antiga de contrabando na região e, recentemente, essa fragilidade passou a ser usada por terroristas para arrecadar recursos.
Ao mesmo tempo, várias entidades falsas de caridade foram usadas para tirar dinheiro de pessoas de boa-fé e provavelmente empregá-lo em atentados."

Segundo Monblatt, os EUA preocupam-se com a existência de focos terroristas na região não só pela prisão de várias pessoas integrantes de organizações nos últimos anos, mas também pelos atentados sofridos pela Argentina na década de 90.

Monblatt negou que o governo norte-americano tenha enviado listas de supostos terroristas aos países da América do Sul depois dos ataques às torres do World Trade Center e do Pentágono. "A única lista que enviamos já é pública e contém nomes das 27 pessoas, organizações e entidades cujos bens foram congelados pelo presidente (George W.) Bush."

No entanto, o subsecretário reconheceu que, como os serviços de inteligência dos países da região já colaboravam com os EUA antes mesmo dos atentados, é possível que tenha havido avanços nesse campo.

Nos últimos dias, funcionários de imigração norte-americanos informaram ao governo ser difícil constatar a veracidade de passaportes emitidos por nações -entre as quais o Brasil- nas quais há grande diversidade étnica.

Monblatt afirmou não ter conhecimento sobre o assunto. "A diversidade étnica é um fato positivo, nunca foi um problema para nós. O que desejamos dos demais países é que exerçam rigidez na emissão de passaportes."

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
 

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