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06/10/2001
-
04h21
IGNACIO CEMBRERO
do "El País"
A notícia correu ontem como rastilho de pólvora pelas redações dos jornais de Helsinque. Durante duas horas, a Rata, a autoridade de regulamentação financeira da Finlândia, colocou na internet, por engano, a lista dos 370 supostos colaboradores de Osama bin Laden que o FBI (polícia federal americana) acaba de enviar aos aliados americanos, pedindo que bloqueiem as contas correntes que essas pessoas tenham.
A lista mostra que a grande maioria dos supostos agentes de Bin Laden é formada por sauditas residentes nos EUA.
"A senhora está sabendo que A.A. figura numa lista de suspeitos de terrorismo divulgada pelo FBI?" Depois de um primeiro momento de espanto, a mulher que atendeu o telefone se mostrou irritada com o telefonema do jornalista. "A.A.?", ela responde. "Faz tempo que ele não mora mais aqui [num Estado do sul dos EUA". Ele é parente meu, é um homem de negócios muito ocupado e, antes de mais nada, um homem honrado", acrescenta, desligando em seguida.
A.A. é um dos 370 suspeitos cujos nomes, apelidos, locais de nascimento e últimos endereços e telefones conhecidos, inclusive alguns números de telefones celulares, foram divulgados na página da Rata finlandesa.
Na véspera, segundo a agência "France Presse", a adida comercial dos EUA em Helsinque, Carol van Voorts, entregara ao ministro finlandês das Relações Exteriores, Erkki Tuomioja, as provas do envolvimento de Bin Laden nos atentados nos EUA.
Entre os documentos entregues ao ministro figurava essa lista e o nome de 14 organizações terroristas, com o pedido de que suas eventuais contas na Finlândia fossem bloqueadas. A Rata finlandesa, por sua vez, enviou a lista ontem aos bancos no país, dando-lhes o prazo de até 12 de outubro para que comuniquem o resultado das investigações.
Um lamentável erro na manipulação dos dados fez com que a lista fosse parar na internet, porém. Num primeiro momento, a porta-voz da Rata, Mia Armila-Paalasmaa, chegou a dizer que se tratava de uma decisão tomada propositalmente, mas, pouco depois, a página foi retirada do site.
Enquanto isso, Reijo Aarnio, o diretor da agência finlandesa de proteção de dados, anunciava diante das câmeras de TV que seria aberta uma investigação para identificar os responsáveis pela difusão da lista, iniciativa que, conforme deixou claro, infringe pelo menos três leis do país. Afinal, trata-se apenas de suspeitos.
Um exame da lista de suspeitos revela que a grande maioria reside nos EUA, geralmente no sul do país, é originária da Arábia Saudita e tem menos de 30 anos. Em outras palavras, são homens que viveram em conforto graças à alta dos preços do petróleo verificada a partir dos anos 1970.
Ao lado dos sauditas aparecem colaboradores nascidos em países petrolíferos ricos -Qatar, Kuait, Emirados Árabes Unidos- e em outras partes menos desenvolvidas do mundo islâmico (Síria, Líbano, Egito, Jordânia, Iêmen, Tunísia, Argélia, Marrocos, Líbia, Indonésia, Paquistão, Afeganistão, Eritréia, Quênia e Bangladesh).
Dois deles nasceram nos EUA, dois na Holanda, um no Reino Unido, três na Alemanha e cinco na França. É nos dois últimos países que está radicada a maioria.
Além de alguns endereços de e-mail chamativos (por exemplo last-day-11@hotmail.com), alguns dos suspeitos terroristas chamam a atenção por terem primeiros nomes cristãos -Mathieu, Jerôme, Mitchell- e porque seus sobrenomes tampouco aparentam ser árabes. Mais surpreendente é a inclusão de um nome hebraico, que corresponde a um homem de 30 anos nascido em Israel e que, segundo o FBI, "pode estar morto".
