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05/10/2001 - 14h10

Provas contra Bin Laden "são inconsistentes", dizem especialistas

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da France Presse, em Londres

As provas sobre a participação do fundamentalista islâmico Osama Bin Laden nos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, divulgadas pelo Reino Unido, não são "palpáveis" e embora dêem muitas respostas ao mesmo tempo geram numerosas perguntas, segundo a avaliação de especialistas britânicos.

O informe é mais "persuasivo do que convincente", disse William Wallace, professor de relações internacionais na London School of Economics. "Neste momento, seria sumamente difícil armar um expediente de acusação suficientemente sólido para ser admitido em um tribunal", disse.

Segundo ele, no entanto, as provas divulgadas "apontam uma indicação bastante boa sobre a natureza da rede" de Bin Laden.
Ao apresentar ontem um relatório "de acusação" de 20 páginas, o premiê britânico, Tony Blair, afirmou que não tem nenhuma dúvida sobre a responsabilidade do multimilionário de origem saudita nos ataques contra o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, nas cercanias de Washington.

O que ocorre é que o informe não apresenta nenhuma prova palpável que poderia se converter em sólida prova de uma acusação. O próprio Blair reconheceu que os elementos apresentados são insuficientes para uma possível condenação judicial de Bin Laden, mas afirmou que existem "provas de uma natureza muito específica" de sua culpa, mas que são muito delicadas para serem publicadas.

Isso significa que o informe tira "a clara conclusão" de que Osama Bin Laden e sua organização, Al Qaeda, planejaram e cometeram os atentados, graças aos seus vínculos com o Taleban, no poder em Cabul, capital do Afeganistão.

O informe indica em particular que pouco antes de 11 de setembro, Bin Laden advertiu aos seus próximos de que preparava "um ataque de envergadura contra Estados Unidos". Semanas antes do atentado, foi pedido a associados de Bin Laden que voltassem antes de 10 de setembro ao Afeganistão. Alguns deles falaram de um "Dia D", citando a data de 11 de setembro.

Finalmente, um dos mais próximos e importantes "lugar-tenentes" (homem de ação) de Bin Laden elaborou e dirigiu um detalhado planejamento dos atentados, segundo o informe. Mas esse mesmo documento não faz nenhuma menção a vários pontos decisivos sobre os quais falou a imprensa depois de 11 de setembro:

- Uma reunião entre um dos principais terroristas, Mohammed Atta, e um oficial da inteligência iraquiana.

- As detenções na Europa, no âmbito da luta contra o terrorismo.

- As bases da rede Al Qaeda no Reino Unido e na Alemanha.

- A rede financeira que vincula Bin Laden ao Oriente Médio, Europa e Estados Unidos.

- As semelhanças entre os atentados contra o World Trade Center e a tentativa frustrada de 1994 pelo Grupo Islâmico Armado (GIA) argelino de jogar um avião sequestrado contra a Torre Eiffel em Paris.

- Uma reunião no início de 2000 entre dois sequestradores de avião e um personagem-chave na Malásia, que teria ajudado na preparação do atentado contra o destróier americano USS Cole no sul do Iêmen em outubro de 2000.

O informe tampouco aborda os laços entre supostos terroristas com Egito, Paquistão, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.

Sobre o outro atentado ao World Trade Center, em 1993, só há uma menção sobre uma citação textual de Bin Laden, que teria dito que os terroristas que cometeram essa operação cumpriram um "papel modelo".

Para Wallace, o informe é mais político do que jurídico, e visa particularmente a dar a alguns aliados um pouco reticentes -como Paquistão ou Arábia Saudita- razões para apoiar a resposta americana.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
 

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