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02/09/2007 - 20h56

Ambientalistas criticam construção de fábrica de celulose no Uruguai

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da Efe

Mais de mil argentinos cruzaram neste domingo a fronteira com o Uruguai para protestar contra a instalação de uma fábrica de celulose da empresa finlandesa Botnia perto de Fray Bentos, nas margens do rio Uruguai e perto da cidade argentina de Gualeguaychú.

A manifestação dos ativistas argentinos, que tiveram o apoio de alguns uruguaios, transcorreu com calma e incluiu críticas aos governos dos presidentes do Uruguai, Tabaré Vázquez, e da Argentina, Néstor Kirchner, considerados os responsáveis pelo que pode acontecer em relação à poluição ambiental na região.

Um dos coordenadores da Assembléia Ambientalista de Gualeguaychú, Jorge Fritzler, disse à agência Efe que o grupo de argentinos voltará ao Uruguai "quantas vezes for necessário" até que a Botnia "desista [de construir a fábrica] e vá embora".

Cerca de 200 veículos argentinos conseguiram atravessar a ponte General San Martín --que os ambientalistas mantêm bloqueada desde novembro--, e outros tiveram que permanecer na Argentina.

Embora o cruzamento da fronteira tenha começado pela manhã, os estritos controles realizados pelos agentes da alfândega retardaram a ação. Era permitida apenas a passagem de bandeiras, sem a presença dos mastros. Os funcionários uruguaios também confiscaram máscaras cirúrgicas e adesivos com frases contra a Botnia.

Com o aumento do atraso provocado por esta situação, os membros da Assembléia Ambientalista de Gualeguaychú, que lidera os protestos contra a fábrica de celulose, decidiram que às 15h local começaria formalmente o ato de protesto, com a leitura de um manifesto.

Na saída da ponte, que une Gualeguaychú e Fray Bentos, a polícia uruguaia instalou uma barreira onde revistava com cães adestrados o interior de cada veículo e, com espelhos, a parte inferior deles, cujos registros também eram anotados.
Os carros só poderiam chegar até uma segunda barreira policial localizada a cerca de 500 metros das portas da fábrica, onde ocorreu a concentração dos manifestantes.

As autoridades policiais dispuseram uma terceira cerca na saída de Fray Bentos e, segundo disse à Efe um oficial, foi permitida a passagem dos residentes na área que quiseram aderir ao protesto dos ecologistas argentinos.

Uma das coordenadoras da Assembléia Ambientalista, Ana María Costa, começou a leitura do manifesto, que pediu que "os piratas [em alusão a Botnia] voltem para a Finlândia".

Os milhares de argentinos e alguns ecologistas uruguaios cantaram os hinos nacionais dos dois países antes da leitura do manifesto.

"Repudiamos a atitude do governo uruguaio do presidente Tabaré Vázquez que deu permissão para que a Botnia roube e contamine o rio Uruguai", assinalou Costa ao ler o manifesto. Para a ativista, a postura do governo uruguaio "é indigna" porque "se associa às multinacionais contra os direitos do povo uruguaio e do argentino".

O governo Kirchner "também é responsável pela situação" porque "não respeita o direito à vida", acrescentou. "Nossa luta é contra os interesses políticos e econômicos que põem em risco o meio ambiente da região e não contra nossos irmãos uruguaios".

As autoridades argentinas, vizinhos de Entre Ríos e ecologistas uruguaios se opõem à fábrica, que está a ponto de entrar em funcionamento, com o argumento que causará danos ao meio ambiente da área, o que é negado pelo governo uruguaio e pela empresa.

"Consideramos responsáveis a Botnia e os governos dos dois países pelo que possa acontecer no futuro", dizia a nota, lida na estrada, perto da fábrica, em meio a um forte dispositivo de segurança da polícia uruguaia.

A uruguaia DeLia Villalba, residente em Fray Bentos e contrária a construção da fábrica, também leu um manifesto, no qual pediu o "respeito da opinião pública e de sua qualidade de vida".

"Somos merecedores de uma vida saudável e plena, sem contaminação. A América Latina não pode ser a lixeira do mundo", disse Villalba após assegurar que a luta contra o funcionamento da Botnia "cresce dia a dia".

Argentina e Uruguai vivem seu pior conflito em décadas por causa da construção da fábrica, que representou um investimento de US$ 1,2 bilhão, o maior na história do Uruguai.

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