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Iraque expulsa empresa que faz segurança de diplomatas dos EUA
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da Folha Online
O governo do Iraque ordenou nesta segunda-feira à companhia Blackwater USA que interrompa suas atividades no país e deixe o Iraque, segundo a Associated Press. A decisão ocorre após a morte de oito civis em um tiroteio aleatório provocado pelos agentes de segurança, segundo versão apresentada pelo governo iraquiano.
O porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, Sean McCormack, disse que os Estados Unidos não receberam nenhuma notificação do governo iraquiano para revogar a licença da Blackwater e se recusou a especular como esta possibilidade afetaria as atividades de membros da instituição no Iraque.
A companhia realiza a segurança de diplomatas, engenheiros, oficiais de reconstrução e outros membros dos Estados Unidos no Iraque.
Muitos iraquianos consideram os funcionários da companhia, assim como os de outras empresas de segurança, como mercenários com pouco respeito às leis, segundo a Associated Press.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, telefonou ao primeiro-ministro do Iraque, Nouri al Maliki, nesta segunda-feira e ambos decidiram realizar uma investigação justa e transparente, segundo Yassin Majid, um conselheiro de Maliki.
Um funcionário do Departamento de Estado confirmou a ligação, mas disse que não poderia revelar seu conteúdo.
Membros da companhia são acusados pelo órgão de participar de um tiroteio que matou 11 pessoas em Bagdá, segundo a Reuters. A Associated Press divulga a morte de oito civis e 13 feridos.
O brigadeiro-general Abdul Karim Khalaf, porta-voz do Ministério do Interior, disse que pessoal de segurança que trabalhava para a companhia abriu fogo após morteiros passarem perto de seus carros na praça Nusour, no bairro sunita de Mansour, em Bagdá.
Khalaf disse que testemunhas apontaram o envolvimento da Blackwater, mas que uma investigação será aberta para o caso.
Uma testemunha, Hussein Abdul Abbas, disse à Associated Press que a explosão do morteiro foi seguida de cerca de 20 minutos de forte tiroteio. "Todos os que estavam nas ruas fugiram imediatamente", afirmou Abbas.
Autoridades americanas no Iraque se recusaram a discutir ou confirmar se o pessoal da Blackwater estaria envolvido na ação. Também recusaram explicar em qual status legal a companhia opera no Iraque.
O incidente deslocou atenção para uma das práticas mais controversas do conflito --o uso de terceirizados altamente armados para segurança no Iraque.
"Os homens da Blackwater não são bobos. Se eles atiravam nas pessoas é porque eles sentiram que era o início de uma emboscada", disse Robert Young Pelton, um analista militar independente e autor do livro "Licensed to Kill" ("Autorizado a Matar", em tradução livre).
O ministro do Interior, Jawad al Bolani, disse que funcionários de segurança "devem respeitar as leis iraquianas e o direito dos iraquianos à independência em sua própria terra".
"Casos como este aconteceram mais de uma vez e nós não podemos ficar silenciosos diante deles", afirmou Bolani na televisão Arabiya.
O ministro da Defesa, Abdul Qadir al Obaidi, disse à televisão iraquiana que "os criminosos" responsáveis pelas mortes devem ser punidos pelo governo e uma pensão deve ser exigida para suas famílias.
Em abril, o Departamento de Defesa afirmou que aproximadamente 129 mil homens de diversas nacionalidades trabalhavam em serviços de segurança no Iraque. O número é aproximadamente o mesmo de militares americanos antes do reforço de 30 mil homens que Bush anunciou em janeiro deste ano.
Blackwater
A Blackwater é uma companhia com base no Estado americano da Carolina do Norte e possui cerca de mil empregados no Iraque e ao menos US$ 800 milhões (mais de R$ 1,5 bilhão) em contratos governamentais.
"Você pode apostar que a Embaixada americana pressiona neste momento os iraquianos para que não removam a licença", disse o tenente-coronel da reserva Bill Cowan, um analista independente de assuntos militares.
A companhia cuida da segurança de figuras como o embaixador dos EUA no Iraque, Ryan Crocker.
Críticos destas companhias afirmam que a Blackwater, assim como outras empresas no mesmo negócio no Iraque, funcionam mais como Exércitos privados que empregam maneiras agressivas e, algumas vezes, táticas criminosas.
Quatro funcionários da Blackwater morreram em Falluja em 2004. O atentado levou a duas grandes batalhas para recuperar o controle da cidade, que se converteram em um símbolo da resistência sunita diante das forças americanas.
A Associated Press tentou entrar em contato com o escritório da companhia na Carolina do Norte, mas não recebeu resposta. A Folha Online tentou contatar a Blackwater via seu website, mas a página não estava acessível na tarde desta segunda-feira.
Com Reuters e Associated Press
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