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02/10/2001 - 05h42

48% das vítimas do World Trade Center são estrangeiras

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da Folha de S.Paulo, em Nova York

Após receber as listas dos consulados estrangeiros e confrontar com as que tinha, a polícia de Nova York estima que quase metade dos desaparecidos no ataque terrorista ao World Trade Center seja de imigrantes. Seriam não-americanos pelo menos 2.500 dos cerca de 5.200 desaparecidos no dia 11 de setembro.

Esse contingente vem de 65 países. Só da Índia e do Paquistão, os desaparecidos são 450, segundo as representações diplomáticas desses dois países. São seguidos por Reino Unido (entre 200 e 300), Colômbia (208), líder dos países latinos, e Israel (133).

Na América do Sul, além dos colombianos, há 34 equatorianos desaparecidos, nove brasileiros, cinco argentinos, três peruanos, três venezuelanos, um chileno e um paraguaio. O número reflete a diversidade étnica da cidade. Segundo o Censo 2000, 38% da população de Nova York é de não-americanos -são 2,16 milhões de pessoas nesta situação.

O problema que os consulados de países do Terceiro Mundo estão sofrendo, no entanto, é a presença de imigrantes ilegais entre os desaparecidos e as consequências desse fato. Para se ter uma idéia, segundo o embaixador Flávio Perri, do Consulado do Brasil em Nova York, há apenas mil brasileiros registrados na representação diplomática.

Mas existem pelo menos 300 mil brasileiros vivendo na região (Estados de Nova York, Pensilvânia, Nova Jersey, Delaware e Connecticut), a maioria ilegal.

"Já fiz um concurso que distribuiu até prêmio para quem se registrasse, mas pouca gente apareceu." Segundo o diplomata, o imigrante ilegal tem medo de entrar em contato com qualquer autoridade. "Ele esquece que nós defendemos o cidadão brasileiro em solo estrangeiro, independente da situação com a imigração."

O medo se reflete em outras representações. Assim, parentes de imigrantes ilegais pensam duas vezes até mesmo ao ligar para registrar o sumiço, quanto mais para requerer o atestado de óbito ou uma possível indenização.

A prefeitura garantiu que os imigrantes ilegais terão os mesmos direitos dos legais e dos cidadãos americanos -seja na hora da concessão do registro de morte, seja para requerer o dinheiro. Há uma lei no Congresso que prevê indenização que pode chegar a US$ 1 milhão por família.

O temor fez com que o diretor do Serviço de Imigração e Naturalização (INS), James Ziglar, viesse a público divulgar nota em que reafirma que a agência não vai perseguir famílias ilegais que queiram informações nem vai pedir que a polícia e a prefeitura repassem esses dados ao INS.

O mesmo Ziglar, no entanto, sofre cada vez mais pressão dos grupos conservadores do Congresso para endurecer a política de imigração. Até o ataque, era quase certo que medidas liberalizantes e anistias generalizadas, principalmente no tocante aos mexicanos ilegais, seriam aprovadas.

Agora, a discussão mudou de rumo. "As tentativas de liberalizar a política de imigração estão provavelmente mortas, e eu espero que estejam mesmo", disse o deputado federal republicano Tom Tancredo, do Colorado, que faz parte da Comissão de Reforma da Imigração.
(SD)

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
 

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