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17/10/2001
-
05h19
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Nova York
Do porta-voz da Casa Branca ao diretor do FBI (polícia federal), o governo dos Estados Unidos recuou da hipótese da ligação entre os casos de antraz e o terrorista Osama bin Laden. Agora, as investigações centram esforços em achar suspeitos domésticos.
"Vamos procurar as fontes adequadas e averiguar quem está por trás disso", desconversou o porta-voz Ari Fleischer, quando indagado se o foco das investigações dos ataques bioterroristas ainda seria encontrar ligações entre a bactéria e o saudita.
"Até agora, nós não encontramos nenhuma ligação direta com o terrorismo organizado", fez eco Robert Mueller, do FBI. "Não me surpreenderia se outros estivessem pegando carona neste ato (os ataques terroristas do dia 11 de setembro) também."
Desde que o primeiro caso de contaminação por antraz foi divulgado, no começo do mês, a hipótese mais forte levada em conta pelo governo era uma provável autoria da Al Qaeda, a rede terrorista de Osama bin Laden, apontada como responsável pelos atentados do mês passado.
O antraz é um microorganismo que pode ser usado no bioterrorismo. Treze pessoas já foram contaminadas nos EUA até agora, uma das quais morreu. Das restantes, apenas três desenvolveram os sintomas da doença.
A maior parte das vítimas está ligada de alguma maneira a empresas de comunicação, e a contaminação se deu na maioria dos casos via carta enviada pelo correio. Além disso, traços de antraz foram encontrados em cartas em Washington (no Senado), na Flórida (num posto de correio) e em Nevada (na Microsoft).
Uma parte do Senado dos EUA foi interditada ontem pelo FBI (polícia federal dos EUA), incluindo os escritórios do líder democrata Tom Daschle e de outros dez senadores, para verificar se o sistema de ventilação não estava contaminado por antraz.
De acordo com Robert Mueller, do FBI, a prioridade da força é precaver-se contra novos ataques de antraz: "Estamos trocando idéias com as autoridades locais para solucionar este problema".
A Folha apurou que pelo menos as cartas enviadas para o âncora Tom Brokaw, da NBC, em Nova York, e para o senador democrata Tom Daschle, em Washington, estão sendo tratadas como de autoria doméstica. As duas contêm uma série de coincidências que apontam para um remetente comum e não ligado a grupos terroristas internacionais.
Primeiro, ambas foram postadas em Trenton, cidade de Nova Jersey, Estado vizinho de Nova York. Segundo, cópias divulgadas ontem pelo FBI mostram que as duas têm a mesma letra. Uma delas, a dirigida ao senador, dá como endereço do remetente uma escola primária na cidade de Franklyn Park (Nova Jersey).
Ainda, o conteúdo das duas é parecido. De acordo com pessoas que tiveram acesso aos envelopes, estes vieram fechados com um excesso de fita adesiva, traziam ameaças contra os EUA e Israel, diziam que o destinatário deveria procurar ajuda médica imediata e terminavam louvando Allah. "A similaridade entre as cartas pode nos ajudar a levar ao autor do atentado", disse Mueller.
Com a hipótese doméstica concordam oficiais de inteligência europeus ouvidos pelo governo norte-americano.
O principal indício, dizem eles, é o fato de os incidentes serem restritos aos Estados Unidos, apesar de haver vários países na coalizão contra a Al Qaeda. Até agora, todas as ameaças de antraz na Europa e em
outras partes do mundo se revelaram falsas.
Segundo, acreditam os especialistas, as cartas nas quais foram encontrados rastros da bactéria são grosseiras e amadoras e não parecem trazer a marca de uma organização terrorista.
Leia mais sobre o antraz:
O que é o antraz
Inalação é a forma preferida dos terroristas
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Conheça as armas usadas no ataque
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FBI não acha elo antraz-Bin Laden
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da Folha de S.Paulo, em Nova York
Do porta-voz da Casa Branca ao diretor do FBI (polícia federal), o governo dos Estados Unidos recuou da hipótese da ligação entre os casos de antraz e o terrorista Osama bin Laden. Agora, as investigações centram esforços em achar suspeitos domésticos.
"Vamos procurar as fontes adequadas e averiguar quem está por trás disso", desconversou o porta-voz Ari Fleischer, quando indagado se o foco das investigações dos ataques bioterroristas ainda seria encontrar ligações entre a bactéria e o saudita.
"Até agora, nós não encontramos nenhuma ligação direta com o terrorismo organizado", fez eco Robert Mueller, do FBI. "Não me surpreenderia se outros estivessem pegando carona neste ato (os ataques terroristas do dia 11 de setembro) também."
Desde que o primeiro caso de contaminação por antraz foi divulgado, no começo do mês, a hipótese mais forte levada em conta pelo governo era uma provável autoria da Al Qaeda, a rede terrorista de Osama bin Laden, apontada como responsável pelos atentados do mês passado.
O antraz é um microorganismo que pode ser usado no bioterrorismo. Treze pessoas já foram contaminadas nos EUA até agora, uma das quais morreu. Das restantes, apenas três desenvolveram os sintomas da doença.
A maior parte das vítimas está ligada de alguma maneira a empresas de comunicação, e a contaminação se deu na maioria dos casos via carta enviada pelo correio. Além disso, traços de antraz foram encontrados em cartas em Washington (no Senado), na Flórida (num posto de correio) e em Nevada (na Microsoft).
Uma parte do Senado dos EUA foi interditada ontem pelo FBI (polícia federal dos EUA), incluindo os escritórios do líder democrata Tom Daschle e de outros dez senadores, para verificar se o sistema de ventilação não estava contaminado por antraz.
De acordo com Robert Mueller, do FBI, a prioridade da força é precaver-se contra novos ataques de antraz: "Estamos trocando idéias com as autoridades locais para solucionar este problema".
A Folha apurou que pelo menos as cartas enviadas para o âncora Tom Brokaw, da NBC, em Nova York, e para o senador democrata Tom Daschle, em Washington, estão sendo tratadas como de autoria doméstica. As duas contêm uma série de coincidências que apontam para um remetente comum e não ligado a grupos terroristas internacionais.
Primeiro, ambas foram postadas em Trenton, cidade de Nova Jersey, Estado vizinho de Nova York. Segundo, cópias divulgadas ontem pelo FBI mostram que as duas têm a mesma letra. Uma delas, a dirigida ao senador, dá como endereço do remetente uma escola primária na cidade de Franklyn Park (Nova Jersey).
Ainda, o conteúdo das duas é parecido. De acordo com pessoas que tiveram acesso aos envelopes, estes vieram fechados com um excesso de fita adesiva, traziam ameaças contra os EUA e Israel, diziam que o destinatário deveria procurar ajuda médica imediata e terminavam louvando Allah. "A similaridade entre as cartas pode nos ajudar a levar ao autor do atentado", disse Mueller.
Com a hipótese doméstica concordam oficiais de inteligência europeus ouvidos pelo governo norte-americano.
O principal indício, dizem eles, é o fato de os incidentes serem restritos aos Estados Unidos, apesar de haver vários países na coalizão contra a Al Qaeda. Até agora, todas as ameaças de antraz na Europa e em
outras partes do mundo se revelaram falsas.
Segundo, acreditam os especialistas, as cartas nas quais foram encontrados rastros da bactéria são grosseiras e amadoras e não parecem trazer a marca de uma organização terrorista.
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