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03/11/2001
-
05h13
da Folha de S.Paulo
Os aviões B-52 dos EUA voltaram a realizar ataques maciços sobre as trincheiras do Taleban, ao mesmo tempo em que surgem relatos de que o lançamento desses "tapetes de bombas" não são eficazes para eliminar soldados do grupo que controla o Afeganistão.
Como nos dois dias anteriores, dezenas de bombas foram despejadas ao sul de Mazar-e-Sharif e ao norte de Cabul, locais em que o Taleban resiste às ofensivas dos rebeldes da Aliança do Norte, mesmo com a presença de forças americanas em solo afegão para coordenar os ataques aéreos.
A aparente ineficiência dessa tática, relatada por jornais americanos como o "The New York Times" (leia texto ao lado), fez crescer nos EUA a pressão para que o país envie soldados ao Afeganistão para enfrentar diretamente os combatentes do Taleban.
"Não é possível vencer a guerra só pelo ar ou com a Aliança do Norte atacando por terra. Será preciso usar nas ofensivas as forças terrestres dos EUA", disse um oficial do Pentágono, sob a condição de permanecer anônimo.
Os sinais de resistência do Taleban também foram observados por integrantes do Exército paquistanês, aliado formal dos EUA. Segundo um alto oficial, após quase quatro semanas de bombardeio, "a maior parte das tropas do Taleban continua em condições de combate, e o arsenal para luta terrestre está quase intacto".
Na avaliação de outros oficiais americanos, a decisão de enviar tropas americanas para combate terrestre, apesar de necessária, pode demorar meses. "O governo quer evitar ao máximo o envio de um número expressivo de homens, pois sabe que o apoio à guerra cairá quando surgirem os primeiros soldados americanos mortos", declarou o militar.
A mídia americana e britânica também fez críticas ao atual curso das operações. Em editorial, o "The New York Times" disse que "muito ainda precisa ser feito para estabelecer condições favoráveis para uma campanha terrestre efetiva". O londrino "The Guardian" afirmou: "Se isso é o melhor que os EUA podem fazer, é melhor parar e repensar tudo".
O presidente dos EUA, George W. Bush, rebateu as críticas na tarde de ontem ao dizer que "a campanha vai bem". "Com passo lento mas seguro, estamos atingindo nossos objetivos", afirmou.
Mais homens
No momento, os EUA possuem menos de cem homens dentro do Afeganistão. Mesmo que esse número cresça três ou quatro vezes, como prometeu anteontem o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, ainda será inferior ao necessário para combater o Taleban, cujo Exército tem 50 mil homens.
Pelos cálculos de diplomatas ocidentais, a queda do Taleban só ocorrerá quando ao menos 20 mil soldados dos EUA estiverem lutando no Afeganistão, além de apenas orientar os 20 mil da Aliança do Norte.
Acredita-se também que seja necessário intensificar as ofensivas aéreas, que podem ser consideradas leves em comparação à ação dos EUA em conflitos recentes.
Até agora, os americanos têm uma média de 63 ações de combate por dia no Afeganistão. No conflito de Kosovo (1999), eram 500 ataques aliados por dia contra 40 mil homens das forças sérvias. Na Guerra do Golfo (1991), foram 1.500 missões diárias para combater os 500 mil soldados do Iraque.
A impressão de que será necessário aumentar o número de americanos nos EUA também cresce quando observados os números da confronto da União Soviética com o Afeganistão. Durante os dez anos de guerra (1979-89), os soviéticos chegaram a ter 115 mil soldados no país. Derrotados, deixaram a região com mais de 15 mil combatentes mortos.
Americanos "mortos"
Ainda ontem, o Taleban disse que entre 70 e 100 soldados dos EUA já morreram desde o início dos ataques, há 26 dias. Ao fazer o anúncio, o cônsul do Taleban em Karachi (Paquistão), Rahmatolah Karkezad, não deu detalhes sobre como as mortes teriam ocorrido. O Pentágono negou a afirmação, classificada como "mentirosa".
A milícia disse estar à caça de Hamid Karzai, aliado do ex-rei afegão, Zahir Shah. Karzai está no Afeganistão para organizar levante contra o Taleban, em ato semelhante ao do rebelde Abdul Haq, preso e executado pelo milícia.
Informes do Pentágono indicaram que houve confronto no sul do
Afeganistão entre o Taleban e comandados de Hamid Karzai.
