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12/10/2001 - 08h31

Em dia sagrado, muçulmanos pedem guerra contra os EUA

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MARCELO TADEU LIA
CAMILO TOSCANO
da Folha Online

Violentos protestos contra a ofensiva militar dos EUA no Afeganistão foram registrados nesta sexta-feira em Karachi (cidade portuária no sul do Paquistão), no primeiro dia de orações para os muçulmanos que acontece após os ataques americanos e britânicos. Os manifestantes atiraram pedras nos policiais e queimaram carros e uma loja da cadeia de fast food americana KFC.

Embora os protestos no país tenham começado quando o governo do presidente Pervez Musharraf decidiu apoiar a intervenção militar americana, este é o momento de maior intensidade nas manifestações. Musharraf afirmou que o governo não irá tolerar atividades de extremistas no país, e já fechou várias massadras (escolas religiosas).

Os protestos são incentivados por organizações paramilitares paquistanesas que apóiam o regime Taleban no Afeganistão. A polícia deslocou tropas e ergueu barricadas para impedir a passagem de extremistas na cidade de Karachi. Os líderes do Conselho de Defesa Afegão e do partido Jamaat-i-Islami, ambos favoráveis ao regime Taleban, foram presos dentro de suas casas.

Protestos menos violentos também ocorreram em Islamabad (capital do Paquistão). Em Peshawar e em Quetta (cidades no oeste do país, na fronteira com o Afeganistão) também ocorreram manifestações. Mais de 1.500 policiais foram deslocados para a cidade de Quetta, onde na segunda-feira (8) uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas.

Outros países
"Nós estamos prontos para morrer em defesa do islã. Morte aos americanos", gritaram manifestantes na Indonésia, o país com maior concentração de muçulmanos no mundo (88% da população). Um protesto na frente da embaixada norte-americana, que reuniu cerca de mil manifestantes, foi dispersado com violência pela polícia.

Em Surabaya, a segunda maior cidade do país, cinco pessoas ficaram gravemente feridas durante os protestos.

A polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar manifestantes na Malásia. Em Kuala Lumpur (capital do país), a polícia malasiana também usou a violência para controlar cerca de 3.000 pessoas que protestaram na frente da embaixada dos EUA. Os protestos foram organizados pelo principal partido de oposição (Partido Islâmico).

No Irã também ocorreram vários protestos. O consulado do Paquistão [cujo governo apóia as ações dos EUA] na cidade de Zahedan, no sudoeste do país, foi atacado por manifestantes.

Em outros países, como Indonésia e Sri Lanka, várias bandeiras dos Estados Unidos foram queimadas por milhares de fiéis muçulmanos.

Em um país predominantemente católico, as Filipinas, um tradicional aliado dos EUA na região, também ocorreram vários protestos contra as ações aliadas no Afeganistão, principalmente na capital Manila.

Os manifestantes, aos gritos de "morte à América", "jihad" e "voltem para casa, americanos", pretendiam marchar até a sede da embaixada norte-americana, mas tiveram que parar por causa da forte chuva.

A jihad é um esforço empreendido pelos muçulmanos na causa de Deus. Consiste na obrigação que os fiéis devem ter para difundir e proteger o islamismo. Ficou caracterizado como "guerra santa" na imprensa.

Taleban
Os mulás islâmicos - líderes religiosos - conclamaram uma guerra total contra os Estados Unidos a milhares de fiéis no dia santo muçulmano, informou a agência "AIP", vinculada ao governo Taleban.

O pedido acontece depois que o governo Taleban afirmou ter encontrado 160 corpos nos escombros do povoado de Kadam, no leste do país, bombardeado na noite de quarta-feira.

Protesto pacífico
Líderes islâmicos se reuniram hoje no British Museum - principal museu de Londres - para uma manifestação pacífica contra os ataques no Afeganistão.

Cerca de cem muçulmanos se reuniram no local, sem a ocorrência de nenhum distúrbio. Faizul Aqtab Siddiqi, presidente da organização islâmica de Londres, criticou o conceito comum de jihad. "O conceito foi distorcido. A jihad é um esforço para defender o islã, não quer dizer guerra santa", afirmou.

  • Com agências internacionais

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