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29/10/2001
-
05h44
do "THE NEW YORK TIMES"
Quinze dos 19 homens que sequestraram quatro aviões nos EUA em 11 de setembro eram cidadãos da Arábia Saudita, uma revelação que provavelmente complicará ainda mais a já complexa e difícil relação entre Washington e Riad.
Mesmo antes da descoberta de que a maior parte dos sequestradores eram sauditas, os ataques haviam exposto a fragilidade oculta da relação entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita.
Mesmo nos melhores momentos, as relações dos EUA com a Arábia Saudita, maior fornecedor mundial de petróleo, são afetadas por sérios desentendimentos e insegurança. Os sauditas há muito causam frustração a autoridades americanas por sua ambivalência em questões militares, na diplomacia e na troca de informações.
Nas últimas semanas, ambos os governos vêm se esforçando para superar suas divergências e retornar ao acordo básico que os une: os sauditas entregam petróleo e os Estados Unidos fornecem o arsenal e o pessoal militar que protegem o petróleo.
Os sauditas têm suas queixas quanto ao comportamento americano. Por exemplo, o governo Bush não os incluiu entre os aliados que foram informados com antecedência sobre as organizações terroristas cujos ativos financeiros estavam sendo congelados pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. Os sauditas se ofenderam, de acordo com funcionários americanos.
A Arábia Saudita ainda não aderiu plenamente ao esforço internacional para bloquear contas bancárias suspeitas de estarem sendo usadas para financiar operações terroristas, segundo funcionários americanos.
Em entrevista coletiva na semana passada, o príncipe Naif bin Abdul Aziz, ministro do Interior saudita, disse que as autoridades e os bancos de seu país "não estabeleceram quaisquer contas vinculadas à Al Qaeda, a Osama Bin Laden ou a outro grupo associado ao terrorismo".
"Não estamos isentando ninguém, mas esperamos que os americanos nos ofereçam fatos conclusivos", completou. Autoridades sauditas auxiliaram investigadores dos EUA na confirmação das identidades dos sequestradores, ajudando-os a concluir que 15 dos 19 terroristas eram sauditas.
Depois de semanas evitando a questão da responsabilidade pelos ataques, o príncipe Naif reconheceu a vulnerabilidade de seu país ao terrorismo interno. "Não esqueceremos que aqueles que agora se protegem em suas cavernas e buracos são os que desejam prejudicar o reino", declarou.
Osama bin Laden é saudita, mas foi banido pelo reino após seu envolvimento com o terrorismo e luta para derrubar a monarquia.
Depois de suas declarações terem sido interpretadas como admissão de que os ataques poderiam ter sido planejados na Arábia Saudita, Naif declarou que ninguém ligado à Al Qaeda ou qualquer outro suspeito de terrorismo fora localizado em seu país.
Afirmações assim alimentaram, nos EUA, o sentimento de que a Arábia Saudita é um parceiro indigno de confiança. O senador Joseph Biden Jr., por exemplo, disse que a Arábia Saudita está "financiando o ódio" e que os EUA foram longe demais em seu "caso de amor" com o país.
Essa certamente está longe de ser a posição declarada do governo Bush em relação aos Estados árabes moderados, uma posição que poderia ser descrita como "peça pouco, espere ainda menos". Isso ficou evidente durante a recente visita do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, à Arábia Saudita, durante a qual ele evitou qualquer assunto delicado.
Rumsfeld não perguntou nada sobre os cidadãos sauditas que constavam da lista de suspeitos de terrorismo ou sobre a falta de disposição para permitir que aviões de combate americanos usem bases sauditas nas operações contra o Afeganistão. Manteve as coisas vagas, reafirmando a amizade dos EUA e relembrando o rei Fahd do primeiro encontro dos dois, no começo dos anos 80, quando era o enviado do presidente Reagan ao Oriente Médio.
Atentados pioraram as difíceis relações EUA-Arábia Saudita
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Quinze dos 19 homens que sequestraram quatro aviões nos EUA em 11 de setembro eram cidadãos da Arábia Saudita, uma revelação que provavelmente complicará ainda mais a já complexa e difícil relação entre Washington e Riad.
Mesmo antes da descoberta de que a maior parte dos sequestradores eram sauditas, os ataques haviam exposto a fragilidade oculta da relação entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita.
Mesmo nos melhores momentos, as relações dos EUA com a Arábia Saudita, maior fornecedor mundial de petróleo, são afetadas por sérios desentendimentos e insegurança. Os sauditas há muito causam frustração a autoridades americanas por sua ambivalência em questões militares, na diplomacia e na troca de informações.
Nas últimas semanas, ambos os governos vêm se esforçando para superar suas divergências e retornar ao acordo básico que os une: os sauditas entregam petróleo e os Estados Unidos fornecem o arsenal e o pessoal militar que protegem o petróleo.
Os sauditas têm suas queixas quanto ao comportamento americano. Por exemplo, o governo Bush não os incluiu entre os aliados que foram informados com antecedência sobre as organizações terroristas cujos ativos financeiros estavam sendo congelados pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. Os sauditas se ofenderam, de acordo com funcionários americanos.
A Arábia Saudita ainda não aderiu plenamente ao esforço internacional para bloquear contas bancárias suspeitas de estarem sendo usadas para financiar operações terroristas, segundo funcionários americanos.
Em entrevista coletiva na semana passada, o príncipe Naif bin Abdul Aziz, ministro do Interior saudita, disse que as autoridades e os bancos de seu país "não estabeleceram quaisquer contas vinculadas à Al Qaeda, a Osama Bin Laden ou a outro grupo associado ao terrorismo".
"Não estamos isentando ninguém, mas esperamos que os americanos nos ofereçam fatos conclusivos", completou. Autoridades sauditas auxiliaram investigadores dos EUA na confirmação das identidades dos sequestradores, ajudando-os a concluir que 15 dos 19 terroristas eram sauditas.
Depois de semanas evitando a questão da responsabilidade pelos ataques, o príncipe Naif reconheceu a vulnerabilidade de seu país ao terrorismo interno. "Não esqueceremos que aqueles que agora se protegem em suas cavernas e buracos são os que desejam prejudicar o reino", declarou.
Osama bin Laden é saudita, mas foi banido pelo reino após seu envolvimento com o terrorismo e luta para derrubar a monarquia.
Depois de suas declarações terem sido interpretadas como admissão de que os ataques poderiam ter sido planejados na Arábia Saudita, Naif declarou que ninguém ligado à Al Qaeda ou qualquer outro suspeito de terrorismo fora localizado em seu país.
Afirmações assim alimentaram, nos EUA, o sentimento de que a Arábia Saudita é um parceiro indigno de confiança. O senador Joseph Biden Jr., por exemplo, disse que a Arábia Saudita está "financiando o ódio" e que os EUA foram longe demais em seu "caso de amor" com o país.
Essa certamente está longe de ser a posição declarada do governo Bush em relação aos Estados árabes moderados, uma posição que poderia ser descrita como "peça pouco, espere ainda menos". Isso ficou evidente durante a recente visita do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, à Arábia Saudita, durante a qual ele evitou qualquer assunto delicado.
Rumsfeld não perguntou nada sobre os cidadãos sauditas que constavam da lista de suspeitos de terrorismo ou sobre a falta de disposição para permitir que aviões de combate americanos usem bases sauditas nas operações contra o Afeganistão. Manteve as coisas vagas, reafirmando a amizade dos EUA e relembrando o rei Fahd do primeiro encontro dos dois, no começo dos anos 80, quando era o enviado do presidente Reagan ao Oriente Médio.
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