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22/07/2007 - 09h22

Decadentes, siglas perdem espaço na eleição argentina

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RODRIGO RÖTZSCH
da Folha de S. Paulo, em Buenos Aires

Mais tradicionais partidos políticos argentinos, de onde saíram todos os presidentes desde a redemocratização do país, em 1983, o PJ (Partido Justicialista) e a UCR (União Cívica Radical) chegam às eleições deste ano relegados a um segundo plano.

O PJ, também chamado peronismo em referência a seu fundador, Juan Domingo Perón, viu se acentuarem nos últimos quatro anos as dissidências internas que o fizeram ter três candidatos à Presidência em 2003. Desde 2005, o partido se encontra sob intervenção judicial, porque seus líderes não chegam a um acordo de como eleger a direção partidária.

Se em 2003 Néstor Kirchner brigou para levar a bandeira peronista, agora sua mulher, Cristina, parece prescindir dela. O ato que lançou sua candidatura, na quinta, não fez referência ao partido que a primeira-dama integra.

A erosão começou quando o então presidente Eduardo Duhalde conseguiu, em 2003, que a Justiça aprovasse sua decisão de cancelar as eleições internas do PJ e permitir que o partido tivesse mais de um candidato à Presidência. O PJ teve três, que concorreram com alianças com nomes-fantasia (como a Frente para a Vitória, de Kirchner) e foram proibidos de usar símbolos peronistas.

Já na Casa Rosada, Kirchner se distanciou do PJ e ampliou sua frente. Em 2005, criou a "concertação plural", atraindo governadores e prefeitos da UCR -os chamados radicais K. Com isso, se afastou cada vez mais de peronistas como o próprio Duhalde, do ex-presidente Carlos Menem (1989-99) e de uma terceira corrente liderada pelo presidente por uma semana Adolfo Rodríguez Saá.

Há duas semanas, o grupo de Rodríguez Saá, os peronistas anti-K, fez uma convenção em que decidiu lançar um candidato peronista à Presidência. O grupo lutará na Justiça pela expulsão dos Kirchner do PJ.

Ocorre que o interventor do PJ, Ramón Ruiz, diz que a convenção dos anti-K não tem validade, e convocou um congresso da sigla para agosto. Nele, Cristina deve ser escolhida candidata oficial do peronismo.

"Eles [os peronistas anti-K] têm o direito de se reunir, mas o que decidirem não tem implicância. Convoquei eleições internas e eles mesmos a rechaçaram", diz Ruiz, interventor do PJ desde 2005. Ele tinha como principal objetivo normalizar o partido, com a escolha de sua nova direção. Não conseguiu fazê-lo até hoje.

Impasse radical

Tanto que o presidente oficial do PJ, Eduardo Camaño, não está com Menem, Kirchner nem Rodríguez Saá: apóia Roberto Lavagna, peronista que formou uma chapa com a UCR.

O partido de Raúl Alfonsín (1983-89), primeiro presidente eleito após a ditadura, sofreu um baque com o fracasso do governo Fernando de la Rúa (1999-2001). Após a renúncia dele, o partido encolheu: nas eleições presidenciais de 2003, ficou em sexto, com 2,37%.

O partido esteve muito abaixo de Elisa Carrió (quinta, com 14%) e de Ricardo López Murphy (terceiro, com 16,4%). Os dois, ex-radicais, deixaram o partido para fundar suas próprias legendas, a ARI e o Recrear. Concorrerão de novo à Presidência neste ano.

A debilidade levou o partido a tomar uma decisão que seria impossível há alguns anos: apoiar o peronista Lavagna à Presidência e, pela primeira vez, não ter candidato próprio.
A aliança PJ-UCR se repetirá na chapa do governo: o vice de Cristina deve ser o radical K Julio Cobos, governador de Mendoza. O presidente da sigla e vice de Lavagna, Gerardo Morales, trabalha, porém, para expulsar os radicais K do partido.

O fraturado sistema político parece abrir espaço para a ascensão de uma nova força. Num eventual governo de Cristina, Kirchner pretende se dedicar à transformação de sua "concertação plural" nessa força. O novo partido seria lançado já nas legislativas de 2009.

Outros partidos aproveitam a brecha para crescer: é caso do Pro, do recém-eleito prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri. Ele é apontado como forte candidato à Casa Rosada em 2011, podendo romper a hegemonia que, apesar dos percalços, a UCR e o PJ manterão após estas eleições.

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