Tradução de Clara Allain
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Finlândia vaza nomes de suspeitos por engano
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do "El País"
A notícia correu ontem como rastilho de pólvora pelas redações dos jornais de Helsinque. Durante duas horas, a Rata, a autoridade de regulamentação financeira da Finlândia, colocou na internet, por engano, a lista dos 370 supostos colaboradores de Osama bin Laden que o FBI (polícia federal americana) acaba de enviar aos aliados americanos, pedindo que bloqueiem as contas correntes que essas pessoas tenham.
A lista mostra que a grande maioria dos supostos agentes de Bin Laden é formada por sauditas residentes nos EUA.
"A senhora está sabendo que A.A. figura numa lista de suspeitos de terrorismo divulgada pelo FBI?" Depois de um primeiro momento de espanto, a mulher que atendeu o telefone se mostrou irritada com o telefonema do jornalista. "A.A.?", ela responde. "Faz tempo que ele não mora mais aqui [num Estado do sul dos EUA". Ele é parente meu, é um homem de negócios muito ocupado e, antes de mais nada, um homem honrado", acrescenta, desligando em seguida.
A.A. é um dos 370 suspeitos cujos nomes, apelidos, locais de nascimento e últimos endereços e telefones conhecidos, inclusive alguns números de telefones celulares, foram divulgados na página da Rata finlandesa.
Na véspera, segundo a agência "France Presse", a adida comercial dos EUA em Helsinque, Carol van Voorts, entregara ao ministro finlandês das Relações Exteriores, Erkki Tuomioja, as provas do envolvimento de Bin Laden nos atentados nos EUA.
Entre os documentos entregues ao ministro figurava essa lista e o nome de 14 organizações terroristas, com o pedido de que suas eventuais contas na Finlândia fossem bloqueadas. A Rata finlandesa, por sua vez, enviou a lista ontem aos bancos no país, dando-lhes o prazo de até 12 de outubro para que comuniquem o resultado das investigações.
Um lamentável erro na manipulação dos dados fez com que a lista fosse parar na internet, porém. Num primeiro momento, a porta-voz da Rata, Mia Armila-Paalasmaa, chegou a dizer que se tratava de uma decisão tomada propositalmente, mas, pouco depois, a página foi retirada do site.
Enquanto isso, Reijo Aarnio, o diretor da agência finlandesa de proteção de dados, anunciava diante das câmeras de TV que seria aberta uma investigação para identificar os responsáveis pela difusão da lista, iniciativa que, conforme deixou claro, infringe pelo menos três leis do país. Afinal, trata-se apenas de suspeitos.
Um exame da lista de suspeitos revela que a grande maioria reside nos EUA, geralmente no sul do país, é originária da Arábia Saudita e tem menos de 30 anos. Em outras palavras, são homens que viveram em conforto graças à alta dos preços do petróleo verificada a partir dos anos 1970.
Ao lado dos sauditas aparecem colaboradores nascidos em países petrolíferos ricos -Qatar, Kuait, Emirados Árabes Unidos- e em outras partes menos desenvolvidas do mundo islâmico (Síria, Líbano, Egito, Jordânia, Iêmen, Tunísia, Argélia, Marrocos, Líbia, Indonésia, Paquistão, Afeganistão, Eritréia, Quênia e Bangladesh).
Dois deles nasceram nos EUA, dois na Holanda, um no Reino Unido, três na Alemanha e cinco na França. É nos dois últimos países que está radicada a maioria.
Além de alguns endereços de e-mail chamativos (por exemplo last-day-11@hotmail.com), alguns dos suspeitos terroristas chamam a atenção por terem primeiros nomes cristãos -Mathieu, Jerôme, Mitchell- e porque seus sobrenomes tampouco aparentam ser árabes. Mais surpreendente é a inclusão de um nome hebraico, que corresponde a um homem de 30 anos nascido em Israel e que, segundo o FBI, "pode estar morto".
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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