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08/10/2001 - 03h19

Rede de TV mostra o que governos escondem e preocupa EUA

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da Folha de S.Paulo

A rede de TV Al Jazeera, que desbancou a CNN nos países árabes produzindo um artigo de primeira necessidade na região -liberdade de expressão-, preocupa os EUA devido à influência que exerce sobre muçulmanos ao mostrar cenas do Afeganistão.

O governo norte-americano chegou a pedir que autoridades qatarianas "influenciassem" a estação para que ela não transmitisse imagens que prejudicassem o governo de George W. Bush. Em visita a Washington, o xeque Hamad bin Khalifa al Thani, do Qatar (sede da Al Jazeera), confirmou a solicitação e explicou que não pretende interferir na cobertura. "Explicamos a nossos amigos, norte-americanos e outros, que estamos adotando um modelo parlamentar. A questão está encerrada, pois a vida parlamentar exige que tenhamos uma mídia livre e confiável.
É isso que estamos tentando fazer", afirmou.

"Temos correspondentes nos EUA [três] e temos correspondentes em Cabul e Candahar. Damos cobertura igual para ambos os lados, e esse é nosso papel. Apresentamos ambos os lados", afirmou o diretor da Al Jazeera, Muhammad Jassem al Ali.

A rede árabe tem dois correspondentes no Afeganistão -Tayssir Alwani, em Cabul, e Muhammad Khayr al Bourini, em Candahar. "Há coisas que não podemos dizer diante do Taleban", explica Al Bourini. "O grupo costuma nos proibir até de filmar."

A Al Jazeera é o canal árabe mais visto no Oriente Médio por seu grande alcance e sua política editorial independente e agressiva. A rede se baseia nos relatos de seus correspondentes mais do que nas declarações oficiais dos países onde atua, ao contrário de muitos canais da região.

Em programas como "Sem Fronteiras" e "A Opinião do Outro", Al Jazeera dá espaço a debates sobre temas sensíveis à sociedade árabe, incluindo relações com Israel. Dos 22 membros da Liga Árabe, apenas o Líbano não protestou contra a programação ou funcionários da Al Jazeera. Na Arábia Saudita, em diversas ocasiões, acabou a energia quando programas considerados ofensivos ao regime eram transmitidos.

Dia de glória
Nos últimos dias e em particular ontem, após a saída dos jornalistas ocidentais de Cabul, a rede de TV CNN dependeu desse canal árabe para mostrar imagens do Afeganistão e as reações do grupo extremista islâmico Taleban.

O correspondente da Al Jazeera em Cabul, que dispõe de uma estação de transmissão por satélite, mostrou cenas do bombardeio. De Candahar, por outro lado, o jornalista se comunica apenas por videofone. Ambos falam com frequência sobre a catástrofe humana que se agrava no Afeganistão.

Osama bin Laden costuma se comunicar com o exterior por meio da Al Jazeera, como fez ontem. Em entrevista levada ao ar em dezembro de 1998, Bin Laden convocou os muçulmanos a lutar contra os "infiéis" dos Estados Unidos. A rede de televisão justificou a transmissão como uma forma de permitir que a audiência tivesse uma visão mais clara da ideologia do milionário saudita, apontado pelos EUA como o principal suspeito dos atentados do dia 11.
(PDF)


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