Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/08/2007 - 08h43

Paquistão e Afeganistão trocam acusações em conferência pela paz

Publicidade

da Folha Online

O segundo dia de uma conferência em Cabul que reúne cerca de 600 líderes tribais afegãos e paquistaneses foi marcada nesta sexta-feira pela troca de acusações entre representantes dos dois países. Alheia à reunião, a violência não dá tréguas no Afeganistão, onde dez supostos talebans foram mortos hoje por forças da Otan (aliança militar liderada pelos Estados Unidos).

Líderes tribais, religiosos e políticos não se entenderam quanto às causas da violência que atinge os dois países, principalmente nas regiões fronteiriças. A região, segundo os EUA, serve de refúgio para membros do movimento radical islâmico afegão Taleban e da rede terrorista Al Qaeda.

B.K.Bangash/AP
Tropas do Paquistão na capital, Islamabad; governo luta contra radicais islâmicos
Tropas do Paquistão na capital, Islamabad; governo luta contra radicais islâmicos

O deputado afegão Sardar Mohammad Rehman Ogholi acusou o Paquistão em seu discurso hoje. "Ninguém pode negar que os terroristas estão nas zonas tribais do Paquistão", disse aos líderes reunidos na assembléia. "Também está claro que eles são hóspedes indesejados", precisou, antes de exigir que sejam expulsos.

O chefe de uma tribo no norte do Paquistão e ex-deputado Malik Fazel Manaan Mohmand Kujadel respondeu às acusações afirmando que "esta assembléia só terá êxito se enfrentar o verdadeiro problema", que em seu entender é "a presença das tropas americanas e da Otan, que provoca insegurança".

"De onde eles vieram [os terroristas]? quem os trouxe? quem lhes deu armas? Bush e os americanos. Depois de termos vencido os russos, agora temos que expulsar os americanos, para salvar nossos lares", afirmou.

Ataque

Também hoje, tropas afegãs e dos EUA afirmaram que, depois de uma emboscada de insurgentes talebans, uma batalha resultou na morte de ao menos dez radicais na Província de Helmand (sul).

A ação ocorre pouco depois que uma operação militar no noroeste do Paquistão matou ao menos dez supostos rebeldes islâmicos, segundo informações do Exército paquistanês nesta quinta-feira.

A ação militar aconteceu por terra e por ar na região tribal de Norte Waziristan, após um ataque rebelde a um comboio militar que deixou cinco soldados feridos, disse o porta-voz do Exército do Paquistão, major-general Waheed Arshad.

Mais de 360 pessoas já morreram no Paquistão durante uma onda de ataques suicidas e confrontos entre insurgentes e forças de segurança, que começou após a sangrenta operação dos dias 10 e 11 de julho na Mesquita Vermelha de Islamabad, onde cerca de cem pessoas morreram. O Exército invadiu a mesquita após uma semana de cerco a radicais islâmicos que defendiam a implantação da lei islâmica no país.

Paquistão

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, está sob crescente pressão dos EUA para derrotar insurgentes na fronteira com o Afeganistão, que afirmam ser um refúgio para a rede terrorista Al Qaeda e os talebans afegãos.

Musharraf negou ontem intenções de decretar estado de emergência devido a "ameaças internas e externas" e à situação tensa na região da fronteira com o Afeganistão, como havia afirmado nesta quarta-feira Tariq Azim, oficial governamental, em entrevista à Associated Press (AP).

O governo paquistanês afirmou que os radicais islâmicos atuam nas regiões de Norte Waziristan e Sul Waziristan, que fazem fronteira com o Afeganistão. Os rebeldes estão ligados ao movimento radical islâmico Taleban e à rede terrorista Al Qaeda, segundo as forças paquistanesas. Os grupos promovem ataques com foguetes, armas leves e em veículos.

O Paquistão usa um efetivo de cerca de 90 mil homens para procurar supostos rebeldes nas regiões.

Conselho

Mais de 600 líderes participam da conferência hoje, cuja eficácia está ameaçada pela ausência do presidente do Paquistão e de líderes de importantes áreas paquistanesas.

Arte Folha Online

O conselho de líderes tribais ocorrerá até domingo (12) em uma grande tenda erguida em Cabul. O general Musharraf anunciou sua desistência em participar do encontro na última quarta-feira (8), alegando "compromissos em Islamabad". Líderes tribais da região mais volátil do Paquistão também estão boicotando o evento.

Mesmo antes da desistência de Musharraf de ir a Cabul, capital do Afeganistão, dúvidas sobre a eficácia do encontro, que pretendia originalmente reunir 700 líderes tribais dos dois países, já eram sentidas. A esperadas ausências dos insurgentes do Taleban, que controlam grandes partes do território afegão, e de líderes tribais do Paquistão das regiões do Waziristão Norte e Sul no encontro indicam que suas decisões poderão ter alcance limitado.

Os líderes do Waziristão boicotaram a reunião, supostamente por temor de represálias do Taleban. A presença de membros do movimento radical não foi sugerida para os quatro dias de conselho tribal em Cabul. O premiê paquistanês, Shaukat Aziz, substitui Musharraf no encontro.

A idéia do conselho tribal foi lançada em setembro de 2006 durante um encontro do presidente dos EUA, George W. Bush, com os presidentes do Paquistão e do Afeganistão em Washington. O objetivo é alcançar acordos que ponham fim aos atos de violência entre insurgentes que atuam tanto no Afeganistão quanto no Paquistão.

Com France Presse, Associated Press e Reuters

Acompanhe as notícias em seu celular: digite wap.folha.com.br

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página