Com agências internacionais
Leia mais:
Conheça as armas usadas no ataque
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Entenda o que é o Taleban
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Veja os reflexos da guerra na economia
Cresce pressão para ação em terra
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Os aviões B-52 dos EUA voltaram a realizar ataques maciços sobre as trincheiras do Taleban, ao mesmo tempo em que surgem relatos de que o lançamento desses "tapetes de bombas" não são eficazes para eliminar soldados do grupo que controla o Afeganistão.
Como nos dois dias anteriores, dezenas de bombas foram despejadas ao sul de Mazar-e-Sharif e ao norte de Cabul, locais em que o Taleban resiste às ofensivas dos rebeldes da Aliança do Norte, mesmo com a presença de forças americanas em solo afegão para coordenar os ataques aéreos.
A aparente ineficiência dessa tática, relatada por jornais americanos como o "The New York Times" (leia texto ao lado), fez crescer nos EUA a pressão para que o país envie soldados ao Afeganistão para enfrentar diretamente os combatentes do Taleban.
"Não é possível vencer a guerra só pelo ar ou com a Aliança do Norte atacando por terra. Será preciso usar nas ofensivas as forças terrestres dos EUA", disse um oficial do Pentágono, sob a condição de permanecer anônimo.
Os sinais de resistência do Taleban também foram observados por integrantes do Exército paquistanês, aliado formal dos EUA. Segundo um alto oficial, após quase quatro semanas de bombardeio, "a maior parte das tropas do Taleban continua em condições de combate, e o arsenal para luta terrestre está quase intacto".
Na avaliação de outros oficiais americanos, a decisão de enviar tropas americanas para combate terrestre, apesar de necessária, pode demorar meses. "O governo quer evitar ao máximo o envio de um número expressivo de homens, pois sabe que o apoio à guerra cairá quando surgirem os primeiros soldados americanos mortos", declarou o militar.
A mídia americana e britânica também fez críticas ao atual curso das operações. Em editorial, o "The New York Times" disse que "muito ainda precisa ser feito para estabelecer condições favoráveis para uma campanha terrestre efetiva". O londrino "The Guardian" afirmou: "Se isso é o melhor que os EUA podem fazer, é melhor parar e repensar tudo".
O presidente dos EUA, George W. Bush, rebateu as críticas na tarde de ontem ao dizer que "a campanha vai bem". "Com passo lento mas seguro, estamos atingindo nossos objetivos", afirmou.
Mais homens
No momento, os EUA possuem menos de cem homens dentro do Afeganistão. Mesmo que esse número cresça três ou quatro vezes, como prometeu anteontem o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, ainda será inferior ao necessário para combater o Taleban, cujo Exército tem 50 mil homens.
Pelos cálculos de diplomatas ocidentais, a queda do Taleban só ocorrerá quando ao menos 20 mil soldados dos EUA estiverem lutando no Afeganistão, além de apenas orientar os 20 mil da Aliança do Norte.
Acredita-se também que seja necessário intensificar as ofensivas aéreas, que podem ser consideradas leves em comparação à ação dos EUA em conflitos recentes.
Até agora, os americanos têm uma média de 63 ações de combate por dia no Afeganistão. No conflito de Kosovo (1999), eram 500 ataques aliados por dia contra 40 mil homens das forças sérvias. Na Guerra do Golfo (1991), foram 1.500 missões diárias para combater os 500 mil soldados do Iraque.
A impressão de que será necessário aumentar o número de americanos nos EUA também cresce quando observados os números da confronto da União Soviética com o Afeganistão. Durante os dez anos de guerra (1979-89), os soviéticos chegaram a ter 115 mil soldados no país. Derrotados, deixaram a região com mais de 15 mil combatentes mortos.
Americanos "mortos"
Ainda ontem, o Taleban disse que entre 70 e 100 soldados dos EUA já morreram desde o início dos ataques, há 26 dias. Ao fazer o anúncio, o cônsul do Taleban em Karachi (Paquistão), Rahmatolah Karkezad, não deu detalhes sobre como as mortes teriam ocorrido. O Pentágono negou a afirmação, classificada como "mentirosa".
A milícia disse estar à caça de Hamid Karzai, aliado do ex-rei afegão, Zahir Shah. Karzai está no Afeganistão para organizar levante contra o Taleban, em ato semelhante ao do rebelde Abdul Haq, preso e executado pelo milícia.
Informes do Pentágono indicaram que houve confronto no sul do
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