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04/10/2001 - 04h13

Taleban diz que Bin Laden "está bem e com moral alto"

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KENNEDY ALENCAR
enviado especial a Islamabad

O ministro do Interior do Taleban, Abdul Razzaq Akhund, disse ao jornal italiano "Il Sole 24 Ore" que Osama bin Laden "está bem e com o moral alto". Akhund disse que esteve com Bin Laden anteontem. "Rimos juntos e contamos piadas", afirmou ele ao jornal econômico de Milão.

"Expliquei a ele [Bin Laden] como os EUA agem como um pastor que toca a flauta para dirigir o rebanho contra o Afeganistão", disse o ministro de Cabul, em entrevista telefônica ao jornal.

Akhund disse que Bin Laden não está em Cabul, mas negou relatos em jornais paquistaneses de que o terrorista saudita estaria escondido em montanhas no norte.

O ministro afirmou que o Taleban, grupo extremista islâmico que controla quase todo o Afeganistão, não está sofrendo baixas devido à pressão externa, mas admitiu que o rei deposto do Afeganistão, Zahir Shah, conta com "certo apoio" entre a população.

Já Abdullah Abdullah, ministro das Relações Exteriores da Aliança do Norte, grupo que domina pequena parte do Afeganistão e combate o Taleban, disse que dezenas de comandantes do Taleban perto da cidade de Jabal-us-Saraj, 70 km ao norte de Cabul, desertaram e trouxeram cerca de 10 mil combatentes para o lado dos oposicionistas, informação que não foi confirmada por fonte independente.

A Aliança do Norte e o rei deposto firmaram acordo nesta semana, com o apoio dos EUA, para formar um governo de união após a eventual queda do Taleban, cada vez mais isolado.

Um novo sinal do isolamento ocorreu ontem, quando uma delegação de religiosos islâmicos do Paquistão cancelou uma segunda viagem ao Afeganistão para tentar uma saída negociada da crise.

O Taleban diz que não entregará Bin Laden aos EUA sem provas. Os EUA dizem que não dialogarão com o grupo.

Paquistão
Em um lance de teatro político para mostrar à opinião pública interna que não age injustamente contra o Afeganistão, o governo do Paquistão divulgou ontem que está estudando as supostas evidências que os EUA apresentaram ao país a respeito do envolvimento de Bin Laden nos atentados contra os EUA.

O ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Abdul Sattar, disse ontem que as supostas evidências devem ser tornadas públicas. Afirmou que seu país tem extremistas islâmicos que podem querer enganar a população se elas não forem apresentadas.

O porta-voz de Sattar, Riaz Mohammad Khan, confirmou que o Paquistão avalia informações dos EUA responsabilizando Bin Laden e a organização capitaneada por ele, a Al Qaeda, pelos ataques.

Os EUA têm procurado não alimentar os extremistas islâmicos do Paquistão que são simpáticos ao Taleban. Por isso tomou atitudes para ajudar o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, a tentar minimizar a contestação interna. Além de muçulmano como o Afeganistão, o Paquistão tem na Província da Fronteira Noroeste predominância da etnia pashtu, a mesma do Taleban e da maioria dos afegãos.

O governo paquistanês é o único que mantém relações com o Taleban, grupo que apoiou desde seu surgimento, em meados dos anos 90, e teme que a queda do regime extremista leve ao poder forças contrárias a seus interesses.

O Departamento de Estado americano disse ontem que planeja limitar sua eventual necessidade de usar bases aéreas e navais no Paquistão, como acertado no acordo de colaboração entre os dois países. Segundo o subsecretário de Estado dos EUA, Richard Armitage, essa decisão tem o objetivo de evitar abalar "a frágil estrutura da sociedade" paquistanesa. Armitage disse que não pretende obter ajuda do país "além da absolutamente necessária".

Há um clima no Paquistão de que um ataque dos EUA ao Taleban é iminente e que isso poderá gerar distúrbios no país, onde são feitas manifestações diárias contra o apoio a Washington.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
 

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